sexta-feira, 30 de março de 2012

AUTISMO: O AMOR É AZUL?


Imagem publicada – a fotografia de uma criança, de costas, contemplando o vasto oceano que está à sua frente, com uma forte luz de crepúsculo se anunciando, iluminando o mar. Ele está sentado sobre uma rocha, qual aquela que fundamentaria nossas formas de amar. E abaixo desta foto esta a palavra AUTISMO com cada letra maiúscula em uma cor diferente, como são os autistas; com a letra A em azul,U em rosa, T amarelo, I vermelho, S violeta, M verde, O em laranja como um pequeno sol que precisamos reconhecer seus brilhos e intensidades diferenciadas, como os reconhecemos na passagem das horas e do tempo... A criança está em isolamento, isolada, solitária ou autisticamente em comunhão com a vastidão?

Homenagem ao DIA INTERNACIONAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO

O amor é azul quando estou com você (L'amour est bleu Quand je suis à toi)

Nos Anos 60/70 surgiu uma música que retoma minha memória. É repleta de boas e intensas lembranças. Vivia a plena era do que chamávamos de ‘’Flower Power’’, ou seja, nos intitulávamos de hippies, roqueiros ou chamados de subversivos. Só escutávamos os Beatles ou Rolling Stones, e, apesar da contracultura, dançávamos ao som de um bom vinil orquestrado. Ainda não tinhamos perdido o Pasquim e o Millôr.

A música que insiste em voltar na minha mente é: L’amour est Bleu. É uma gravação de uma orquestra típica e famosa daqueles anos: Paul Mauriat. Esta canção orquestrada foi o fundo de muitas e românticas histórias de minha geração. Uma geração que vivia entre uma ditadura militar e o sonho de outra liberdade.

“Dançávamos” tristemente também, sob tortura, nas nossas dores físicas e psíquicas, nos interrogatórios e nos pau-de-arara,,, O amor não era então mais azul? Tínhamos de endurecer, pero sin perder la ternura...

Mas os que me leem estão se perguntando o que tem a música de Mauriat com o Autismo? Primeiramente diria que em todos 02 de abril, em todo o mundo, se comemora o Dia Internacional sobre o AUTISMO, uma data criada para que o termo e a condição de saúde possam ser mais bem compreendidos e os preconceitos serem demolidos. E a cor adotada para marcar esta conscientização é o AZUL...

Então por que uma lembrança dos Anos 60 me toma sempre que chegamos perto do dia 02 de abril? É que o AZUL, O love is BLUE, O amour est BLEU também trazem um outro tema junto com a música e sua letra. Trazem-me uma frase do psicanalista Bruno Bethelheim: ‘’ só o amor não basta’’.

Este psicanalista, que também experimentou as agruras de um período de repressão e limitações da liberdade, escreveu um livro que muitos de nós psi utilizamos nas reflexões sobre os autismos: “Love is not Enough: The Treatment of Emotionally Disturbed Children”. Ou seja, para o tratamento de crianças com distúrbios ou desordens emocionais "só o amor não basta".

Bethelheim fez sucesso no mesmo período de Paul Mauriat. Mas suas experiências na Escola Instituto Sonia-Shankman em Chicago para crianças psicóticas, em Chicago, construíram um dos primeiros mitos sobre os autistas e suas famílias. É dele a teoria que as mâes do tipo "geladeira", ou seja, esterotipadas e diagnosticadas como distantes e frias, em seus afetos confusos com seus bêbes, seriam as responsáveis pelos quadros de autismo ou psicose infantil.Incapazes de amar?

Essa teoria perdurou por alguns anos. Em meados dos anos 80 começou a ser questionada e demolida, por falta de fundamentação experimental e científica. Mas a idéia de culpabilização dos familiares perdurou. Ainda há os que vêem nos familiares a principal gênese dos diferentes transtornos invasivos do desenvolvimento.

Bastaria que utilizássemos as idéias de outro psicanalista, no caso Winnicott, para repensar as teorias de Bethelheim, para quem a disciplina era um dos meios e métodos de cuidado com as crianças consideradas autistas. Para o psicanalista inglês as mães não são necessariamente perfeitas ou imperfeitas. E, por sua experiência prévia como pediatra, além dos casos que cuidou, bastaria que fossem "good enough mothers". Ou seja, mães suficientemente boas...

Winnicott indagou, com precisão, se o conceito de autismo não se deu como uma ‘’invenção’’. Foram os conceitos de Kanner, Spitz, Bethelheim que tornados ‘’verdades científicas’’, mesmo sem a devida comprovação, que forjaram sistemas de pensamento que dificultaram ou impediram a construção de novas cartografias sobre os sujeitos submetidos aos diagnósticos de autismos. E daí para suas institucionalizações foi dado um simples e pequeno passo...

