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domingo, 8 de agosto de 2010

EXISTEM PAIS DIFERENTES OU DIVERSOS PAIS?

imagem publicada - foto em preto e branco de um homem, um pai, de óculos, sendo empurrado em um rústico carrinho por uma menina (com vestes indianas), com sacolas penduradas, no meio de uma rua, com trânsito de ônibus à sua volta, sendo ele uma pessoa com deficiência, ele traz, entre suas pernas atrofiadas, um bebê, como uma das fotografias premiadas (1º lugar) de um concurso promovido pela OMS - Organização Mundial da Saúde, do fotógrafo Khaled Satter, para promoção da CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (2001). Eu a denomino como imagem do presente, do passado e do futuro das pessoas em situação de deficiência no mundo hipercapitalista que estamos vivendo e viveremos, o qual o título da foto elucida: "duplo fardo".

Homenagem ao Dia dos Pais (Em busca da paternidade diferenciada) - agosto de 2010

A paternidade é uma descoberta permanente. Houve uma filosofia pré-feminismo, de Simone de Beauvoir, que também pode ser aplicada aos homens: assim como não se nasce mulher, não se nasce pai, torna-se. Tenho a certeza disso, cada dia mais, cada vez mais. Eu posso afirmar que se há mulheres que ainda não compreenderam o mito do amor materno, também há milhares de pessoas e homens que ainda não compreendem o chamado mito do amor paterno.

Nós, os homens, os machos, não nascemos com 'instinto paterno', assim como é uma construção ideológica e ideal sobre as mulheres o tal 'instinto materno'. Uma outra francesa, Elisabeth Badinter, já demoliu o das mães, mas ainda falta um outra demolição mitológica.

Hoje, como em todos os agostos, se comemora o Dia dos Pais. É a festa da paternidade a ser reconhecida e ser premiada. Nós, os diversos pais, vamos ganhar abraços, beijos e também presentes diferentes. Porém o que alguns pais precisam ganhar pela classificação e rotulação de sua 'situação especial' seria o reconhecimento de serem apenas diferentes ou melhor serem simplesmente pais na diversidade.

Confundimos as duas palavras: diversidade e diferença . Confundimos também paternidade genética com tornar-se um pai. Para que não continuemos exaltando o que deve ser um longo, árduo e incrível aprendizado, o da paternidade de pessoas com deficiência, como 'sofrimento', 'vitimização' ou 'heroísmo', os mesmos estereótipos que estigmatizam os nossos filhos e filhas, estou escrevendo este texto em busca de outro modo e compreensão de nossa condição paterna.

Nós, os pais de filhos e filhas com alguma forma de ser e estar com uma deficiência, somos diferentes sim, porque somos desiguais. Também nascidos na diversidade, se não temos, como nossos filhos/filhas, a equiparação de oportunidades e afirmação/realização de nossos direitos humanos, permaneceremos mais desiguais ainda. Tudo se torna ainda mais complexo na nossa diversidade, seja étnica, seja de herança genética ou de nossas origens familiares.

Somos, enfim, apenas seres humanos, mas muitas vezes somos reificados ou ideologizados como um 'grupo especial'. Acabamos nos tornando um motivo de atenção e de especulações teóricas que vão da antropologia à psicanálise, viramos teses, naturalizações ou dogmas. E, há alguns anos atrás, eramos classificados e rotulados de 'excepcionais', no duplo sentido desse termo.

Não, não há e nem houve, nunca, pais excepcionalmente perfeitos ou imperfeitos. Sempre existiram ou existirão apenas pais, alguns melhores, outros melhorados, outros incapazes do aprendizado incerto da paternidade, estes considerados os pais ruins.

Ao se ter um filho ou filha com uma diferença isso nos torna apenas mais propensos à uma busca intensificada de novos sentidos para o viver e para a Vida. O aprendizado da diferença, dos estigmas, dos estereótipos, dos preconceitos e das barreiras.

O que irá pesar na maneira como que nos desdobraremos das dobras desses filhos e filhas terá a ver com nossas possibilidades de inclusão, exclusão ou desigualdades sociais, além dos processos de subjetivação que vivenciamos. Porém, para além disso, responsavelmente, estiveram também os nossos pais ancestrais e, no futuro que se afigura, os diversos pais que temos e consolidamos, o Grande Irmão, os Big Brothers, a imagem estatal do pai orwelliano que nos controla e dirige em 1984.

