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sexta-feira, 26 de abril de 2013

AOS 103 ANOS AINDA SE APRENDE ALGUMA COISA?


imagem publicada – a foto em preto e branco de uma matéria da Revista Fatos e Fotos – Gente, de 28 de Abril de 1980, uma publicação Bloch, onde aparece à direita uma mulher realizando uma mamografia, como forma de prevenção do câncer de mama, e, em tamanho menor, uma fotografia em preto e branco com um homem negro, com cabelo Black Power, com uma mão repousando sobre a testa, em posição semelhante a quem está pensando sobre a Vida. O retratado sou eu. A reportagem fala sobre o nosso temor da morte pelo câncer e a busca pelas e nas drogas de um alívio desse temor. (fotografia de João Poppe)

A Morte deve ser uma mulher extraordinária. Nos pega na mão e nós temos de seguir atrás dela. Somos obrigados. É esse rumo desconhecido que me fascina e que faz com que não tenha medo da morte.” Léo Ferré.

O tempo não passa? Uma homenagem aos que têm do direito de viver e morrer em paz... E ficarem na memória

Encontrei outro dia uma velha reportagem. Meus velhos papéis que precisavam ser jogados fora me trouxeram de volta minhas memórias. Era uma reportagem na qual eu dizia em Abril de 1980:...”Isto acontece visto que todos nós curtimos intimamente o desejo da imortalidade, e o câncer não deixa de ser uma pedra no caminho, uma ameaça imediata e concreta dessa pretensa imortalidade”.

O título da matéria, que hoje pareceria atual, era “CÂNCER – A cura pelas drogas?” tendo como subtítulo – “Cientistas utilizam a maconha no tratamento médico”. Lembrete aos desavisados eu já discutia, nesse tempo de resquícios da Ditadura Militar a questão da ‘descriminalização da maconha’ e a despenalização dos usuários. Tínhamos de combater um grave preconceito que associava os 'maconheiros' e os 'subversivos' contra a Segurança Nacional, assim como os 'bons costumes'...

 Já afirmava: - “Eu acho altamente questionável o uso da maconha no tratamento do câncer, como os cientistas americanos vêm fazendo, embora acredite que a droga possa ser utilizada como um paliativo, uma espécie de substitutivo provisório, e, neste sentido, eu sou altamente a favor.”

Digo novamente eram os Anos 80 começando. E os Anos de Chumbo ainda queimavam, mas começavam a se derreter diante dos nossos anseios de democratização...Porém o que me leva a escrever hoje é muito mais a questão que levantei no meio da matéria: a indagação sobre nosso desejo de imortalidade. Hoje e nos próximos dias tenho de refletir muito e vivenciar mais ainda essa questão.

O meu pai longevo fará aniversário e completará os seus 103 anos. E a minha pedra no sapato, a minha pedra de Sísifo volta a incomodar com um velho calo nos dedos dos pés do sapato novo, mas sempre apertado da Vida. Somos ou desejamos tanto essa longevidade, a que preço ou valor?

A Dona Morte rondava ainda nossos ares nos Anos 80 com os ranços do que vivemos há poucos anos antes. Ainda respirávamos um pouco dos resíduos ativos da visão conservadora e ditatorial dos Anos de Chumbo, que só começariam a se dissipar quatro anos depois. Nessa  época é que já pensava, reflita, questionava e trabalhava, como diz a matéria da Revista Gente, o cuidado com os mais vulneráveis. Trabalhava com pessoas vivendo os limites de seus corpos com câncer.

Esse trabalho repercutia em mim o aprendizado de com podemos vivenciar tanto a felicidade como a dor. E a ideia e prática que criticava, sem saber que já existia a Bioética, era o uso de substâncias psicoativas sem as devidas pesquisas e investigações científicas. Já estava, um jovem médico, incipiente com a psiquiatria e a psicanálise, buscando formas menos “químicas” de enfrentamento de nossas limitações e finitude vital.

Por ter acompanhando muitos casos de terminalidade vital por doenças crônicas, nessa época, aprendi muito sobre uma palavra: a transitoriedade. Ainda não falávamos ou praticávamos denominando os cuidados paliativos, mas os vivenciávamos a beira dos leitos de pacientes considerados “sem saídas terapêuticas”.

Exercia, sem denominar, o que hoje chamamos de Klínica, pois lidar com a morte cotidianamente pode ensinar ir além do simples fato de nos ‘’inclinarmos’’ sobre os leitos e os pacientes. Tínhamos, principalmente diante dos cânceres infantis, de aprender o sentido da escuta sensível e da implicação. Eu, modestamente, acho que aprendi.