É aí que indago sobre a visão romântica que precisa ser desmitificada sobre o universo das famílias e das pessoas com autismo. Já escrevi que uso o termo no plural, ou seja, autismos, para revelar as diferenças e as nuances de cada sujeito que os vivencia. Temos de abrir, da forma mais ampla possível, nossas percepções e conceitos sobre estas vidas e seus transtornos. As pessoas que os amam, ou não, também são plurais...

Mas o nosso amor pode se tornar AZUL no contato com pessoas que vivem e supervivem os autismos? Já expliquei este contágio em texto anterior descrevendo minha experiência em psiquiatria com um jovem com autismo. Ele me ensinou os primeiros passos questionadores da práxis do cuidado de diferentes transtornos invasivos do desenvolvimento.

Na minha experiência guardada com muito afeto ainda tenho aquele artista da água bem fundo no meu corpo e vida. A presença da frustração e dos milhares de sentimentos que um autista nos desperta me ensinaram, e ainda preciso aprender mais, sobre o respeito as sua singularidades. Não é fácil aprender a amá-los em suas multicoloridas formas de ser e estar.

Portanto, retomando o texto de Bethelheim, talvez endurecido por suas passagens por torturas e privações em campos de concentração nazista, criou-se um mito sobre o amor dos autistas, de suas famílias, e, em especial, das mães. Para elas é que escrevo e dedico, também, esta reflexão.

Precisamos lembrar os outros que estão por trás destas mulheres. Parodiando o poeta Whitman diria que estão por detrás delas também "grandes homens". Há hoje os milhares de pais que são suficientemente bons. Estes também merecem nossas homenagens e nossos doces abraços.

Por isso, no dia da conscientização sobre os autismos vamos lembrar também dos que se dedicam de ‘’corpo e alma’’ na defesa dos direitos de seus filhos, assim como dos filhos de outros, independentemente de seus ‘’diagnósticos’’. Estes são os que já compreenderam a necessidade de ir além do amor. Compreenderam que ele é Azul e fundamental.

Mas só o amor não basta, é preciso, hoje o reconhecimento e a realização dos direitos humanos de pessoas com autismo...

Podemos tentar é ampliar a ‘’máquina do abraço’’ de Temple Grandin, reconhecer a multiplicidade etiológica destes transtornos, avançar no reconhecimento de sua pluralidade sintomatológica, não reduzir aos esquemas biologizantes de algumas teorias, não simplificar e naturalizar, retomando as velhas teorias psicanalíticas e seus teóricos, o que é tão vasto como a Terra...

Não é só o cérebro de um sujeito com autismo que é maior. São também maiores as suas formas de comunicação apesar de ainda estarmos engatinhando na sua compreensão e tradução.

Por isso repito mais uma vez: A TERRA É AZUL e o AUTISMO TAMBÉM.... o meu coração anda cantando em azul, e dia 02 estarei vestindo essa ‘’romântica’’ cor. 


Por falar em direitos, uma última pergunta: quantos são, como vivem e como vem sendo cuidados/assistidos/educados/tratados/institucionalizados/incluídos ou excluídos, e, principalmente, amados os autistas e os autismos no Brasil?

Copyright jorgemarciopereiradeandrade 2012-2013 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet ou outros meios de comunicação de massa)
PS - Não podemos esquecer do Dia Internacional de conscientização e "saída das sombras" das EPILEPSIAS - O "PURPLE DAY", pois que os sujeitos com epilepsia também vivenciam os mesmos processos de exclusão, estigma e estereótipos das diversas formas de transtornos invasivos de desenvolvimento. Foi no dia 26 de março, uma data também muito especial para mim...eu nasci, e Beethoven morreu.

SOBRE O TEMA NA INTERNET –

Paul Mauriat: ♫ L'Amour est bleu (Love is Blue) ♫ 
http://www.youtube.com/watch?v=Z3nzFCESeME
Sucesso de Paul Mauriat e sua orquestra em 1968, "L'Amour est bleu" ("Love is Blue") é uma composição de Pierre Cour e André Popp, que a gravou originalmente em 1967. A canção foi enorme sucesso não só na França, mas também em vários países do mundo, e recebeu inúmeras gravações, como as de Caravelli, Claudine Longet, Clementine, Gabor Szabo, Jeff Beck, Los Indios Tabajaras, Michel Fugain, Michele Torr, Ray Conniff, Richard Clayderman, Sandpipers, Santo and Johnny, The Dells, Vicky Leandros...


Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo http://www.mundoasperger.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=79:dia-mundial-de-conscientizacao-sobre-o-autismo-&catid=38:artigos-&Itemid=55


Bruno Bettelheim http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruno_Bettelheim

1 in 88 kids have autism in the US: CDC
(1 em cada 88 crianças têm autismo nos EUA: Segundo o CDC) http://theautismnews.com/2012/03/29/1-in-88-kids-have-autism-in-the-us-cdc/

Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=92246&tp=1

Programação alusiva ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo – Fortaleza http://www.inclusaoediversidade.com/2012/03/programacao-alusiva-ao-dia-mundial-de.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+inclusaoediversidade+%28Inclus%C3%A3o+e+Diversidade%29

Purple Day, dia mundial de conscientização da epilepsia no mundo pela primeira vez no Rio de Janeiro http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=197073

Livros citados no texto e indicados para leitura:

SÓ O AMOR NÃO BASTA – Bruno Bethelheim, Editora Martins Fontes, SP,1976.
AUTISMO – Clinica Psicanalítica , Ana Elizabeth Cavalcanti e Paulina S. Rocha, Editora Casa do Psicólogo, São Paulo, SP, 2001.

LEIA TAMBÉM NO BLOG:
A TERRA É AZUL E O AUTISMO TAMBÉM http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/03/terra-e-azul-e-o-autismo-tambem.html

UM AUTISTA PODE VIR A SER UM ARTISTA COM A ÁGUA? http://infoativodefnet.blogspot.com/2010/04/um-autista-pode-vir-ser-um-artista-com.html

ASPERGER, UMA SÍNDROME DE MENTES BRILHANTES OU NÃOhttp://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/11/asperger-uma-sindrome-de-mentes.html

FREUD E A "INVENÇÃO" DA PARALISIA CEREBRAL http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/09/freud-e-invencao-da-paralisia-cerebral.html

O RETORNO DA INTEGRAÇÃO PELA INCLUSÃO: novos muros nas escolas, fábricas e hospitais... http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/12/o-retorno-da-integracao-pela-inclusao.html

ORGULHOS ´MÚLTIPLOS' - no combate a todos os preconceitos http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/06/orgulhos-multiplos-no-combate-todos-os.html

segunda-feira, 19 de março de 2012

NÃO SOMOS ANORMAIS, SOMOS APENAS CIDA-DOWNS....


Imagem publicada – foto colorida de arquivo pessoal de Gabriel Almeida Nogueira, um jovem de 24 anos, que convive e supervive com sua Síndrome de Down, vestido de uma camisa branca, a moda de outros jovens, dançando alegremente com sua namorada, que está com um vestido vermelho. A sua descontração e alegria foi coroada, além da comemoração de dois anos de namoro, com sua entrada para a Universidade Federal de Pelotas. Ele irá fazer o curso de Teatro, mas já trabalhou como ator no filme “City Down”, um lugar aonde quem vem fazer a diferença, e se torna a "anomalia", é uma criança “que nasce normal"... (foto publicada no Jornal eletrônico G1 Globo.com)

Mais uma vez no mês de março tomamos a Síndrome de Down para reflexão e comemoração. Em 21 de março deste ano ela também estará na ONU. Mais uma conquista, uma maior visibilização e mais reconhecimento desta diferença de ser e estar com uma deficiência.

Entretanto, ainda temos alguns passos na direção de sua indispensável e inegável condição cidadã. Em 2004 difundi a Declaração de Montreal sobre os Direitos Humanos de pessoas com deficiência Intelectual. Lá já se revelava uma constatação: “PREOCUPADOS por que a liberdade das pessoas com deficiências intelectuais para tomada de suas próprias decisões é frequentemente ignorada, negada e sujeita a abusos”.

Passaram-se alguns anos e ainda precisamos indagar sobre como é ser e estar com esta condição. Quando é que a sua igualdade de direitos passa pelo reconhecimento de suas diferenças? Respondo que ainda temos muitos preconceitos que atravessam um corpo, uma vida e uma pessoa com Síndrome de Down. Ainda muitos são vistos como a-normais.

Ainda os temos como a ‘’cavalgada de mongóis’’, na cena memorável do filme o 8º Dia? A sua associação com Genghis Khan povoa alguns imaginários ainda... Seriam eles os novos ‘bons selvagens’, agora oriundos da Mongólia, bem longe de todos os nossos Ocidentes?
Recentemente publiquei uma matéria sobre polêmicas geradas a partir da reivindicação de pais que movem ações contra hospitais, laboratórios de pré-natal e médicos. Eles se sentiram com seus direitos feridos ao não terem o diagnóstico prévio e preventivo da síndrome (vejam o texto A Pagar-se uma Pessoa com Síndrome de Down.

