sexta-feira, 26 de abril de 2013

AOS 103 ANOS AINDA SE APRENDE ALGUMA COISA?


imagem publicada – a foto em preto e branco de uma matéria da Revista Fatos e Fotos – Gente, de 28 de Abril de 1980, uma publicação Bloch, onde aparece à direita uma mulher realizando uma mamografia, como forma de prevenção do câncer de mama, e, em tamanho menor, uma fotografia em preto e branco com um homem negro, com cabelo Black Power, com uma mão repousando sobre a testa, em posição semelhante a quem está pensando sobre a Vida. O retratado sou eu. A reportagem fala sobre o nosso temor da morte pelo câncer e a busca pelas e nas drogas de um alívio desse temor. (fotografia de João Poppe)

A Morte deve ser uma mulher extraordinária. Nos pega na mão e nós temos de seguir atrás dela. Somos obrigados. É esse rumo desconhecido que me fascina e que faz com que não tenha medo da morte.” Léo Ferré.

O tempo não passa? Uma homenagem aos que têm do direito de viver e morrer em paz... E ficarem na memória

Encontrei outro dia uma velha reportagem. Meus velhos papéis que precisavam ser jogados fora me trouxeram de volta minhas memórias. Era uma reportagem na qual eu dizia em Abril de 1980:...”Isto acontece visto que todos nós curtimos intimamente o desejo da imortalidade, e o câncer não deixa de ser uma pedra no caminho, uma ameaça imediata e concreta dessa pretensa imortalidade”.

O título da matéria, que hoje pareceria atual, era “CÂNCER – A cura pelas drogas?” tendo como subtítulo – “Cientistas utilizam a maconha no tratamento médico”. Lembrete aos desavisados eu já discutia, nesse tempo de resquícios da Ditadura Militar a questão da ‘descriminalização da maconha’ e a despenalização dos usuários. Tínhamos de combater um grave preconceito que associava os 'maconheiros' e os 'subversivos' contra a Segurança Nacional, assim como os 'bons costumes'...

 Já afirmava: - “Eu acho altamente questionável o uso da maconha no tratamento do câncer, como os cientistas americanos vêm fazendo, embora acredite que a droga possa ser utilizada como um paliativo, uma espécie de substitutivo provisório, e, neste sentido, eu sou altamente a favor.”

Digo novamente eram os Anos 80 começando. E os Anos de Chumbo ainda queimavam, mas começavam a se derreter diante dos nossos anseios de democratização...Porém o que me leva a escrever hoje é muito mais a questão que levantei no meio da matéria: a indagação sobre nosso desejo de imortalidade. Hoje e nos próximos dias tenho de refletir muito e vivenciar mais ainda essa questão.

O meu pai longevo fará aniversário e completará os seus 103 anos. E a minha pedra no sapato, a minha pedra de Sísifo volta a incomodar com um velho calo nos dedos dos pés do sapato novo, mas sempre apertado da Vida. Somos ou desejamos tanto essa longevidade, a que preço ou valor?

A Dona Morte rondava ainda nossos ares nos Anos 80 com os ranços do que vivemos há poucos anos antes. Ainda respirávamos um pouco dos resíduos ativos da visão conservadora e ditatorial dos Anos de Chumbo, que só começariam a se dissipar quatro anos depois. Nessa  época é que já pensava, reflita, questionava e trabalhava, como diz a matéria da Revista Gente, o cuidado com os mais vulneráveis. Trabalhava com pessoas vivendo os limites de seus corpos com câncer.

Esse trabalho repercutia em mim o aprendizado de com podemos vivenciar tanto a felicidade como a dor. E a ideia e prática que criticava, sem saber que já existia a Bioética, era o uso de substâncias psicoativas sem as devidas pesquisas e investigações científicas. Já estava, um jovem médico, incipiente com a psiquiatria e a psicanálise, buscando formas menos “químicas” de enfrentamento de nossas limitações e finitude vital.

Por ter acompanhando muitos casos de terminalidade vital por doenças crônicas, nessa época, aprendi muito sobre uma palavra: a transitoriedade. Ainda não falávamos ou praticávamos denominando os cuidados paliativos, mas os vivenciávamos a beira dos leitos de pacientes considerados “sem saídas terapêuticas”.

Exercia, sem denominar, o que hoje chamamos de Klínica, pois lidar com a morte cotidianamente pode ensinar ir além do simples fato de nos ‘’inclinarmos’’ sobre os leitos e os pacientes. Tínhamos, principalmente diante dos cânceres infantis, de aprender o sentido da escuta sensível e da implicação. Eu, modestamente, acho que aprendi.

A Dona Morte que eu via era um simulacro, um fantasma do que realmente ocorria no âmago dos que realmente estavam morrendo. Sempre procuramos nos distanciar do morrer imaginando que superamos com essa atitude nossos temores da tal Senhora. Não! quanto mais se foge ou dela fugimos mais se está em sua companhia.

A tal Dona Thanatos foi, por exemplo, para Freud, uma fiel companheira de todos os seus dias e escritos. Diria até, ousadamente, que transversalizam uma boa parte de suas indagações que geraram o que temos, para além de Lacan ou outros atualizadores, de Psicanálise ainda hoje. Afinal ele teve no próprio corpo a experiência do câncer. E, no encontro final solicitou a ação de alívio de seu médico Max Schur.