A Dona Morte que eu via era um simulacro, um fantasma do que realmente ocorria no âmago dos que realmente estavam morrendo. Sempre procuramos nos distanciar do morrer imaginando que superamos com essa atitude nossos temores da tal Senhora. Não! quanto mais se foge ou dela fugimos mais se está em sua companhia.

A tal Dona Thanatos foi, por exemplo, para Freud, uma fiel companheira de todos os seus dias e escritos. Diria até, ousadamente, que transversalizam uma boa parte de suas indagações que geraram o que temos, para além de Lacan ou outros atualizadores, de Psicanálise ainda hoje. Afinal ele teve no próprio corpo a experiência do câncer. E, no encontro final solicitou a ação de alívio de seu médico Max Schur.

Ele viveu o tempo que lhe foi possível e suportável. Por isso penso que devemos aprender a respeitar o cada um entende e sente como o limite suportabilidade de suas próprias existências.  Aí se incluem alguns que deixaram as mais profundas e reflexivas poesias sobre o viver e o morrer. Os seus corpos expiraram, porém, suas mentes deixaram marcas indeléveis. Exemplos? Fernando Pessoa, aos 47 e Florbela Espanca, aos 36 no dia de seu aniversário.

Com seus trinta ou quarenta e poucos anos biológicos de viver conseguiram ser os bólidos, cometas ou meteoros-vivos que transformaram muitas outras vidas após as suas finitudes e fim. Este é um ponto de vista que já ressaltava lá nessa reportagem.

Lá está registrado, para mim e para vocês todos e todas que: “...acredita o psiquiatra (eu) que todas as pessoas cancerosas devem estar conscientes de que, na vida, o mais importante não é a quantidade de vida, mas sim a qualidade (da vida e do viver, individualmente ou no coletivo)”.

E, como passageiros desse instante de uma Gaia Terra que, apesar do seu recente dia, vê-se arrastada por buscas fanáticas, principalmente de cunho religioso/político, de imortalização narcísica. Primeiro eu serei, na minha ignorância e credulidade, a ser salvo nos tempos apocalípticos, e, mesmo me tornando escravo de uma mistificação ou de uma manipulação ideológica, quero essa ‘vida do além’. E o meu dízimo ou voto legitimam uma grande farsa na Sociedade do Espetáculo e do Controle.

Temos, então, diante dessa proliferação dos fanatismos, como já disse no texto anterior, de aprender um pouco sobre nossas perdas.

Perdemos a rebeldia da juventude? Diria que sim se me retomasse apenas nos Anos 70 o ar irrespirável das torturas e dos desaparecimentos políticos; os Anos 80 engoliram nossa Contracultura e o Maio de 68. Entretanto, diante de novos e aperfeiçoados ardis de controle estatal ou social vemos novas bandeiras de liberação sendo agitadas.

Hoje, com novos olhares sobre o tempo, agora líquido e fugaz, encontramos os “mais velhos”, de mãos dadas,  andando ao lado de quem combate todas as formas de preconceitos e discriminações. Porém para isso precisamos da ressignificação do que entendemos como essa sabedoria dos antigos ou ancestrais.

A minha aprendizagem ainda não terminou, o meu buscar aprender com as perdas também. Disse estes dias atrás, em estímulo a quem está com lutos atravessando suas vidas, que diante dos entes que se vão ou outras formas de perdas é indispensável aprender e reaprender.

Precisamos, a meu ver, aprender a ser sem o apego gorduroso sobre a Vida.  Disse lá no Face-livro: - O aprendizado das perdas é uma das muitas formas de engrandecimento de nossas vidas... Aprender a se despedir... Aprender a deixar partir... Aprender a ir embora... Aprender/desaprender a viver e aprender a morrer... Como dizia a poetisa Florbela: “e se ei de ser cinza, pó e nada... que seja o meu Dia uma Alvorada... que me saiba perder para me encontrar”.

Hoje, com as limitações físicas que adquiri, estou caminhando na direção, sem complacência ou auto piedade, do estar, intensamente vivo ao lado dos “mais jovens” diante de nossas finitudes semelhantes: somos todos apenas mortais sonhadores. Ou, será que somos sonhadores mortais?

Tendo nascido filho de um simples, porém, sempre amoroso ancião, repito o que disse ao jovem repórter Péricles Santana, há 33 anos: “Devemos mostrar a essas pessoas (há época meus pacientes com câncer ou seus familiares) um outro lado das coisas (e do viver), fazendo-as ver (e desejar) que tudo na vida é passageiro, sendo, portanto mais importante essa trajetória (e o aprendizado humilde de nossa transitoriedade existencial).