É o crescimento de demandas judiciais sobre “crianças indevidas” que as triagens pré-natais, os exames genéticos e a escolha dos pais de recém-nascidos ou não com a Síndrome ou quadros genéticos. Daí decorre as buscas judicias de reparação.
Podemos, então, interrogar, mais uma vez, o que buscamos, tanto os pais como a sociedade, é a concepção geneticamente perfeita? Não pensamos, bem lá no íntimo, como construir uma ‘’normalidade’’ para toda e qualquer gestação?

Podemos tecer julgamentos, éticos ou bioéticos, sobre os pais de Kalanit, 04 anos, cujos pais Ariel e Deborah Levy, demandam, no Oregon (USA), uma ação de 3 milhões de dólares por um possível ‘’erro’’ de diagnóstico preventivo da Síndrome de Down de sua filha?

Sim, podemos e devemos refletir sobre os pilares que sustentam sua reinvindicação. O primeiro deles é de difícil demolição: o conceito de anormalidade.

A Síndrome de Down por sua condição genética, ligada ao Cromossomo 21, é uma das principais condições humanas que nos leva em direção ao conceito de corpos diferenciados. Houve um tempo, pelo visto não tão remoto, que a igualdade do homem consigo mesmo, a identidade de si, implicava na igualdade com seu corpo. Buscam uma perfeição saudável dos corpos, agora aperfeiçoada pelas biotecnologias de prevenção no período pré-natal.

Mas o que fazemos diante de um corpo que tem ‘’logo de cara’’ uma série de diferenças anatômicas, fenotípicas? Como olhamos, classificamos e discriminamos, principalmente, no reino das perfeições, uma ‘’anormalidade intelectual’? Os sujeitos com a Síndrome tem uma diferença intelectual que muitos ainda chamam de ‘’retardo mental’’. Essa seria talvez mais forte que quaisquer outras diferenças visíveis.

Afirmo aí que o fundamento, ou melhor, o fundamentalismo que moveu os pais, tanto na Espanha como nos EUA, podendo estar em qualquer país do mundo, é movido pelos preconceitos e pelo racismo. Somos todos racistas ou preconceituosos?

A base da busca de perfeição tem gênese nos conceitos biomédicos de normalidade, até o último fio de cabelo. O mundo aspira, conspira em silêncios e emudecimentos, pela eugenia, com tempos cada dia mais direcionados a parecermos ‘’normais’’.

A obra de Michel Foucault, os Anormais, apresenta as gêneses sociais e políticas que construíram o conceito de anormalidade. No final do Século XIX, depois do nascimento das biopolíticas, Foucault apresenta três figuras que representam o “anormal” em momentos históricos distintos: o monstro humano, o indivíduo a corrigir e o onanista.

Quando se construiu o conceito de deficiência mental para os ‘’portadores’’ desta síndrome a Medicina os conectou com outro conceito: o de uma ‘’aberração’’ cromossômica. Esta associação favoreceu a possível inclusão dos seus portadores no campo das monstruosidades humanas. Mais tarde, institucionalizados, também passaram pelo processo de correção, tanto reabilitadora como educacional especial. Finalmente, para coroar o processo, tornam-se portadores de uma ‘’sexualidade’’ ora exacerbada ou então desviante...

O seu diagnóstico, hoje já modificado, desde o ‘’mongolismo’’, passando pelo ‘’retardamento mental’’ até a concepção de sindrômicos, tornou-se portador de um estigma: a anormalidade.

A construção da anormalidade é uma das formas de confirmação de nossos racismos trans-históricos. Desde os tempos bíblicos, como no demonstrou Castoriadis, os racismos se fundamentam na distinção entre os que estão dentro e os que estão lançados para o lado de fora de alguns ‘’muros invisíveis’’ dos preconceitos.
Há ainda a questão bioética que se suscita com a ideia e as teorias sobre o abortamento de crianças diagnosticadas, no período pré-natal, com a Síndrome de Down. Esta prática remonta aos experimentos nazifascistas que guardavam as cabeças destas crianças para as suas comprovações de degeneração racial. Estudemos as leis racistas do período nazista na Alemanha e encontraremos a segregação com posterior eliminação dos que tinha estes diagnósticos da anormalidade, principalmente as de origem genética.