Ele viveu o tempo que lhe foi possível e suportável. Por isso penso que devemos aprender a respeitar o cada um entende e sente como o limite suportabilidade de suas próprias existências.  Aí se incluem alguns que deixaram as mais profundas e reflexivas poesias sobre o viver e o morrer. Os seus corpos expiraram, porém, suas mentes deixaram marcas indeléveis. Exemplos? Fernando Pessoa, aos 47 e Florbela Espanca, aos 36 no dia de seu aniversário.

Com seus trinta ou quarenta e poucos anos biológicos de viver conseguiram ser os bólidos, cometas ou meteoros-vivos que transformaram muitas outras vidas após as suas finitudes e fim. Este é um ponto de vista que já ressaltava lá nessa reportagem.

Lá está registrado, para mim e para vocês todos e todas que: “...acredita o psiquiatra (eu) que todas as pessoas cancerosas devem estar conscientes de que, na vida, o mais importante não é a quantidade de vida, mas sim a qualidade (da vida e do viver, individualmente ou no coletivo)”.

E, como passageiros desse instante de uma Gaia Terra que, apesar do seu recente dia, vê-se arrastada por buscas fanáticas, principalmente de cunho religioso/político, de imortalização narcísica. Primeiro eu serei, na minha ignorância e credulidade, a ser salvo nos tempos apocalípticos, e, mesmo me tornando escravo de uma mistificação ou de uma manipulação ideológica, quero essa ‘vida do além’. E o meu dízimo ou voto legitimam uma grande farsa na Sociedade do Espetáculo e do Controle.

Temos, então, diante dessa proliferação dos fanatismos, como já disse no texto anterior, de aprender um pouco sobre nossas perdas.

Perdemos a rebeldia da juventude? Diria que sim se me retomasse apenas nos Anos 70 o ar irrespirável das torturas e dos desaparecimentos políticos; os Anos 80 engoliram nossa Contracultura e o Maio de 68. Entretanto, diante de novos e aperfeiçoados ardis de controle estatal ou social vemos novas bandeiras de liberação sendo agitadas.

Hoje, com novos olhares sobre o tempo, agora líquido e fugaz, encontramos os “mais velhos”, de mãos dadas,  andando ao lado de quem combate todas as formas de preconceitos e discriminações. Porém para isso precisamos da ressignificação do que entendemos como essa sabedoria dos antigos ou ancestrais.

A minha aprendizagem ainda não terminou, o meu buscar aprender com as perdas também. Disse estes dias atrás, em estímulo a quem está com lutos atravessando suas vidas, que diante dos entes que se vão ou outras formas de perdas é indispensável aprender e reaprender.

Precisamos, a meu ver, aprender a ser sem o apego gorduroso sobre a Vida.  Disse lá no Face-livro: - O aprendizado das perdas é uma das muitas formas de engrandecimento de nossas vidas... Aprender a se despedir... Aprender a deixar partir... Aprender a ir embora... Aprender/desaprender a viver e aprender a morrer... Como dizia a poetisa Florbela: “e se ei de ser cinza, pó e nada... que seja o meu Dia uma Alvorada... que me saiba perder para me encontrar”.

Hoje, com as limitações físicas que adquiri, estou caminhando na direção, sem complacência ou autopiedade, do estar, intensamente vivo ao lado dos “mais jovens” diante de nossas finitudes semelhantes: somos todos apenas mortais sonhadores. Ou, será que somos sonhadores mortais?

Tendo nascido filho de um simples, porém, sempre amoroso ancião, repito o que disse ao jovem repórter Péricles Santana, há 33 anos: “Devemos mostrar a essas pessoas (há época meus pacientes com câncer ou seus familiares) um outro lado das coisas (e do viver), fazendo-as ver (e desejar) que tudo na vida é passageiro, sendo, portanto mais importante essa trajetória (e o aprendizado humilde de nossa transitoriedade existencial).

Então, além do resgate de minhas ideias e vivencias médicas lá nos Anos 80, quando também me impliquei com o cuidado com as cicatrizes da ditadura através do Grupo Tortura Nunca Mais RJ, reforço ainda que precisamos de buscar uma serena sabedoria.

Uma sabedoria que ainda encontro nos sorrisos de meu velhinho, lá nas Minhas Minas Gerais? Sim, uma sabedoria que consiste em uma forma sensível de ser, estar e viver. Uma sabedoria que, entretanto, pode ser complexa: - não devemos perder a “fé” no Outro e nos Outros além de mim, mas também não podemos estragar nosso próprio bem estar já conquistado.

Enfim, em tempos de retomada dos outros meios modernos de alívio de nossas dores e finitudes, compreender que nenhuma droga inventada ou comercializada pode, ‘prozaquianamente’, como um “hiper antidepressivo global”, nos aliviar de todos os sofrimentos existenciais. Insistimos na busca do Admirável Mundo Novo de Huxley?

Estas novas drogadicções ou dependências de uma química tornaram-se, como retrocesso histórico, até o mote para novas e aprimoradas técnicas de aprisionamento, inclusive com a legitimação psiquiátrica ou dos poderes políticos.
Como dizia lá naqueles primórdios: a Vida não tem cura, pois o Guimarães já disse que é e será muito perigoso viver. A vida se tiver prospecções ou invenções de novas cartografias do viver, é apenas a pró-cura.