Por isso hoje faço homenagem ao pai que tive e tenho a honra de ter e amar. Apenas um bom pai, nem perfeito, nem excepcional, apenas um pai amoroso. E digo com toda certeza, a este homem, hoje com mais de 100 anos, que foi sua maneira amorosa e desprendida de egoísmos, narcisismos  individualismos e, principalmente, dos radicalismos micropolíticos, que com fé e resiliência me ensinou a alegria tanto quanto a paixão de viver intensamente. 

Ser um pai com simplicidade aliada a muitos valores coletivos e princípios éticos já bastava. Não foi preciso ser um mito nem apenas uma identificação edípica, foi preciso uma boa, longa e afetuosa caminhada em parceria, nas travessias do cotidiano de terras rurais das minhas Minas Gerais.

Desejo, portanto, a todos e todas que possamos hoje homenagear a todos os Pais. Independentemente de suas condições ou qualidades, para além de seus defeitos, fazendo justiça a eles com um novo modo de reverenciá-los: humanizando-os, tornando-os apenas mortais e plenos de vida, no tempo de cada um, na singularidade e subjetividade possível a cada um deles. NEM HERÓIS, NEM VILÕES, apenas homens....

Vivam e vivenciem tudo o que seus filhos,com e sem deficiência, como a mãe Terra, tem para oferecer de melhor, e que nosso dia seja mais um dos muitos em que estaremos sendo tratados e respeitados em nossas diferenças, nossas multiplicidades, nossas suavidades ou mesmos nossas asperezas de aprendizes da paternidade.

Dedico com amor este texto aos meus filhos/filhas, assim como a todos filhos e filhas que nascem nesse momento, desejando-lhes um utópico dia dos Pais: sem violências, sem dores incuráveis, sem misérias, sem pobreza ultrajante, sem guerras e militarismos, sem terremotos devastadores, sem a cultura do medo, sem trabalho escravo, sem preconceitos étnicos e de gênero, sem xenofobias, sem desfiliações marginalizantes, sem torturas, sem bombas ou minas mutilantes, sem barreiras arquitetônicas, sem fome ou anorexias, sem fanatismo religioso ou politico, sem exploração sexual e trabalho infantil, sem exclusões, sem segregações biotecnológicas, sem homofobias, sem injustiças, sem microfascismos, sem manicômios, sem epidemias, sem violações de direitos humanos, sem os alienantes espetáculos macropolíticos, sem corrupções, sem genocídios, sem desaparecidos, sem meninos ou meninas em situação de rua... 

Pois estes também tiveram pais, estes também foram e são filhos de algum homem... mas a eles e seus pais, homens e mulheres, ainda não foi possível a existência de um mundo tão utópico e sonhado por nós.

Portanto, tornar-se um pai, e ainda afirmar direitos humanos para nossos filhos e filhas, é manter acesa essa chama utópica, ética, ecosófica, bioética e amorosa de um outro mundo possível. FELIZ DIA DOS PAIS na diferença e na diversidade.

copyright jorgemarciopereiradeandrade 2010-2011 (favor citar a fonte e o autor em republicações livres na internet)

P.S - peço desculpas aos leitores e leitoras do blog pela ausência de textos no último mês, não foram férias, mas aumento de dores e dissabores, assim como a busca de justiça para um pai diferente que me fizeram ficar sem o tempo necessário para o ato libertário da escrita neste espaço.

Referências bibliográficas:

O Segundo Sexo - Vol1 - Fatos e Mitos - Simone de Beauvoir - Nova Fronteira, RJ ( Le Deuxième Sexe (I) | 1949 )

https://www.novafronteira.com.br/produto.asp?CodigoProduto=0316

Um Amor Conquistado - o Mito do Amor Materno - Elisabeth Badinter - Ed Nova Fronteira, RJ, 1980 

IMAGENS DA SAÚDE E DEFICIENCIA - OMS (2005) https://www.who.int/features/galleries/disabilities/index.html

CIF 2001 - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

Leia também no blog - AOS PAIS QUE APRENDERAM COM (AR)DOR AS PERDAS

O MUNDO ENVELHECE, AS INJUSTIÇAS PERMANECEM, E, ENTRE TANTOS, MEU PAI FAZ 102 ANOS - https://infoativodefnet.blogspot.com/2012/04/o-mundo-envelhece-as-injusticas-ainda.html