Mas como eliminar de um processo coletivo e transcultural a presença, mesmo que subjacente, desses estereótipos, estigmas e preconceitos?

Procuremos, hoje, então as 21 formas diferenciadas de reconhecimento das diferenças e singularidades de um sujeito que vive com Síndrome de Down. A primeira seria o reconhecer seu direito inalienável e humano à Educação. Quando vivenciamos, atualmente, o seu processo de inclusão social e escolar cada dia mais nos vemos diante de suas demolições paradigmáticas. Estão, como em uma prova com barreiras, cada dia mais ultrapassando mais uma.

Assim como um atleta negro provou a Hitler que não houve, não havia e nem existirá um povo eleito e uma raça superior...

Já temos mais que provas, para além dos Enades ou Enems, que até a Universidade não é mais uma barreira intransponível.

Os jovens Alysson, Kallil e Gabriel, nomes mais recentes, comprovam o que outros CIDA-DOWNS, já realizaram. Eles entraram, com louvor e dedicação, nas salas de aula das universidades brasileiras, em todas as latitudes e longitudes. Caminham no direito a uma nova gramática civil: não são mais os únicos ‘’anormais’. São e serão apenas cidadãos e cidadãs. São iguais como lhes afirma o Decreto 6949/2009 (a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência), e que se cumpram seus mais de 21 direitos HUMANOS...

Mas não bastam essas ‘’raras’’ presenças no meio universitário. Lá também devemos continuar promovendo, do ensino fundamental até as pós-graduações, a ruptura de um paradigma biomédico: a reificação das nossas deformidades humanas, nossas imperfeições genéticas, nossos pequenos defeitos. Temos de ir para além dos narcisismos das pequenas diferenças, são elas que nos tornam apenas HUMANOS. Eis uma tarefa imprescindível para a Educação inclusiva...

Somos, portanto, demasiadamente humanos, mas ainda distanciados de um re-conhecimento do Outro e da sua indispensável diferença e diversidade. Por isso se nos colocássemos dentro de uma cidade ou mundo dos que tratamos e excluímos talvez pudéssemos ‘’sentir na pele’’, esse verdadeiro Eu, o quanto “uma perturbação introduzida na nossa configuração (real e simbólica) do corpo é uma perturbação introduzida na coerência (ético-política) do mundo...”.

Podemos, enfim, dizer que somos todos Cidadãos ou Cidadãs ou apenas anomalias ambulantes que precisam de correção, esquadrinhamento, classificação e tratamento eugênico e higienizante, conforme a biopolítica para as Vidas Nuas?

No Século XXI os 21 também se declaram com direito às suas a-normalidades..., mesmo que para isso tenham de nos convidar para outra sessão de cinema, pois outros City Down virão ou uma próxima formatura de jovens Cida-downs, nas muitas universidades do Brasil e do Mundo.

PS- Caro Gabriel Nogueira não o inclui na minha “Carta a um Jovem com Síndrome de Down na Universidade” pelo fato do texto ter sido escrito antes que eu pudesse comemorar mais esta vitória e quebra de um velho paradigma, em 14/03.
Porém, gostaria que você lembrasse a todos/todas como foi este seu percurso até a Universidade, conforme a matéria publicada: ...”O primeiro filho de um casal pelotense sempre estudou em escolas normais. “Ele nunca repetiu o ano, sempre foi muito esforçado”, diz Joseane. Quando sua irmã mais nova decidiu cursar jornalismo, Gabriel entusiasmou-se com a ideia e também quis virar calouro. “A ideia foi dele. Nos questionávamos se ele iria conseguir, mas ele não se deixa intimidar, é de bem com a vida e conseguiu uma nota suficiente para entrar”.


Copyright jorgemarciopereiradeandrade 2012/2013 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet)

Matérias pesquisadas na Internet:

FILME “CITY DOWN – A história de um diferente” – 2011, DIREÇÃO: JOSÉ MATTOS/ PAULO CÉSAR NOGUEIRA
Vídeo reportagem Assista emhttps://www.youtube.com/watch?v=brhFBOVIoAg
Site oficial do Filmehttps://citydown.webnode.com.br/

Para DOWN-load
- http://www.g1filmes.com/baixar/download-city-down-a-historia-de-um-diferente-dvdrip-nacional/


Jovem com Síndrome de Down é aprovado em universidade do RS
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2012/03/jovem-com-sindrome-de-down-e-aprovado-em-universidade-do-rs.html

DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL- DefNet
www.defnet.org.br/decl_montreal.htm