Por isso não lhes garanto a imortalidade. Posso apenas, com profunda e afetiva sinceridade, desejar que possam ter os olhos e o coração de meu pai de 103 anos.

Lá, nesses olhos/coração singelos, com toda certeza há memórias que todos e todas merecemos experimentar, independentemente de sermos apenas passageiros, marinheiros, argonautas, barqueiros, remadores ou pescadores cruzando o tal rio, aquele que o Pessoa disse ser apenas com curvas, e a Morte seria e será apenas mais uma curva do rio.

Navegar é preciso, hoje é apenas im-preciso ainda, mas vale a pena tentar...
Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet ou outros meios de comunicação de massa)

Indicações para Leitura crítica e reflexiva –

LÉO FERRÉ – Seleção e tradução de poemas, canções e da carta inédita (Luiza Neto Jorge) – Ulmeiro e os Autores, Lisboa, Portugal, 1984.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO - Aldous Huxley - http://pt.wikipedia.org/wiki/Admir%C3%A1vel_Mundo_Novo

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O MUNDO ENVELHECE, AS INJUSTIÇAS AINDA PERSISTEM, E, ENTRETANTOS, MEU PAI FAZ 102 ANOS...
A DONA MORTE É GLOBAL, MAS O NOSSO TESTAMENTO PODE SER VITAL
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/09/a-dona-morte-e-global-mas-nosso.html
NOSSAS IN-DEPENDÊNCIAS DA DONA MORTE EM 11/09/2011 (ou qualquer data posterior, como a mais recente em Boston)
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/09/nossas-in-dependencias-da-dona-morte-em.html
CARTAS De-VIDAs À DONA MORTE 
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/08/imagem-publicada-foto-do-ator-al-pacino.html

sábado, 13 de abril de 2013

A COREIA DO FANATISMO POLÍTICO E O FANATISMO RELIGIOSO DO PASTOR – estamos no Século XXI?


Resultado de imagem para marcha da familia + 1964 + tv brasilImagem publicada – foto em preto e branco, histórica, colhida na Internet, no link tvbrasil.ebc.com.br, sobre a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, um movimento que reuniu milhares de brasileiros e brasileiras fervorosos; uma multidão, uma massa de brasileiros e brasileiras que carregam  faixas, bandeiras e cartazes, sendo em primeiro plano vemos uma bandeira com uma cruz cercada de estrelas, com cartaz bem no centro que diz: “QUEREMOS GOVERNO CRISTÃO”, com outro em seguida que diz: “Despertai povo de Santos” ao lado de “ Verde Amarelo sem Foice nem Martelo”; A mais emblemática é apenas uma imagem de uma águia que pousa sobre uma cruz com a palavra LIBERDADE logo acima; com manifestações populares conservadoras em todo o País, e, que em 19 de março de 1964, em São Paulo, legitimavam o que viria ser o golpe de estado de 31 de março de 1964, que mudou a nossa história democrática, e, que com apoio de políticos, deputados, padres, cristãos, evangélicos, governadores, empresários privados e, intelectuais, ‘anti-comunistas’, consolidaram os futuros 20 anos de Ditadura Militar e Anos de Chumbo no Brasil. E a História registra o depois...

O título pode parecer um pouco confuso. E o é, pois retrata os tempos de confusão politico-religiosas que estamos assistindo. A encenação do Estado Espetáculo precisa de uma Sociedade do Espetáculo. E, atualmente, os espetáculos mais midiatizados são o exagero de alguns “cultos”, porém não muito cultos.

Não há teatro sem palco ou espectadores. Não há ou haverá representantes políticos ou religiosos caso não haja ou houver seus partidários ou seus seguidores.

E, em tempos de ameaça do sujeito autônomo e mal-estar-na-civilização, proliferam os seus novos atores, as novas encenações: os messianismos, os mistificadores e os apocalípticos. E reaparecem as paranoias.

O Brasil está assistindo a um grande espetáculo provido por um Pastor. Eu, aqui na minha própria “crença” de não-crer à toa e alienadamente, me recuso a dizer o seu “sacralizado” nome.

Ao me referir sobre seu “papel e representação política” pode  não ser muito pouco, como mídia. Porém, o que já foi feito e divulgado por todo tempo de sua permanência na presidência, contestada, de uma Comissão de Direitos Humanos é muito.

O que estou tentando quando falo da Coréia dos fanatismos não apenas apontar meus mísseis de tinta digital para o culto à personalidade do comunista norte-coreano.

Há outros cultos às personalidades pseudo-páticas que estão também na primeira página dos jornais, capas de revistas e se tornam virais na Internet. E são tão contagiantes como a música que fazia milhares de pessoas dançarem de forma ‘’louca’’ e extravagante nos séculos XIV e XVIII, “espumando pela boca e até desmaiarem de cansaço”, em êxtase.

Por isso resgato na etimologia da palavra Coréia a atualidade dos fanatismos. Esta palavra, no grego, khoreia, nos remete à dança que em sua origem mítica que se associava à dança do ventre e às mulheres, que, como a dança dos “sete véus” de Salomé, enlouqueciam até os reis, e conquistavam até a cabeça decapitada de João Batista. As coreias podiam e podem enlouquecer?