MEU PAI, NOSSAS MONTANHAS e NOSSOS CREPÚSCULOS (Homenagem aos seus 105 anos) https://infoativodefnet.blogspot.com/2015/04/meu-pai-nossas-montanhas-e-nossos.html

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A SAÚDE E O SENTIDO PARA A VIDA II


Imagem publicada - um imagem do filme 1984, baseado no livro homônimo de George Orwell, que se passa no auditório onde os homens e mulheres são doutrinados pelo Grande Irmão, que aparece em uma tela gigante, trazendo a confirmação orwelliana de que: A Guerra é Paz, A Liberdade é Escravidão e a Ignorância é Poder, ampliando a "lavagem cerebral" a que todos, uniformizados e vigiados pela Teletela, se submetem em nome de uma sociedade burocratizada, alienante, onde a Vida pertence ao Estado, supondo-se que todos os corpos e mentes estejam sob total controle à distância, televisivamente.

O texto abaixo foi escrito para comemorar/lembrar o Dia MUNDIAL DA SAÚDE, há muitos INFOATIVOS passados (no número 4200 DE ABRIL DE 2009) e foi publicado em um tempo que o Blog não existia ainda. A minha saúde física na época já tinha sido afetada. 

Apenas havia um corpo vibrátil, que pela dor pós-acidente que sofri, se afetava com os vários acontecimentos daquele momento. Resolvi republicar por um pedido especial e pelo fato de estar estes dias com muitas dores pela mudança climática absurda que estamos vivendo. Os meus parafusos presos me anunciam a temperatura, já que os soltos na cuca não funcionam tão bem. O frio do tempo anda se combinando com outras insensibilidades e friezas. Aos que já leram peço que descubram o prazer da releitura, pois um novo olhar nasce todos os dias em corações e mentes inquietas. 

AOS QUE AINDA NÃO LERAM o meu desejo que façam uma breve parada para refletir sobre as nossas SAÚDES:

A Saúde e o Sentido Para a Vida

"Um sábio escritor/aviador/filósofo, Antoine de Saint-Exupéry,nos deixou como legado, para além do Pequeno Príncipe, um alerta sobre a necessidade de que busquemos um Sentido para a Vida. Ele nos indicou o caminho quando, em seus livros Terra dos Homens e Um Sentido para a Vida, nos disse: "De que estamos nós precisando para nascer para a vida? Precisamos nos dar. Sentimos que o homem não pode comunicar com o homem senão através de uma mesma linguagem.... Quando nos encaminharmos na direção boa morte, aquela que tomamos na origem, ao despertamos do barro, somente então seremos felizes. Só então poderemos viver em paz e morrer em paz, porque o que dá um sentido à vida dá um sentido à morte".

Necessitamos, hoje, no mundo do medo líquido e das vidas desperdiçadas ou da vida nua, urgentemente de uma nova linguagem universal. Necessitamos todos de uma Nova Saúde, a moda de Nietzche e Walt Whitman. Necessitados estamos todos e todas de um sentido para nossas vidas.

Hoje, dia 07 de abril, se comemora o Dia Mundial da Saúde. Amanhã o que comemoraremos? o desaparecimentos das 'novas pestes e epidemias? o fim de nossas 'não-visões brancas'? o surgimento de novos meios biotecnológicos de controle das mortalidades e do sofrimento humano? ou o enriquecimento e dignificação da vida humana com novos princípios éticos e bioéticos?

(HOJE, EM 2010, ACRESCENTO A CONFIRMAÇÃO DE QUE TEMOS UM NOVO TEMPO DO CAPITALISMO DOS DESASTRES EM MOVIMENTO, POIS AS CATÁSTROFES, TERREMOTOS E INUNDAÇÕES PASSARAM A SER CRÔNICAS DE MORTES ANUNCIADAS, E, LOGO APÓS CESSADO O VENTO, A CHUVA E OS TREMORES,SURGEM NAS TVS A ONDA DE PEDIDOS DE VERBAS POLÍTICAS PARA A RECONSTRUÇÃO DE CIDADES, COMO OS MILHÕES PARA O RIO DE JANEIRO INUNDADO NESSE ABRIL FRIORENTO)

Digo que sem a última resposta de nada valerá uma resposta às indagações anteriores. Senão, gananciosamente, os proprietários/empresários da Sáúde nos anunciarão/venderão uma falaciosa "descoberta" de um novo modo de Viver e Morrer, inclusive com as frequentes violações de todos os princípios sobre pesquisas em seres humanos. Isso, diante da nossa alienação, se não prestarmos atenção, com urgência, para a produção do que chamo de Vulneração/Expropiação da Vida.