Will The Down syndrome Children Disappear?  https://www.bioethics.net/2009/09/will-the-down-syndrome-children-disappear/

Bioethicist: Parents shouldn’t have to sue over ‘wrongful birth’ of child with Down syndrome https://www.bioethics.net/news/bioethicist-parents-shouldnt-have-to-sue-over-wrongful-birth-of-child-with-down-syndrome/

A race against time for Down syndrome research https://www.bioedge.org/index.php/bioethics/bioethics_article/9700

Novas Fronteiras da Genética: Mentalidade Eugenésica https://bioetica.blog.br/category/eugenico/

Bioética, deficiência e direitos reprodutivos: entrevista com a Dra. Janaína Penalva https://www.inclusive.org.br/?p=21178

Graças ao Brasil, Dia da Síndrome de Down, 21/3, será comemorado pelos países da ONUhttps://www.inclusive.org.br/?p=22163

Indicações de Leitura -
As Encruzilhadas Do Labirinto 3 Mundo Fragmentado – Cornelius CASTORIADIS, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ , 1992.

Políticas do Corpo (Elementos para uma história das práticas corporais) – Denise Bertuzzi de Sant’Anna (org.) , Editora Estação Liberdade, São Paulo, SP, 1995

Admirável Nova Genética: Bioética e Sociedade – Debora Diniz (org.), Editora UNB/Letras Livres, Brasília, DF, 2005.

Os Anormais – Michel Foucault – Editora Martins Fontes, São Paulo, SP, 2010.

LEIA TAMBÉM NO BLOG
SINDROME DE DOWN E REJEIÇÃO: UM CORPO ESTRANHO ENTRE NÓS? https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/sindrome-de-down-e-rejeicao-um-corpo.html

O VIGESSIMO PRIMEIRO DIA - CINEMA E SÍNDROME DE DOWNhttps://infoativodefnet.blogspot.com/2010/03/o-vigessimo-primeiro-dia-cinema-e.html

A PAGAR-SE UMA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN https://infoativodefnet.blogspot.com/2010/09/pagar-se-uma-pessoa-com-sindrome-de.html

01 NEGRO + 01 DOWN + 01 POETA = 01 DIA PARA NÃO SE ESQUECER DE INCLUIRhttps://infoativodefnet.blogspot.com/2011/03/01-negro-01-down-01-poeta-01-dia-para.html 

CARTA A UM JOVEM COM SÍNDROME DE DOWN NA UNIVERSIDADE https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/02/carta-um-jovem-com-sindrome-de-down-na.html

VAN GOGH - A CONSTRUÇÃO DE UMA A-NORMALIDADE https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/van-gogh-construcao-de-uma-normalidade.html

VULNERAÇÃO E MÍDIA NO COTIDIANO DAS DEFICIÊNCIAS https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/04/vulneracao-e-midia-no-cotidiano-das.html

quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHERES, SANGUE E VIDA, para além de sua exclusão histórica

Imagem publicada – foto preto e branco de Sabina Spielrein (Rostov – 1885/1942), uma mulher russa que descobri há muitos anos em um livro: Diário de uma secreta simetria, que foi ocultada e excluída da história da psicanálise. Hoje no dia internacional da Mulher sua imagem me veio como estímulo à reflexão sobre o feminino e suas exclusões, até recentemente em favor de uma historiografia feita para e pelos homens. Há muitas Liliths que foram suprimidas e/ou reprimidas, mas nunca conseguiram apagar os seus marcantes passos deixados para e na história contemporânea mundial.

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
Cada ato que faz, o corpo confessa.

Cuidado, moço
Às vezes parece erva, parece hera
Cuidado com essa gente que gera
Essa gente que se metamorfoseia
Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar ...” 
(Aviso da Lua que Menstrua – Elisa Lucinda)

Já disse e repito o mundo é um útero e todo útero é um mundo, se não for seu principal multiplicador plural no feminino... e às vezes precisa sangrar diante do mundo.

Eu conheci essa poesia que nos alerta há muitos anos atrás. Uma mulher me trouxe um livro com uma dedicatória da autora. E nunca mais esqueci este aviso. Porém incauto e curioso não me faltou à memória diversas vezes em que errei junto e com as mulheres que transversalizaram e transversalizam a minha vida.

As mulheres, refleti, hoje, não são mais nem menos. Esta seria uma síntese diante da equação de que todos e todas sempre trazemos um pouco, mesmo que negando, de homens e mulheres. Apenas, como nos diz Luce Irigaray transitamos em discursos linguísticos totalmente diferenciados.