 Como todos os termos polissêmicos, também podem denominar deste uma terra dividida como as Coréias, com uma Terra de Ninguém no meio, assim como doenças neuro degenerativas incuráveis, e que ainda causam estranheza e preconceitos pelos sintomas, como Huntington ou Sydenhann.

Os que sofrem destas doenças são acometidos de movimentos semelhantes às danças gregas, com movimentos involuntários, irregulares e, principalmente, repetitivos. Há também os que os associavam, nos cultos onde a dança era predominante, com as possessões demoníacas. Alguns, profeticamente, prometem curá-las, mas é preciso se alienar ou fingir que recebeu um milagre.

Hoje elas atacam muito mais a multidões. São as neo-coreias, mais de cunho histeriforme, onde os mitos e ritos político-religiosos predominam. Misturam com eficácia, como no passado: Deus e Democracia.

São massas humanas em busca de respostas para seus sofrimentos, misérias e sua própria exploração hipercapitalista. São, na sua maioria, o nosso “povo”, considerados incultos e privados de acesso ao conhecimento de sua própria escravidão.

A Coréia, ou melhor, a dança dos fanatismos políticos é o melhor termo para nos chamar a atenção para além das ogivas que são utilizadas para uma nova corrida armamentista e bélica.

O que tememos realmente? O “terror atômico”? O “horror econômico”? Ou uma nova “onda” fascistantes de escravidão e Vidas Nuas?

Há um fio invisível, porém duradouro, que une e fortalece essa nova dança contagiante de um fanatismo político a um fanatismo religioso. Uma nova “dançomania”. Os dois fanatismos se transversalizam há muitos anos...

Os fanatismos políticos, historicamente, sempre se sustentaram em cima de símbolos não-pagãos. A suástica é apenas a reapresentação de um símbolo muito mais antigo. As duas cruzes eram parte da “roda da verdade” que os monges budistas, no Tibet, incluíam em mandalas, com outra significação e simbolismo, muitos séculos antes de Hitler.

Por isso Castoriadis dizia que as religiões, no sentido arcaico do ‘religare’, nos instituía e institui como seres heterônimos. Somos indivíduos que inventam e dependem da existência de um Sagrado e da transcendência.

Para os atuais proliferadores e mistificadores da fé do outro essa necessidade humana é um prato cheio. Estamos, sob pena de exclusão ou danação, de não sermos mais os escolhidos, os ungidos, os eleitos para o Reino dos Céus. Somos hereges?

Temos, então, de nos tornar todos e todas em “crentes”. Os que não creem estão condenados ao fogo, assim como foram as mulheres, como bruxas, na Idade Média.
Retomamos essas práticas inquisitórias? Melhor então render homenagens e até oferecer cargos e privilégios políticos para quem possa nos retribuir com votos ou graças divinas. Vamos, então, render graças pelos “direitos” recebidos. Não há direitos adquiridos inerentemente por nossa condição de humanos.

Para escapar de novas práticas sutis de tortura, os fanatismos, com sua oferta sedutora, nos propõem uma redenção. Não importa se afirmamos a separação entre os Poderes. Nosso corpo e sua suposta liberdade nunca deixaram de ser do Estado.

Teríamos de afirmar como Fernando Pessoa que “a Liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo...”. 

E esse desassossegado poeta nos causará, por isso, um enorme desassossego. Afinal, no primeiro artigo de nossa Declaração não é dito que “... todos os homens nascem livres...”?

Creio que os que utilizam as técnicas de poder e controle de massas já descobriram o lado obscuro dessa afirmação do poeta. Temos ser coletivos enquanto acreditamos, mas só somos individualistas que aplicam o narcisismo das pequenas diferenças.

Por exemplo, agora, historicamente, estamos confirmando no Brasil como a religião é consubstancial a todo o corpo social. E que toda a forma de governar esse fragmentado e ameaçador corpo é, hoje, estimulada dentro de templos evangélicos.

Lá ninguém escapa de outro tipo de servidão sem crítica. E, de camarote, como meros espectadores assistimos a sua bancada revogando ou criando novas leis para todos e todas. Os seus partidos defendem o Pastor, mas muito mais ainda suas posições ideológicas, que devem ser eternamente: conservadoras, intolerantes, sexistas, homofóbicas, racistas, individualistas e segregadoras de quaisquer diferenças.

Nessas templárias construções é que Pastores como o moço feliz e vociferante afirmam que “Jesus não é para enfeitar pescoço de homossexual ou pederasta”. E, como estas condições ou diferenças podem levar às novas fogueiras, ou do Inferno ou dos novos fornos crematórios, muitos preferirão optar pela sua conversão.

Estes cenários, com palcos amplos, com luzes bem direcionadas, com microfones potentes e alto falantes que penetram na Alma são hoje também o melhor palco para uma eleição. E lá vamos nós de novo para uma Coréia coletiva de mãos erguidas em busca da salvação. “Levanta-te, ser impuro, e em mim deposita todos os seus votos”... E na minha conta bancária também.