Hoje é (era) dia de exclusão. Sim é(era) dia de exclusão 'saudável' no Big Brother. E se estamos todos aguardando o próximo 'milionário' e seu 'milhão', que dizem ser escolhido por nós, continuamos também assistindo a terra, a gaia, tremendo e nos anunciando novas e italianas e universais mortes, bem como novas lágrimas em olhos afegãos e/ou africanos ou nordestinos.

 A nossa atual sensibilidade para o sentido Universal da Vida tem, na banalização das violências, tornado , a cada dia na Idade Mídia, um modelo de viver. Nos estão afirmando, 'economicisticamente', que 'vale tudo' para vencer entre os muros, sob as câmeras e teletelas, com uma visão naturalizadora de um panóptico olhar de milhares de nós-espectadores.

(NESSE MÊS AINDA ESTOU LAMENTANDO A NÃO EXCLUSÃO DE UM BROTHER QUE SE REVELOU HOMOFÓBICO E PREPOTENTE, ALÉM DE TOTALMENTE DESINFORMADO SOBRE AIDS E SUA NECESSIDADE DE PREVENÇÃO PARA TODAS FORMAS DE EXPERIÊNCIAS SEXUAIS, E AINDA GANHOU, COM GRANDE APOIO POPULAR O SONHADO MILHÃO, POR SUA PERFORMANCE E RESISTÊNCIA ÀS EXPERIMENTAÇÕES TORTURANTES DE UM GRUPO PREVIAMENTE PREPARADO PARA ESTE REALITY SHOW SEM VIDA REAL...)

Estamos comemorando hoje a saída de nossos 'irmãos' ou 'irmãs' do Big Brother. Estaremos, então, felizes por nos identificarmos projetivamente com o Vencedor(a). Porém ,em seguida, quando um pequeno indiano nos ensinar como 'ganhar o primeiro milhão e nos tornarmos todos milionários', ainda assim estaremos cativos de um medo fundamental: "o medo de ser pinçado sozinho da alegre multidão, ou no máximo separadamente, e condenado a sofrer solitariamente enquanto todos os outros proseguem seus folguedos. O medo de uma catástrofe pessoal" (1).

Vivenciamos, absortos e absorvidos (mas não absolvidos) diante das nossas TVs um 'show da realidade', ou seja o reality show que está nos, subliminarmente, avisando que seremos 'inevitavelmente' excluídos. Apenas um será o milionário. 

Confirmar-se e se naturaliza que o hipercapitalismo tem suas razões e suas verdades. Não será e não é preciso que ninguém nos advirta que estamos 'nos assistindo' nos reality shows da vida. Sabemos e naturalizamos que para vencer teremos de lutar para não sermos excluídos. Já nos colocamos como pré-desfiliados. E isso ocorrerá na fila do INSS, na fila do banco, na fila da escola, na fila do espetáculo, nas filas de entrada para a Era do Acesso, onde alguns poucos selecionados podem participar do show e milhares serão seus 'tele-colegas' deste trabalho sob clausura e confinamento.

(NESSE ANO DE 2010 FOI DADO O OSCAR PARA A GUERRA AO TERROR. UM AVISO AO MUNDO DE QUE NOVOS HERÓIS DESARMADORES DE HOMENS BOMBA ESTÃO EM AÇÃO, PARA PROTEÇÃO DOS QUE, MESMO INVADIDOS, SÃO AINDA VISTOS COMO OS FRACOS PERIGOSOS QUE PRECISAM DE LIÇÕES DE BIOPOLÍTICA DO CONTROLE TOTAL DE SUAS VIDAS, PETRÓLEO E OUTRAS RIQUEZAS, POIS A ÍNDIA SÓ SERÁ AMEAÇA SE APRENDER A FAZER USO BÉLICO DA ENERGIA NUCLEAR. OS FRÁGEIS E VIOLENTADOS MENINOS E MENINAS DE QUEM QUER SER MILIONÁRIO DE LÁ SÃO SUBSTITUIDOS PELOS FORTES E BEM DOTADOS DOURADOS RAPAZES TATUADOS DAQUI...)