Hoje, no dia internacional da Mulher, analiso que são elas que fazem a verdadeira diferença. E já escrevi anteriormente sobre isso, já afirmei que elas é que são o Útero criativo e incomensurável da vida e do mundo. Podemos tentar substituí-las em possíveis replicantes ou robôs. Ainda assim terão de conservar um indispensável feminino feminista. Mesmo que pelas nanotecnologias...

Vivemos cada dia mais um discurso da igualdade dos gêneros. Irigaray tem, na perspectiva feminista e filosófica, outra visão ao afirmar que: “A igualdade entre homens e mulheres não se pode realizar sem um pensamento do gênero como sexuado e uma reescrita dos direitos e deveres de cada um, enquanto diferente, nos direitos e deveres sociais...”

Hoje se manifesta a afirmação de equiparação de direitos entre homens e mulheres no trabalho. Mas já houve e ainda haverá muitas mulheres que foram, para além da linguagem dominante e machista, excluídas ou negadas em seus trabalhos, principalmente os de origem intelectual. Manifestar nesse dia Internacional é também retirá-las das sombras masculinas.

Mas por que se lembrar da Sabina psicanalista e mulher nessa data? É que ainda persistem as sombras que se projetam em sua histórica e histérica passagem pela vida de Jung. Já foi motivo de diferentes abordagens fílmicas. Recentemente mais uma tentativa foi feita de traduzi-la. 

A mais recente busca de desocultamento é o filme de David Cronenberg: “Um método perigoso”. Advertência no título que revela, em minha opinião, o preconceito contra sua principal personagem: a mulher que se interpôs entre dois titãs da psicanálise. Sabina, entre Jung e Freud, nesse filme está recopiada, mas continuará sendo mulher. Portanto sem a resposta do que deseja uma mulher.

O filme que tentou contar um pouco mais de sua histórica passagem pela Psicanálise na URSS é o Jornada da Alma, do italiano Roberto Faenza (2002), que já assisti e posso afirmar que traz uma visão menos psicopatologizada desta mulher.

O porquê seu nome, assim como de outras mulheres permaneceu na obscuridade por muitos anos? O que levou as Sociedades de Psicanálise levar tanto tempo para reconhecer que as noções primárias de pulsões destrutivas, no caso Thánatos em nós, foram parte de um artigo desta jovem psicanalista, ex-paciente e discípula de Jung, assim como sua amorosa amante, que impregnou e fecundou a mente de Sigmund Freud.

Sabina em 1912 publicou seu artigo "A destruição como causa de vir-a-ser", no Jahrbruch für Psychoanalyse, IV. O seu artigo que era como um aviso da Lua que menstrua; nove anos depois Freud a cita em uma nota de rodapé de seu “Além do princípio do prazer”. 

Ela trouxe importantes contribuições sobre a questão do erotismo, da pulsão de destruição e dos sentimentos de angústia de jovens diante do alvorecer de suas sexualidades.

Por Sabina e por muitas outras mulheres que fizeram parte da história da construção da Psicanálise (Anna Freud, Melanie Klein, Lou Andreas Salomé, Frieda Fromm-Reichmann, Marie Bonaparte, por exemplo), é que revivo esta mulher para meus leitores e leitoras, como ressurgimento do feminino apesar de sua supressão ou exclusão historiográfica. 

Muitas são as mulheres, que como Sabina, em outros campos do saber e da Vida que foram, são e serão excluídas da História. Ao menos por um tempo, principalmente se forem tomadas como perigo ou risco para o discurso hegemônico e instituído.

Entretanto há um campo que escapará sempre das repressões, das caças às bruxas ou neo-inquisições: o campo inexplorado e vasto do desejo feminino. “Não se deveria esperar”, diz Irigaray, ”que o desejo da mulher falasse a mesma linguagem do desejo do homem; o desejo da mulher tem sido(...) abafado pela lógica que domina o Ocidente desde o tempo dos gregos”.

Nesse campo transitou com galhardia e estardalhaço abafado a russa, de origem judaica, que inventou uma ‘‘Casa Branca”, um jardim da infância, um local onde as crianças russas aprenderiam o sentido do amar e da humanidade. Uma casa-berçário onde até Stalin matriculou seu filho, mas de forma anônima, com um nome falso. Tempos depois sua polícia soviética o fechou...

Assim essa discípula de dois homens, Freud e Jung, tentava fazer com se instituísse outro modo de formar e forjar os homens. Mas com ensinar a liberdade de ser e estar em um mundo cinzento e Big Brother do stalinismo cruento e cruel?