Afinal, o que se chamou de “voto de cabresto” antigamente, é hoje transformado em um voto de protesto e santo. Entre os que só são apresentados como corruptos políticos e os que são livres desse pecado, em quem o nosso povo in-crédulo poderia e poderá votar?

Hoje é mais seguro vender a alma. Houve um tempo que se trocava por camisetas, sapatos ou dentaduras. Uma nova e eficiente máquina de sedução e captura política nasce exatamente de nos tornamos tementes, novamente. O que desejavam as massas que construíram os nazismos e os fascismos? Diriam os marqueteiros: apenas uma suposta LIBERDADE e SUPREMA FELICIDADE. E a Salvação é claro!

E não me venha dizer que Hitler era um “louco”. Não, assim com os atuais mistificadores de massa ou pastores das maltas, era apenas mais um Presidente Schreber. Era um paranoico, com uma massa ávida de encontrar um alemão que falasse de e para uma “raça pura” e “superior”.

Schreber, um alemão que foi presidente do Senado de Dresden, foi o mais clássico caso de paranoia descrito desde Freud. Em seu livro “Memórias de um Doente dos Nervos”, apresentou-se ao mundo como um homem culto e inteligente. Ficou internado por sete anos em várias clínicas psiquiátricas. Ao sair escreveu o que pode nos ajudar a entender, ainda hoje, como funciona a mente de um paranoico delirante.

Ele, como nos diz Elias Canetti em seu Massa e Poder: “...estava tão firmemente convencido da exatidão e do significado de sua religião autocriada que assim que recebeu alta (do hospital) mandou publicar seu texto...”. Schreber, como alguns hoje em dia, diante de plateias ululantes, afirmava que seu corpo humano tratava-se de um “corpo celeste”, quiçá celestial.

Ele escreve em 1903: “Um relacionamento regular de Deus com as almas humanas somente ocorre após a morte. Deus pode aproximar-se dos cadáveres sem perigo, para retirar seus nervos do corpo e para despertá-los para uma nova vida celestial”.

Porém, como os paranoicos da modernidade, ele afirmava que Deus só pode usar nervos humanos “puros”. Seria esse Deus um eugenista? Teria Schereber (1842-1911) conhecido, como leitor/seguidor, as obras de Francis Galton (1822-1911)? Para que, os seres mundanos pudessem atingir a via rumo ao Céu seus “nervos” precisavam ser revistos e purificados. Tornar-se-iam superiores.

Este magistrado saído do hospício apresentava um sistema delirante de uma pessoa perseguida por Deus. Seu discurso apontava para uma existência terrível: sem estômago, laringe, perseguições de pássaros etc. Ele se transformaria em uma mulher que engravidaria de Deus.

E, como nos discursos evangelizadores ou sedutores modernos, este precursor dizia que alguns eram melhores e mais puros que outros. No seu céu todas as pessoas esqueciam-se de que eram humanos, menos os homens eminentes como Goethe ou Bismarck. Porém nessa “democracia” celestial até os poderosos um dia esqueciam sua condição humana.

No ápice, ou melhor, na sua maior “clarividência” místico paranoica  ele, sob a influência de visões que eram “parcialmente de caráter terrificante, mas em parte, também, de grandeza indescritível” convenceu-se da iminência de uma grande catástrofe:  o fim do mundo.

Nas suas alucinações auditivas, as “vozes” lhe disseram que todos os milênios da Terra vieram para nada, e só restariam mais 212 anos para a humanidade. Porém, quando retornou à clínica do Dr. Flechsig, tornou-se crente de que esse tempo já havia passado.  Entretanto, ele seria o “único” homem se salvaria desse Apocalipse.

Acredito, ou melhor, reflito que há quem ainda creia e jure que há esta proximidade do Fim. Recentemente muitos temeram o fim do ano passado como nossa terminalidade terrestre.

As mídias tonitruantes, as mesmas que concentram suas atenções para as bravatas e os discursos do Pastor, ajudaram também a uma multiplicação de protestos em massa. Portanto, há também o outro lado dessa moeda. O único risco é de sua captura por outros fanatismos políticos discriminatórios: as microfascistações em nós.

Hoje mesmo indaguei em uma rede dita social, acerca das profecias do Pastor: O que dizer aos seus seguidores fanáticos? O que dizer aos que ainda acreditam nessa ditadura dos termos retrógrados deste Exmo. Sr. que pula e GRITA?

Os seus vídeos, que não são autobiográficos como o livro de Schreber, mas passíveis de uma análise crítica, não apenas psicanalítica, também, uma visão psicossociológica nos faz “crer” que há um movimento mais antigo e enraizado que alinha os fanáticos políticos com os religiosos.

 Assistam aos vídeos e reflitam sobre os que estão atrás do Pastor e à sua frente na grande plateia do seu “teatro” e a sua coreia histérica a falar de cantores, de Caetano a John Lennon. Gravem bem estas imagens, pois esse passado de hoje ainda estará presente no futuro, em outros novos políticos ou mistificadores religiosos.

As manifestações tiveram e têm seu papel na reivindicação dos direitos humanos como direitos a serem efetivados. Devem e podem continuar, mas não podem cair na “tentação” de ser também a única forma de revolução ou rebeldia.