E onde entra a Saúde no meio deste cenário? sim, as nossas saúdes (que não serão apenas a ausência das doenças) entram na necessidade do que Viktor E. Frankl (2), a quem dedico(dediquei) algum tempo de minhas leituras atuais, afirmou de forma contundente sobre sua experiência no campo de concentração de Auchwitz: "...que o sentido da vida sempre se modifica, mas jamais deixa de existir..., podemos descobrir esse sentido na vida de três diferentes formas: 1. criando um trabalho ou praticando um ato; 2. experimentando algo (como o amor, a beleza, a verdade) ou encontrando alguém; 3. pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável".

A mim, na minha atual condição de saúde vulnerada, me interessa a autotranscendência necessária para o reconhecimento de minhas fragilidades consideradas humanas, inclusive, com o 'direito humano' de me deixar contaminar pela 'cegueira branca das mídias globais'. É, então, diante de minha vulnerabilidade humana que precisarei estar trabalhando, micropoliticamente, pela busca de novos modos de ser e estar no mundo.

Tenho, em homenagem a Orwell, a incansável tarefa de humanizar meus atos médicos, realizando as experimentações e pesquisas, com crítica e ética, de todos os avanços que a Medicina e as Biotecnologias em que estou envolvido/capturado.

Devo tentar alcançar a proposta de Frankl, ele também médico e psiquiatra. Ele realizou com persistência e nobreza o ato da sobrevivência em um campo de concentração, reforçando que muitas vezes foi o humor, o amor aos seus semelhantes , o reconhecimento de seus algozes da SS como humanos, a resiliência e permanente busca de uma outra forma de saúde, lhe permitiu sair vivo desta experiencia crucial de vida nua, ou seja: buscar aquilo que alguns filósofos existencialistas ensinam, ou seja, tolerar a FALTA DE SENTIDO DA VIDA. 

Podemos, portanto, mesmo diante de uma situação inexorável e de nossa finitude, afirmar nossa transitoriedade vital e, com coragem e determinação, afastar o medo líquido e certo da Morte, afirmando que a Vida tem um sentido incondicional. O que nos dá um sentido às nossas vidas também dará um sentido às nossas mortes.

Por isso digo, em especial aos que ainda olham como inválidos os que se tornam pessoas com alguma forma de incapacidade ou deficiência, que a Vida vale a pena (sofrimentos criativos) e as penas (sofrimentos patológicos), quando compartilhamos de uma nova linguagem universal. Mais vale ainda se seu sentido e linguagem é propor um novo paradigma ético-estético e político para o viver (Guattari), onde tentamos ser éticos, para ser potência ativa que surge na imanência das práticas para coordenar a vida e escolher a forma de vivê-la, com profundo respeito à Diferença e os Outros. 

Mais ainda olhando com um olhar para além do olhar, um novo modo de ver/sentir estético e subversivo, rompendo, como criação e criadores permanentes, a pretensa unidade economicista do mundo capitalístico e globalizado atual; e, finalmente, nos afirmando micropoliticamente com a implicação de escolha de que modos de mundo desejamos VIVER e MORRER COM SUAVE DIGNIDADE.

A TODOS E TODAS MEU DESEJO DE UMA SAÚDE PARA ALÉM DA QUE NOS DIZEM SER NECESSÁRIO E INDICADA PARA BEM-VIVER.

jorgemarciopereiradeandrade copyright 2009-2010-2011 e ad infinitum enquanto houver saúde... TODOS DIREITOS RESERVADOS 2025

Referências bibliográficas -

Na imagem publicada - 1984 - George Orwell - Companhia Editora Nacional - São Paulo, SP, 1977

https://www.duplipensar.net/george-orwell/1984-orwell-resumo.html

(1) Medo Líquido - Zigmunt Bauman - Jorge Zahar Editora - Rio de Janeiro, RJ, 2008.

(2) Em Busca de Sentido - Um Psicólogo no Campo de Concentração - Viktor E. Frankl - Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2008 - 26ª Edição.

Fonte original:
   InfoAtivo DefNet - 4387 - 07 abril de 2010 

NOTA- OS ACRÉSCIMOS DE TEXTO AO ORIGINAL FORAM ESCRITOS EM LETRA MAIÚSCULA E ENTRE PARENTESES  EM ITÁLICO ( PARA QUE AS ATUALIDADES E ACONTECIMENTOS) POSSAM CONFIRMAR A ATEMPORALIDADE DE ALGUMAS DE MINHAS IDÉIAS E DOS AUTORES CITADOS, LAMENTAVELMENTE, A RODAVIDA RODA E A VIDA RODA APESAR DA DONA MORTE).

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