Então, além do resgate de minhas ideias e vivencias médicas lá nos Anos 80, quando também me impliquei com o cuidado com as cicatrizes da ditadura através do Grupo Tortura Nunca Mais RJ, reforço ainda que precisamos de buscar uma serena sabedoria.

Uma sabedoria que ainda encontro nos sorrisos de meu velhinho, lá nas Minhas Minas Gerais? Sim, uma sabedoria que consiste em uma forma sensível de ser, estar e viver. Uma sabedoria que, entretanto, pode ser complexa: - não devemos perder a “fé” no Outro e nos Outros além de mim, mas também não podemos estragar nosso próprio bem estar já conquistado.

Enfim, em tempos de retomada dos outros meios modernos de alívio de nossas dores e finitudes, compreender que nenhuma droga inventada ou comercializada pode, ‘prozaquianamente’, como um “hiper antidepressivo global”, nos aliviar de todos os sofrimentos existenciais. Insistimos na busca do Admirável Mundo Novo de Huxley?

Estas novas drogadicções ou dependências de uma química tornaram-se, como retrocesso histórico, até o mote para novas e aprimoradas técnicas de aprisionamento, inclusive com a legitimação psiquiátrica ou dos poderes políticos.
Como dizia lá naqueles primórdios: a Vida não tem cura, pois o Guimarães já disse que é e será muito perigoso viver. A vida se tiver prospecções ou invenções de novas cartografias do viver, é apenas a pró-cura.

Por isso não lhes garanto a imortalidade. Posso apenas, com profunda e afetiva sinceridade, desejar que possam ter os olhos e o coração de meu pai de 103 anos.

Lá, nesses olhos/coração singelos, com toda certeza há memórias que todos e todas merecemos experimentar, independentemente de sermos apenas passageiros, marinheiros, argonautas, barqueiros, remadores ou pescadores cruzando o tal rio, aquele que o Pessoa disse ser apenas com curvas, e a Morte seria e será apenas mais uma curva do rio.

Navegar é preciso, hoje é apenas im-preciso ainda, mas vale a pena tentar...

Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet ou outros meios de comunicação de massa. TODOS DIREITOS RESERVADOS 2025)

Indicações para Leitura crítica e reflexiva –

LÉO FERRÉ – Seleção e tradução de poemas, canções e da carta inédita (Luiza Neto Jorge) – Ulmeiro e os Autores, Lisboa, Portugal, 1984.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO - Aldous Huxley - https://pt.wikipedia.org/wiki/Admir%C3%A1vel_Mundo_Novo

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

ALZHEIMER NÃO É UMA PIADA, mas pode ser poesia de vida


Imagem publicada - uma foto da primeira mulher diagnosticada pelo médico que deu o nome à doença, Alzheimer. É uma foto cuja descrição não atingirá a força de sua gravidade e sofrimento, feita há mais de um século, da Sra. August D.; onde uma mulher de aparência depressiva e decadente, com olhar esvaziado como a sua mente e memória, vestindo uma provável roupa uniforme do Sanatório Municipal para Dementes e Epilépticos de Frankfurt, na Alemanha. É uma foto em cores ciano com uma mulher olhando para baixo, com as mãos entrelaçadas próximas do corpo, que se curva como as rugas que se pronunciam em sua fronte, anunciando um envelhecimento precoce e intensivo que lhe rouba toda vitalidade.


Maravilha-te, memória! (Fernando Pessoa)

Maravilha-te, memória!
Lembras o que nunca foi,
E a perda daquela história
Mais que uma perda me dói...


Os tempos anunciam a permanência/crença dos preconceitos. Começamos, recentemente, com a Casa dos Autistas que a mídia televisa grotescamente nos obriga ainda protestar, culminando com as piadas homofóbicas ou racistas. São equivalentes de manifestações fascistantes de deputados frustados com os novos tempos.

A hora da demolição dos preconceitos e das intolerâncias já foi anunciada. Não bastará o que chamam de politicamente correto. É o tempo de uma nova e construtiva seriedade ética, com respeito às diferenças e aos diferentes modos de ser, estar, viver, adoecer e morrer.

Por esse tempo é que me incomoda quando me dizem a frase: olha o Alemão está chegando?!, uma triste piada, já banalizada, nos diferentes meios para falar sobre Alzheimer. A vox populi já a naturalizou como uma ameaça da perda de memória. Uma perda a que, todos e todas, estamos submetidos, tanto as memórias coletivas como as individuais. Uma perda que é só um dos sintomas que anunciam uma doença devastadora.