Quando lidamos com o ressurgimento de movimentos paranoicos, de seus representantes, sejam políticos ou religiosos, ou as duas coisas, temos de reler e refletir o que disse Canetti.

Gostaria de nos lembrar que Schreber dizia que a ‘humanidade’ toda seria exterminada pois ousou ficar ‘contra ele’: “Nisto ele não se mostra apenas como paranoico; é a tendência mais profunda de todo ‘poderoso’ IDEAL ser o último a permanecer com vida. O poderoso envia os demais à morte para que ele mesmo seja perdoado pela morte: ele a desvia de si. A morte dos demais não lhe é apenas indiferente; tudo o impele a provocá-la de maneira maciça...”.

E não devemos nos sentir convidados ou atraídos para estas novas Coreias, para além das geopolíticas mundiais e capitalísticas, que apenas estão maquiando velhos e consagrados meios de controle e biopolíticas. Portanto não basta afirma a laicidade do Estado Espetáculo. É preciso confirmar a minha livre e singular condição humana para além de todos os preconceitos.

Ao Pastor e suas hordas envio a minha 'vigilância' e gramática civil: meus direitos não são desumanos quando o Outro é a minha/nossa diferença e alteridade. Não busco a sua extinção. Só aceito seu convite à dança quando é para não repetir os mesmos passos errados que já demos no Salão de DANÇAS da Vida, que, tenham certeza, não é nome de nenhum culto ou espaço de alienação política.

Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade 2013-2014 e depois AD INFINITUM (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet ou outros meios de comunicação de “massas”) todos direitos reservados.

Indicações de matérias/fontes na INTERNET –


FREUD, Sigmund. XII. O Caso Schreber, Artigos sobre Técnica e Outros Trabalhos (1911-1913) (Volume XII) para Dowload http://pt.scribd.com/doc/68594953/FREUD-Sigmund-XII-O-Caso-Schreber-Artigos-sobre-Tecnica-e-Outros-Trabalhos-1911-1913-Volume-XII


INDICAÇÕES PARA LEITURA E REFLEXÃO CRÍTICA –

MASSA E PODER – Elias Canetti – Editora UNB, Brasília,DF, 1983.

PSICOSSOCIOLOGIA - Análise Social e Intervenção – André Levy, Andre Nicolai, Eugène Enriquez, Jean Dubost – Editora Autêntica, Belo Horizonte, MG, 2001.

O CASO SCHREBER" E OUTROS TEXTOS - Obras completas volume 10 - Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia ("O caso Schreber"), Artigos sobre técnica e outros textos(1911-1913) – Sigmund Freud, Editora Companhia das Letras, São Paulo, SP, 2010.

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

AUTISMO – TODOS PODEMOS SER/NOS TORNAR UM POUCO AZUIS?


Imagem publicada –  uma rosa azul, apenas uma rosa, considerada diferente, única, singular e "artificial",  que não é como todas as outras rosas, apenas diferenciada pela sua cor, com um fundo verde das plantas consideradas "normais", porém que também poderão um dia  se tornarem azuis... Uma rosa como a da minha Parábola da Rosa AZUL, imersa e escondida dentro de um outro mar de rosas... vermelhas, que chamamos: a Vida.

O FIO VERMELHO QUE PODE  SE TRANSFORMAR EM AZUL
"O mito diz que os deuses prendem um fio vermelho no tornozelo de cada um de nós e o conectam a todas as pessoas cujas vidas estamos destinados a tocar. Esse fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir."

O texto acima é parte de uma lenda chinesa Segundo essa lenda, que versa sobre o Destino, somos todos conectados por um fio vermelho, amarrado ao tornozelo, àquela pessoa a qual estamos destinados: nossa “alma gêmea” ou “par ideal”.

E, para as pessoas com diferenças notáveis tenho a certeza de que necessitamos do Outro, também diferente e diverso, que o/nos re-conheça e a ele se conecte afetiva e afetuosamente. Há, a partir dessa visão da lenda, acontecimentos que não podemos pré-determinar, porém há acontecimentos que nos pré-determinam.

Estava pensando e refletindo sobre o que escrever. Então, aparece, há alguns dias atrás, em um programa da TV o Kiefer Sutherland.  A sua presença me chama a atenção para o programa de Jonathan Ross Show. Porém os poucos minutos da entrevista que vejo me levam ao tema que pensava. Ele fala da série que aborda o Autismo: TOUCH.

Touch é uma série televisiva que foi apresentada na Fox. É a história de um menino autista e seu pai (Kiefer Sutherland).  A série foi apresentada no ano passado. O menino, em seu autismo, tem a capacidade de ver o passado e prever o futuro, porém como autista não consegue usar nossas formas de comunicação.

Na trama desse seriado está o fio vermelho. No centro da cena está Martin Bohm (Kiefer Sutherland), viúvo e pai solteiro, martirizado pela impossibilidade de se comunicar com Jake (David Mazouz), seu filho autista, de onze anos.

Ele precisa de números para se expressar. Precisa de uma matemática única e singular. Na história criada o pai muda seu comportamento quando descobre que Jake possui um incrível e especial dom para ver coisas e padrões que ninguém mais consegue.

Nas nossas vidas, no mundo real muitas vezes esta estória virou história...