Falar sobre, escrever sobre e lembrar o seu nome, que traduzido significava: “tocar no justo tom = Spielrein”. É reintroduzir o seu desejo feminino de que as crianças sejam educadas para e com liberdade. E, que, meninos e meninas possam entender sua principal diferença: o desejo. 

Ainda assim podem construir uma mesma música, um mesmo tom de justiça e igualdade entre os gêneros.

O aprender a aprender a diferença deverá então, se pudermos fazer com que tenhamos o mesmo tom, mas mantendo nossas singularidades, que o feminino em nós se torne uma possível aliança e uma nova suavidade.

E quem são e serão as novas Sabinas? Ou melhor as novas Bruxas e Lilith dos tempos da Idade Mídia?

Alinhemos as principais e ainda resistentes mulheres, como as da Praça Tahir, que, mesmo violentadas, não deixam de denunciar as formas ditatoriais e macropolíticas de cerceamento da vida. Elas falam da destrutividade que os exércitos andam praticando no mundo árabe. E reintroduzem o desejo feminino no campo da liberdade.

São elas as novas Amazonas? Porém, agora não passam mais pelas castrações de seus seios para melhor atirar flechas. Hoje tornam-se ativistas de seus direitos sexuais e reprodutivos, mesmo que para isso retirem, via Internet, as burcas e véus, revelando sua nudez revolucionária.

O que temos de denunciar é a busca um lugar de poder e fardamento das mulheres, principalmente nos modelos de guerra e na lógica hipercapitalista. Elas podem se tornar tão ou mais cruéis que os pequenos ou grandes ditadores. Há mulheres que se tornam de ferro quando poderiam ser da mais fina seda ou puro cristal.

Por isso, ao olhar hoje mulheres no Poder, as Angelas, Dilmas e Cristinas, rememorando as Indiras, espero que possam vir a assistir os filmes, o documentário e lerem sobre a vida de uma mulher que ousou se impor, amorosa e sexualmente, entre dois gigantes masculinos.

Talvez possamos juntos, repensar outra forma de introduzir o feminino nesse mundo engessado e endurecido e, apesar de vocês no Poder, continuar falocrático. Nunca usem nossas fardas e nem nossos fardos masculinos.

Ouçam uma afirmação de Spielrein: “A visão artística do mundo vem somente com a idade, com o despertar do componente sexual. Então a rudeza cede lugar ao feminino...”, em uma carta para o grande mestre Sigmund Freud, no início do século passado.

Ela esteve convicta, até os últimos instantes quando botas nazistas a executaram, que precisamos do reconhecimento de nossas pulsões inconscientes, homens e mulheres, na direção da destrutividade. Mesmo quando queremos e buscamos o Gozo Vital.

ÀS MULHERES, DE TODAS AS ETNIAS, TODAS AS DIVERSIDADES, TODAS AS MULTIPLICIDADES, TODOS OS CANTOS, TODOS OS ENCANTOS, TODAS AS DIFERENÇAS, E, PRINCIPALMENTE AQUELAS SOB TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA, ENVIO MEU MAIS DOCE/TERNO ABRAÇO, e certeza de que ainda não aprendi e nem aprenderei tudo sobre o SER FEMININO...

Que seu sangue nunca seja derramado em vão, mesmo que o da Lua, e a vida continue sendo gaia e uterina, para além de todo nosso desejo e tentativas de excluí-las de nossas histórias.

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Indicações e referências disponíveis na Internet:

POESIA – AVISO DA LUA QUE MENSTRUA – Elisa Lucinda
SABINA SPIELREIN - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sabina_Spielrein


My Name was Sabina Spielrein - Ich hiess Sabina Spielrein ( 2002 ) Documentário – Elisabeth Márton http://www.imdb.com/title/tt0333611/

O amor que ousa dizer seu nome: Sabina Spielrein - pioneira da psicanálise (tese de doutorado) Renata Udler Cromberg (USP)

Mulheres desempenham papel fundamental nas revoltas populares do mundo árabe http://www.icarabe.org/entrevistas/mulheres-desempenham-papel-fundamental-nas-revoltas-populares

Leituras Recomendadas - 

SABINA SPIELREIN - UMA PIONEIRA DA PSICANÁLISE (obras completas- volume 1) Org. Renata Udler Cromberg - Editora Livraria da Matriz, São Paulo, SP, 2014.

DIARIO DE UMA SECRETA SIMETRIA - Aldo Carotenuto, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 1984.

MULHER DIGITAL – O Feminino e as Novas Tecnologias , Sadie Plant, Editora Rosa dos Ventos, Rio de Janeiro, RJ, 1999

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