Esta é uma referência a Alois Alzheimer (1864-1915) o médico que apresentou o primeiro caso desta demência. Ele descreveu o caso de uma paciente: a Sra August D.. No Congresso de 1906 Alzheimer apresentou sua conferência onde o definiu como “uma patologia neurológica, não reconhecida, que cursa com demência, destacando os sintomas de déficit de memória, de alterações de comportamento e de incapacidade para as atividades rotineiras".

E, apesar do século já vivenciado, esta continua sendo a descrição do ''Mal de Alzheimer''. Esta tão temida doença neurológica que ainda intriga e desafia todos os pesquisadores e neurocientistas.

O que então nos faz fazer piada de uma doença com tão devastadores sintomas e degragadação de um ser humano? Não sei a melhor resposta. Mas há uma possível implicação de nossas posturas psíquicas e históricas diante do sofrimento do Outro. Na maioria das vezes, por mecanismos de defesa, a moda de Freud, projetamos nos nossos semelhantes as nossas mais temidas fragilidades.

A memória perdida é um dos nossos mais temidos fantasmas. Eu pessoalmente os conheço desde a década de 80 quando confirmei o diagnóstico de minha própria mãe. Como muitos familiares e cuidadores conheci sua dura realidade...

Quem já vivenciou ou vivencia o convívio com as perdas que a doença produz pode avaliar por que digo que me incomodam, epidermica e profundamente, as piadas que temos de ouvir. Não sei da dor ou dos temores de outrem. Sei apenas que me causam um mal-estar e uma sensação de revolta, mas, principalmente, me refazem o temor dos que reconhecem na doença seu potencial de hereditariedade.

Aí me coloco na pele de quem não reconhece nem mesmo os que mais ama ou respeita. É quando alimento, como muitos, o desejo de uma possível solução ou cura, para além dos tratamentos atuais, que criem um horizonte, um futuro possível.

Uma matéria recente nos fala de uma região, em Medellin, Colômbia, onde os descendentes de um casal espanhol, emigrado no século XVIII, tem mais de cinco mil casos da doença. Segundo a reportagem: "Não se conhecem as identidades do homem e da mulher, mas o clã que fundaram apresenta uma peculiaridade genética: uma alteração no primeiro gene do cromossoma 14".

Aos que passam por temores por parentesco com a Doença de Alzheimer digo que esta é uma oportunidade de uma pesquisa sobre os fatores genéticos, hereditários, ambientais e sociais que podem ser desencadeadores ou as gêneses combinadas para o surgimento precoce de sintomas demenciais.

O que tem me feito bem ao meu coração escrevinhador é a possibilidade de que me um prazo de alguns anos as pesquisas trarão muitas descobertas no campo das demencias. Digo no plural pois são muitas as situações de demências ou doenças neurológicas graves que as ocasionam. O que mais conhecemos e falamos ainda é o quadro que, preconceituosamente, ainda é tratado, em especial nas mídias, como um Mal. Um mal que confirma a visão preconceituosa de temerosa criada em seu histórico secular.

Mas o que pretendem realizar em Medellin é uma experiência que transformará os descendentes do casal espanhol em um ''laboratório vivo''. A proposta é de que estes supostos portadores genéticos do ''mal'' se tornem ''cobaias humanas". O Banner Institute, uma organização americana e pioneira no estudo do Alzheimer, quer iniciar já em 2012 os testes a possíveis medicamentos para a doença.

A ideia é selecionar entre os membros do clã colombiano voluntários que aceitem servir de cobaias durante vários anos. Uns receberão um medicamento, outros um placebo. Ninguém saberá o que recebeu, e nem todas as cobaias serão portadoras da tal alteração genética. Ao fim de dois anos ver-se-á se houve efeitos, e quais.

Nesse momento é que convido à reflexão sobre a banalização do termo ''Alzheimer". Quando um grupo de cidadãos colombianos pode vir a ser transformado, mesmo que voluntariamente, em objeto de pesquisa científica é hora de muita seriedade e pouquíssimas piadas. É hora de um alerta bioético.

É hora de reflexão sobre o que entendemos como consentimento livre e informado, e sobre o uso do corpo humano, dos Outros, em pesquisas científicas. Mesmo que estas possam significar um suposto avanço contra o que vem sendo chamado de ''mal dos séculos'', mesmo que isso alimente as minhas esperanças mais íntimas...

Piadas nos fazem rir, desde tempos imemoriais, mas também podem nos fazer chorar. E uma vez que você traga dentro de si uma chaga ou temor o riso de outros pode ser apenas estímulo para que sua ''memória'' ative alguma tristeza ou afeto. E, olhando para o futuro, o que sente um colombiano que poderá ter todas as suas memórias apagadas? Ele não sabe se tomou a medicação para preservá-las ou uma pílula placebo de açúcar que terá um gosto amargo de esquecimento depois.