 Foi aí que o filme sobre Temple Grandin me retorna com sua forma de construção do pensamento através de imagens, assim como as incompreensões que teve de vencer. Há muito cinema e muitos filmes ou documentários sobre os autismos...

Como ela que é uma singular história real, o ficcional menino Jake nos diz da importância de deixar-se tocar muito mais do que achar que devemos tocá-los. Uma máquina do abraço como a de Grandin, pode vir a ser mais confortável do que uma aproximação física forçada por nós.

Ao buscar essa série encontrei o meu fio da meada. O fio azul que me ligou longo tempo à questão e experiência do autismo. É preciso ser tocado, ser afetado pelo mundo diferente de uma pessoa com autismo. E o meu tornozelo, primeiro médico e depois humanizado foi sendo amarrado às interrogações sobre o que chamo, no plural, de nossos autismos.

As interrogações se misturam às minhas vivências, que já escrevi sobre elas em tempos remotos de minha prática clínica. Há, porém, interrogações que nascem de novos conhecimentos e novos conceitos. Já disse que precisamos dos novos paradigmas para quebrar e romper com nossos pré-conceitos que se enraízam.

O DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO é hoje uma data consagrada. Hora de pintar o mundo e nossas ideias e, principalmente, nossas ações de AZUL.

 É uma boa oportunidade para desmitificar os milhares de preconceitos que foram construídos sobre quem vive com este transtorno, ou melhor, essa “neurodiversidade” afetivo-comportamental.

Sim, a compreensão do novo conceito de Diversidade junto com a necessidade do respeito às singularidades e diferenças é que, hoje, pode nos ajudar a desestigmatizar todos os comportamentos e “doenças” ligados ou decorrentes das noções, políticas e científicas, de “cérebro” e “mente”.

As neurociências vêm ganhando terreno na construção de um novo determinismo: o cerebral. E, a partir, deste estão surgindo as resistências a ver em um sujeito com autismo apenas uma condição neurobiológicamente determinada.

Os próprios autistas de alto desempenho, chamados “aspies” vêm, desde 1999,afirmando que todos os cérebros, independentemente de suas limitações, são belos. Para eles não há somente cérebros “normais”.

Ficam muito próximos do que reivindicaram as pessoas com deficiência com os Estudos Culturais sobre as Deficiências  com a criação do chamado modelo social há muitos antes. Vejam aí a construção da semente do chamado “orgulho autista”.

Os que defendem essa posição desestigmatizadora, que rompe com a modelização biomédica e neurológica, dizem que as neurodiversidades, nas quais se incluiriam os autismos, constituem formas diferenciadas de cada sujeito de revelação de suas capacidades, incapacidades e funcionalidades, principalmente as cognitivas.

Estes defensores se esforçariam para que possamos “re-conceituar” os autismos, saindo da noção já consagrada dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e do espectro autista. Eles têm um movimento mundial que tem por principais objetivos:

  1  - Reconhecer que as pessoas com neurodiversidade não são “doentes”,  portanto não necessitam de uma “cura”;

   2  -  Portanto, as terminologias médicas e nomenclaturas de “distúrbio, transtorno e/ou doença”, principalmente com a ideia comum de  gravidade e isolamento total, devam ser modificadas;

   3 Com essa ruptura dos termos e conceitos afirmarem, como já foi feito pelas pessoas com deficiência, o direito ao reconhecimento de novos tipos de autonomia, o direito à Vida independente;

   4  - Apoiados nessa mudança de paradigmas, já incluída em novos marcos legais como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas Com Deficiências, passarem ativamente a participar do controle, com apoio dos familiares e da sociedade, das formas de tratamento a que querem e devem ser submetidos, inclusive qual será a sua duração.

Hoje temos a notícia de uma primeira iniciativa internacional de afirmação dessas neurodiversidades apoiadas na/pela Convenção. Um jovem com Asperger no México reivindica o seu direito a não ser tutelado e questionou junto á Suprema Corte a constitucionalidade da lei que o considera um incapaz. Ele não quer, como muitos outros Ricardos ou Marias, para além do México, serem mantidos e considerados como “menores de idade”, portanto tuteláveis.

Então, utilizando esse conceito de “neurodiversidade” é que interrogo no título deste texto homenagem sobre a possibilidade de todos nós também estarmos tão AZUIS como aqueles que pretendemos diagnosticar, tratar ou limitar como autistas.

Há em todos nós também o “fio azul” que nos aproxima de nossas próprias formas de isolamento, incomunicabilidade, dissociação da chamada realidade, e, em seu extremo, de nossas próprias e singulares “loucuras”.

Há quem se utiliza dessa afirmação para falar de um novo movimento anti-psiquiátrico nos subterrâneos dos que defendem as neurodiversidades. Há, porém, que datar e contextualizar essa tentativa de um outro olhar, uma outra escuta sensível e um outro modo de se deixar “tocar’’ pelo fio vermelho do tema Autismos. Novos tempos, novos conceitos contra velhos preconceitos.

Os tempos atuais, que denomino “pastoriais”, têm trazido para o debate as retomadas que buscam o conservadorismo nas práticas e nas ciências. Estamos em tempos de enfrentamento dos que acreditam que os hospitais, as internações, as clínicas especializadas são as únicas formas de tecnologias do cuidado e atenção para com os autistas, assim como para com outros que possam estar nesses campos de intervenção médico-reabilitadora.