Convido a quem gosta de falar no Dr. Alois Alzheimer, cuja alcunha hoje é o ''alemão'', que reflita sobre este ponto de vista ético e bioético antes de repetir, reproduzir e naturalizar a sua chegada a quem se queixa de esquecer as senhas do banco ou os compromissos e datas importantes. Convido para que assistam os filmes e documentários que estão sendo indicados, que possam se sensibilizar e reposicionar sobre o assunto.

Está na hora de revermos nossos preconceitos temerosos com o Dr. Alois. Um bom exercício é lembrar a universalidade da doença. Ela atinge desde uma sul-coreana, como no filme Poesia, até um homem catalão, Pasqual Maragall, que nos impressiona no documentário "Bicicleta, cuchara e manzana". Depois disso poderemos dizer que Alzheimer não é uma piada, mas pode vir a ser um redescoberta poética de nossas finitudes.

O meu apelo é na direção da sensibilidade. As mesmas sensibilidades que me inspiram os filmes de Chaplin. O sorrisos que me produziu, e ainda produzirá, são respeitosos com as denúncias que o ator-cineasta aponta nas tragicomédias que encantaram o mundo. O que sentiria Carlitos caso tivesse de representar, para além de um vagabundo e homeless, um homem que perdesse, progressivamente, todas suas preciosas memórias?

Talvez ele nos inspirasse a reconhecer o Grande Irmão (1984) ou o Grande Ditador como uma criação coletiva de todos nós. E nos faria sorrir ou chorar, sem ridicularizar, com o infindo, heterogêneo e múltiplo da condição mortal e frágil dessa "coisa" e Vida Nua chamada Ser Humano...

Vamos nos olhar/escutar/afetar, bio-eticamente, nos nossos próprios olhos/ouvidos/afetos? Como será nos encarar nos nossos espelhos antes de contarmos a próxima piada sobre negros, judeus, homossexuais, mulheres, estrangeiros, loucos, e, principalmente, sobre quem vivencia a doença de Alzheimer?
Não se esqueça(m) de lembrar!


copyriht jorgemarciopereiradeandrade 2011-2012 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres na Internet ou outros meios de comunicação de massa TODOS DIREITOS RESERVADOS 2025)

19/12/1915 – Morre Alzheimer, ou não, ou sim…
https://historica.com.br/hoje-na-historia/morre-alzheimer-ou-nao-ou-sim
Cinco mil descendentes e metade tem Alzheimer
https://aeiou.expresso.pt/cinco-mil-descendentes-e-metade-tem-alzheimer=f656261

O Cinema e Alzheimer: indicações do blog
El retrato luminoso de la lucha de Maragall contra el Alzheimer llega a Brasil
https://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5ggF3k4Vs0urenA9YdcEKNS3Fz-nQ?docId=1549431

Tráiler: 'Bicicleta, cullera, poma (Bicicleta, cuchara, manzana)' - documentário de Carles Bosh
https://www.rtve.es/alacarta/videos/festival-de-cine-de-san-sebastian/trailer-bicicleta-cullera-poma-bicicleta-cuchara-manzana/880566/

Documentário emocionante sobre combate ao Alzheimer é exibido no Cine Ceará
https://cinema.uol.com.br/ultnot/efe/2011/06/14/documentario-emocionante-sobre-combate-ao-alzheimer-e-exibido-no-cine-ceara.jhtm

"Poesia": O Alzheimer num mundo cruel
https://aeiou.expresso.pt/poesia-o-alzheimer-num-mundo-cruel=f635361

Leia também no BLOG _
MÂES, ALZHEIMER E MÚSICA
 https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/maes-alzheimer-e-musica.html

Demolindo Preconceitos, re-conhecendo a intolerância e a desinformação
https://infoativodefnet.blogspot.com/2011/06/demolindo-preconceitos-re-conhecendo.html

segunda-feira, 26 de abril de 2010

QUEM NÃO GOSTARIA DE VIVER 100 ANOS?


Imagem publicada- uma ampulheta, o mais conhecido dos relógios marcadores de tempo com areia, que quando escorre entre os dois bulbos de vidro que a compõem sintetiza de forma clara a passagem do Tempo (Cronos). Nessa ampulheta na parte de cima encontra-se um ser humano sentado a uma mesa escrevendo enquanto a areia escorre pelo gargalo para parte de baixo. Eis a vida, que ao nascer, viram de cabeça para baixo as nossas ampulhetas individuais.