Aprendi há muitos anos atrás como é provocador de emoções o contato, o convívio e a vivência de um sujeito com autismo. Experimentem os que apenas os viram nos filmes ou leram acerca dessa proximidade tão contagiante...

Portanto, mesmo que em mim persista o conhecimento científico e os muitos anos que foram dedicados à Medicina, ainda devo tentar ir além da visão que reduz os autismos e aos seus diversos sujeitos à condição de uma síndrome. Tenho o dever ético e bioético de buscar essa nova compreensão e diálogo com o movimento de defesa dos direitos das pessoas com autismo.

O seu “orgulho” nos fará ir mais uma vez em direção aos Estudos sobre Deficiências, e na minha humilde visão ir além do que os nossos conhecimentos padronizados que nos afirmam e garantem. Um sujeito com autismo não é apenas peça da ficção dos diversos filmes já realizados sobre o tema. Uma pessoa com autismo é também um UNIVERSO que no DIVERSO afirma que nossos fios continuam emaranhados.

E hoje é apenas um dos muitos dias que teremos de alinhavar com fios azuis novos laços sociais em prol da sua singularização, autonomia, diversidade e, mais ainda, dos seus direitos humanos e sua inclusão em todos os espaços, como as escolas regulares, e outros bens sociais.

 E o laço azul se entrelaçará, definitiva e vivamente, com o nosso fio vermelho...

Copyright/left – jorgemarciopereiradeandrade 2013-2014 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

FONTES E INDICAÇÕES PARA LEITURA NA INTERNET-

O sujeito cerebral e o movimento da neurodiversidade  Francisco Ortega http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132008000200008

Neuro diversity

Neurociências: na trilha de uma abordagem interdisciplinar

INDICAÇÕES PARA LEITURA E CRÍTICA –

Deficiência, Direitos Humanos e Justiça – Debora Diniz, Lívia Barbosa & Wenderson Rufino dos Santos – SUR - http://www.surjournal.org/conteudos/getArtigo11.php?artigo=11,artigo_03.htm

Caponi S, Verdi M, Brzozowski FS, Hellmann F, organizadores. Medicalização da Vida: Ética, Saúde Pública e Indústria Farmacêutica. 1ª Edição. Palhoça: Editora Unisul; 2010.

PARA VISITAR, NAVEGAR, ASSISTIR E REFLETIR

TEMPLE SITE OFICIAL GRANDIN - http://templegrandin.com/

Baixar - TEMPLE GRANDIN - DVDRIP - RMVB LEGENDADO http://www.omelhordatelona.biz/genero/drama/1002-temple-grandin.html

Autism in the movies – Autismo nos filmes - http://www.imdb.com/list/0sigYQ1Icp0/

TOUCH – TV Fox – Série http://www.canalfox.com.br/br/series/touch/


LEIA(M) TAMBÉM NO BLOG –


O AUTISMO NÃO É APENAS UMA DOENÇA

AUTISMO: O AMOR É AZUL?

ORGULHOS ´MÚLTIPLOS' - no combate a todos os preconceitos https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/06/orgulhos-multiplos-no-combate-todos-os.html


MATÉRIAS PUBLICADAS NO INFONOTÍCIAS DEFNET (algumas) –

ASPERGER/AUTONOMIA - Jovem mexicano reivindica afirmação de sua autonomia legal Jovem com síndrome de Asperger luta contra a lei que o incapacita no México http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/04/aspergerautonomia-jovem-mexicano.html

AUTISMO - LEI 12.764/2012 equiparação e inclusão Brasil cria política de proteção à pessoa autista http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/01/autismo-lei-127642012-equiparacao-e.html

AUTISMO/INCLUSÃO ESCOLAR - Rompendo com preconceitos/medos nas escolas  É preciso perder o medo mútuo entre escola e autistas  http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/02/autismoinclusao-escolar-rompendo-com.html

AUTISMO - A lei "Berenice Piana" entra em ação ESCOLA QUE SE RECUSAR A MATRICULAR AUTISTA SERÁ PUNIDA http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/01/autismo-lei-berenice-piana-entra-em-acao.html

Ufam desenvolve software para auxiliar crianças autistas, em Manaus http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/02/autismo-software-amazonense-ajuda.html

Escolas regulares de AL não são preparadas para receber autistas http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/03/autismoinclusao-escolar-em-alagoas-pais.html

AUTISMO/PESQUISAS - Universidade Federal de São Carlos lança revista especializada http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/03/autismopesquisas-universidade-federal.html

AUTISMO/PESQUISAS - Estudo nos EUA desmitificam vacinas como causa de Autismo Novo estudo nos EUA descarta vínculo entre vacinas infantis e autismo http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/03/autismopesquisas-estudo-nos-eua.html

Neurocientistas identificam área cerebral relacionada ao autismo http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/02/autismopesquisas-identificada-area.html

DESINFORMAÇÃO: ASPERGER NÃO É PSICOPATIA! Discurso de psicóloga no Faustão indigna mães de autistas e especialistas http://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2012/12/desinformacao-asperger-nao-e-psicopatia.html