InfoAtivo DefNet nº 4400

"Antes de tudo, há o homem só.
Que nasce sozinho, que morre sozinho
e que sozinho vai vivendo, no seu ente mais fundo..."
(Mais Profundo que o Amor - D. H. Lawrence - poemas)

Será que muitos dos seres humanos não respondem negativamente, de acordo com as suas condições de vida, a este interrogar sobre a longevidade?

Principalmente, quando suas vidas tornam-se descartáveis e insípidas? Muitos, porém, me dizem que gostariam de viver e comemorar estes 100 anos, ainda mais agora com as possibilidades biomédicas de extensão e prolongamento da vida, esperando-se que, bioéticamente, com dignidade e qualidade. A idade, biológica e cronológica, de todos nós ainda é um dos parâmetros para que façamos a medida da vida. É ainda uma bio-ampulheta...

Porém a sobrevivência não é proporcional ao que chamo de 'supervivência", ou melhor da vida que se viva com intensidade e profundo sabor de vida, como nos sugeriu o título daquele suave-alegre-triste filme: o Tempero da Vida... 

A vida precisa de tempero, de bom cozimento, de hora certa para alguns ingridientes, de temperatura adequada para seu preparo, de igualdade e proporcionalidade das diferentes especiarias, uma pitada de ousadia e uma dose de poesia, e mais ainda de muita delicadeza e de arte para sua cozinha política, assim como também um educação do gosto para aprender a valorizá-la em suas diversas apresentações e diversificados odores e sabores, tudo regado por um salutar encontro na mesa grande da família humana e sua diversidade afetivo-culinária. (como o nome grego do filme - Politiki Kouzina, de Tassos Boulmetis).

O Tempero da Vida é uma obra que enternece. E mais ainda pelos ensinamentos do modo educar em cinema que propicia.Trata com suavidade a finitude e a infinitude do viver. Estou estes dias, uns mais dolorosos que outros, pensando/matutando muito o que escrever sobre um acontecimento familiar que me aguarda lá nas Minas Gerais. Há que temperar a vida... e homenagear nossas origens.

No dia 30 de abril de 1910 nasceu o homem que me gerou ao ser afetado por minha mãe, contribuindo para a luz/areia em minha vida com data de vencimento marcada. Ele conseguiu, com nobreza e dignidade, chegar aos 100 anos. Isto muito me orgulha e estimula, pois sua vida e trajetória é marcada por muitos acontecimentos e incidentes, uns trágicos outros cômicos. 

Como, por exemplo, o que ouvi em família quando ele, ao passar em frente a casa de sua futura noiva, minha mãe ANA, o jovem motociclista Arnaldo, sofreu um acidente por ficar olhando para a beleza dela. Ele acabou com uma '' fratura amorosa" de seu braço e de seu "coração"...tudo isso pela persistência de sua conquista afetiva. Aos 98 anos por outra paixão, o vinho, fraturou o fêmur, colocou platina em seu corpo, e em dois meses já caminhava com muito mais galhardia que eu e minha coluna e seus parafusos de titânio.

Costumo dizer que a vida de meus pais me ensina com clareza inevitável o entendimento de nossa transitoriedade humana. Ele, o meu pai fará 100 anos, e minha mãe, que já faleceu, só viveu até a proximidade dos seus anos 50-60. Ela faz parte dos episódios e vivências intensas que o velho Arnaldo teve de enfrentar, pois seu fim de viver foi arrastado, de forma irreversível, pela doença de Alzheimer. Por isso digo que já vivi bastante, e, do mesmo modo, diria como Neruda que "confesso" que vivo intensamente. 

A Dona Morte já me atormentou, mas depois da última cirurgia e seu pós-cirurgico hiperdoloroso, acho que aprendi um pouco mais de resiliência: nóis inverga mais nóis num quebra, diria o matuto, quando nóis ama profundamente a VIDA.

Eu, por tudo isso, acredito na construção de um sólido alicerce para viver e suportar viver. Viver não é moleza, diziam os meus ancestrais mineiros. E digo que esta vida que ando levando, pois sigo o poeta Fernando Pessoa em seu Dessassossego: "Viva a tua vida, não seja vivido por ela.".., o aprendizado da re-existência e do humor tem sido uma boa saída. A todo dia tem muitas coisas, pessoas ou fatos que lhe ajudam a despejar mais um pouco de areia-vida do outro lado da ampulheta... Mas resistir é preciso, viver não é preciso, além de navegar (hoje na Internet é claro)...

A longevidade tem de ser temperada pela arte-vidade, a amorosidade, a Transitoriedade,,,precisamos buscar, olhando para a imensidão do Universo, qual o astrônomo e astrofísico do filme grego, buscar alguma forma de amor intenso, nascido entre temperos, mas que nos faz ter a compreensão de despedida em cada encontro, em cada paisagem, em cada estação de trem ou local de partida. 

E olhando os planetas e o Sol compará-los, poeticamente, com todos as especiarias que um ente querido nos ensina utilizar para uma boa fermentação de nossas vidas. As mesmas vidas que correm o risco de serem transformadas em Vidas Nuas.

Como o velho avô que sonhava retornar a sua terra grega, o astrônomo aprendeu a gastronomia da vida. Eu aprendi com um antigo romeiro, daqueles que caminham a pé, até Aparecida do Norte, que, para superar nossas bolhas nos pés e nossos cansaços físicos, há que buscar alguma transcendência, um além de nossas mesquinhas condiçóes biológicas. Um Zarathustra andarilho que possa estender um tênue fio entre a vida vivida e um além do abismo que nos atrai todos os dias, a tal da pulsão de morte freudiana, mais conhecida como DonaThanatós.

Queria deixar aos meus seguidores e seguidoras, visitantes e leitores do blog um brinde a VIDA e escolher com eles/elas um canto, entre as folhas da relva, de Walt Whitman para homenagear ao meu pai e sua longevidade. 

Acho que o Canto à Estrada Aberta seria um bom brinde aos 100 anos de Arnaldo Pereira de Andrade, a quem dedicarei um grande cartaz/banner com os dizeres: "Arnaldo 100 você eu não estaria aqui...". E talvez responda a curiosa pergunta sobre o "segredo" de como ele chegou a esta idade: caminhar, caminhar, caminhar para além do corpo e sua limitações, como diz o poeta:
"A pé e de coração leve
Eu enveredo pela estrada aberta..."


referências no texto:
Ampulheta
http://www.museutec.org.br/previewmuseologico/a_ampulheta.htm

TEMPERO DA VIDA (FILME)
http://www.adorocinema.com/filmes/tempero-da-vida

DAVID HERBERT LAWRENCE - D. H. LAWRENCE
http://pt.wikipedia.org/wiki/D._H._Lawrence

CANTO A ESTRADA ABERTA- WALT WHITMAN
http://epifaniasvirtuais.wordpress.com/2008/02/13/54/

LIVRO DO DESASSOSSEGO - BERNARDO SOARES&FERNANDO PESSOA
http://livro-do-desassossego.blogspot.com/

ASSIM FALOU ZARATHUSTRA - NIETZSCHE
http://pt.wikipedia.org/wiki/Assim_Falou_Zaratustra

LEIAM TAMBÉM NO BLOG -  
O MUNDO ENVELHECE, AS INJUSTIÇAS AINDA PERSISTEM, E ENTRE TANTOS, O MEU PAI FAZ 102 ANOS - http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/04/o-mundo-envelhece-as-injusticas-ainda.html

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UM MUNDO PARA VOAR


(imagem publicada - Logomarca criada por Priscila Fonseca, como um desejo que este seja o símbolo para as paralisias cerebrais, com o símbolo em azul no meio representando uma pessoa em cadeira de rodas, com vários círculos ao redor, onde se alternam as imagens de mundos em formato de coração e circulos com pombas, ora brancas ora azuis,ora cinzas, ora pretas, tendo ao alto a frase: O Mundo pode mudar cada vez mais, para podermos voar, e embaixo a sua logomarca PÉ-SSOAL de autoria desta jovem mineira que é uma pessoa com paralisia cerebral)

InfoAtivo.DefNet 4320 - ANO 13 - 16/12/2009

"NATAL
NASCE UM DEUS. Outros morrem.
A Verdade nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou
Cega,a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho de seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto..." (Cancioneiro, Fernando Pessoa)


Tenho recebido muitas manifestações de afeto e carinho, principalmente pela minha mudança de condição física, após a minha cirurgia de coluna vertebral. Mas tenho também vivenciado, intensa e criativamente, o sentido da perda parcial de algumas funções, habilidades e, principalmente, a mobilidade física para a Vida, como no passado.
Disse e escrevi ao meu neuro-cirurgião , junto à minha gratidão por sua intervenção, refletindo sobre a mudança que o pós-operatório me apresentava de que : A VIDA EXIGE MOVIMENTO....

Acho que nunca sonhei tanto com asas, vôos e, retomei na minha memória, um personagem de minhas poesias da adolescência: Ìcaro. Este mito que considero a melhor representação de nossos desejos mais profundos de libertação de nossos próprios labirintos, mesmo que nossas asas sejam de cera. Aspiramos o Sol e seu calor, por mais que nos leve até as profundezas do mar, mesmo quando nos derrete o sonho alado.

Eu acredito que tenhamos muito a aprender com as pessoas que já vivem com suas asas, semi-asas ou múltiplas asas em alerta. Estou reaprendendo, mais uma vez na minha vida, a presença de vôos sobre/para além dos limites do corpo. Como o poeta Fernando Pessoa, sem heteronomia ou alter-poetas, há uma busca que fazemos para explicar nosso mundo e seus mistérios. A visão do poeta nos obriga a pensar sobre nossa In-finitude humana e nossa transitoriedade.O que passamos é, nesse instante, mais um dos nossos muitos passados que explicarão nosso futuro.

O Amanhã, para os argonautas e seu desejo de novos mares e aventuras será sempre um novo des-cobrimento. Para este poeta múltiplo ser um argonatu implica em navegar nas àguas tempestuosas. Nos nossos tempos atuais, da Era do Acesso, mover-se exige tanto a velocidade como um caminhar, navegar ou voar com maior suavidade. Será isso possível quando nos impõem tantas e tamanhas barreiras, ondas da moda hipermidiatizada, naturalizações estigmatizantes, banalizações engessadas das violências?

O rei de Minos queria aprisionar uma fera em um labirinto. Nós o construímos, Dédalos e Ícaros Modernos, hoje, para nos libertar de nossos próprios monstros. E sem a ajuda de nenhum fio de Ariadne estamos meio perdidos em um mar-de-sargaços da hiperinformação, envolvidos no meio de um turbilhão macropolítico da corrupção, assombrados por ondas revoltas do maremoto de angústias que produzimos. Há uma saída ou solução cartográfica? Talvez sim, quando desejarmos, como o poeta lusitano, nos tornarmos outro e mais Outro, provocando, através de Alberto Caiero:

"ANTES O VÔO DA AVE, que passa e não deixa rastro,
que passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser...
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"


Eu aqui, mais um bicho-homem e seus rastros, continuo sonhando ser apenas uma ave, talvez um albatroz ou novo Ícaro. Ainda mais que, depois de minha asa partida, não ter podido mais sobrevoar na invenção de um tal Santos Dumont. Não fiz mais nenhuma travessia ou travessura aérea. Por isso aprendo um pouco mais a aprender com os amigos, chamados de 'paralíticos' ou 'cadeirantes', pois sei que em cada um deles mora um passarinho, gaivota ou uma águia, quiçá em alguns até o condor, que talvez seja o que lhes anima e faz re-existir a todas as violências e discriminações. E persistirei no desejo de outros vôos e outras aeronaves. Como diz minha amiga: "O MUNDO PODE MUDAR, CADA VEZ MAIS, PARA PODERMOS VOAR"...

A estes amigos, os muitos Ronaldos, Priscilas, Alexandres, Leandras, Isabeis, Vinicius, Sachas, Geraldos, Kátias, Gregórios, Lílias, Veras e muitos outros que usam rodas em suas cadeiras esvoaçantes para a longa caminhada pela estrada aberta..., dedico esta mensagem de fim de ano.

NO ANO DE 2010, e neste fim de ano, envio, a todos e todas, inclusive aos "sem-asas" de sonhos, meu desejo de que saibamos cada dia mais ver mais longe, sonhar mais alto, mesmo que nos ameacem com todos os aquecimentos da Terra ou do Sol.

Como exemplo de um sonho-amigo, recomendo a todos que vejam ou re-conheçam como os dedos dos pés, e algumas cabeças, para além das mãos imobilizadas, podem ser/se tornar asas. Indico estes pés e mentes que exigem movimento, que mesmo sem deixar rastros, vem marcando presença e diferença, com arte e paixão, no que ainda chamamos de "Paralisia Cerebral".

Conheçam a Priscila Toledo, hoje estudante de Designer Gráfico na Universidade Estadual de Minas Gerais,poetisa e artista em:
https://www.feitocomospes.com/index.html


O seu primo Gregório de Negreiros Caldas, que pinta com uma ponteira ligada à testa - em video do Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=pBPr0zVkuRg


e visitem o Ronaldo Correa Jr , de quem sinto saudades, em seu Dedos dos Pés:
https://www.dedosdospes.com.br/


A CADA UM DELES CABE UMA ARTE-OFÍCIO DE VIVER SEM PARAR, POIS COMO NOS DIZ FLORBELA ESPANCA: " BELA, BELA , VIVER NÃO É PARAR... AS CINZAS NUNCA AQUECEM...", e eu plagio o poeta dizendo: "VOAR É PRECISO, POIS VIVER É IM-PRECISO"...
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