Imagem publicada – uma foto
de uma homenagem pintada há muitos anos atrás para mim, por uma artística
cliente e ensinante, Maka, onde sou representado e cercado por frases: Freud explica, Winnicott também, Jung idem e
Jorge ibidem..., no canto direito está escrita a nossa grande descoberta
mútua: - “e eu tento entender...”. Um terno e eterno aprender... Será que algum dia, em futuro longínquo, poderemos vir a “entender” sem querer
enclausurar ou capturar, todas as nossas “loucuras”?
“Uma
doente fala sozinha, será que não tens medo da imagem do teu corpo? Eu estava
sempre à espreita da doutora. A vê-la um instante, falar com ela ser real... reencontrar-me...
O grupo: trinta doentes com uma equipe médica, vão todos espiar-se, vigiar-se,
insultar-se, odiar-se, amar-se, projetar uns nos outros, viver em conjunto a
loucura. Pouco sei dos outros, estou sempre só...”
(Emma Santos – O Teatro).
Habeas Corpus Insanus ad
eternum!
Resgato essa poetisa,
artista e sempre teatral Emma, direto dos mais antigos livros que guardo com
carinho. Ela, que passou pelas agruras de mais de uma internação psiquiátrica
em Portugal, nos anos 60/70, me ensinou a buscar o coração que foi pintado pela
outra artista que me afetou.
Foi dela que aprendi que: “A manhã volta. A manhã volta sempre...”,
por mais soníferos, ansiolíticos, antipsicóticos e antidepressivos que tenhamos
ingerido, o amanhã virá, inevitável e, se for dentro do hospital psiquiátrico,
mais duro ainda.
Na busca da suavidade
necessária e do processo de humanização desses estabelecimentos e suas
instituições me joguei de corpo e alma, muitos dias, muitas horas. As marcas do
convívio com os espaços de tratamento ou confinamento das ‘loucuras’ não são só
do corpo. Ficam também nos nossos corpos, para além dos outros, simbólicos ou
não. Agora posso de corpo ferido e mente alerta, mesmo à distância física, ter
outras implicações.
Hoje, perto de mais um
momento de festa e bola rolando, me aviso e lembro-me dos que irão ver jogos
apenas pela televisão. Distanciados e intocáveis. Isto se a televisão estiver
ligada e permitida.
São os que permanecem e
ficarão “fora dos estádios” normalizadores. São os ‘doentes mentais’ que, devido
às suas infindas institucionalizações em clínicas, Caps ou outros resquícios de
sanatórios e manicômios ou “minicômios reabilitadores”, “não batem bem da bola”,
ou da “cachola”, ficam sempre com o cartão vermelho, expulsos de quaisquer
partidas oficialmente normais, como o mercado de trabalho.
Aos inadvertidos digo: eu
gosto de futebol, mas não sou mais um fanático. Eu amo/respeito/sinto os loucos
de toda sorte, mas não sou fanático por nenhuma loucura, a não ser a minha
própria... Não lanço nem privadas e muito menos bananas racistas...
Entretanto, para muitos de
nós, os próprios psis e os que se denominam normais, somos classificados como
loucos. Os ditos que não são tão malditos, afinal, de ‘médico e de louco todo
mundo tem um pouco’.
Caso venhamos a passar por
acidentes ou traumas, também adoecidos, penduramos as chuteiras. E, dizem,
portanto, que também somos “ruins da cabeça’’, já que ficamos, como nossos
pacientes, “doentes dos pés”, de “miolo mole”, mais para Garrinchas dopados do
que para os que continuam equivocados como Pelés.
Por isso, aquilo e mais um
pouco temos de aprender a sermos os meio-de-campo-Loucos... Nesses áridos não
gramados campos abertos a placares inusitados, com jogos que devemos aprender a
perder. Nunca seremos, aí nessas arenas fechadas e totais, os campeões. Apenas
nos tornamos os espertos ao contrário, como já disse, sábia e vividamente a
Estamira.
Ao viver nessa e dessa
insanidade, como risco necessário desse trabalhar, oriundas de si próprio e do
Outro é que precisamos nos tornar mais finitos. Um estar, mais que ser, na
transitoriedade desses jogos inter-humanos, em permanente estado de
desinstitucionalização. Abraçarmos a nossa suposta derrota: os loucos sempre vencem
mesmo enclausurados. Por quê?
Já nos foi dito: os muros que ainda não
derrubamos estão dentro de nós... São as verdadeiras muralhas que nos protegem
do que mais tememos: ensandecer como o espelho deles e de nós próprios. O seu
sofrimento psíquico não nos é estranho ou estrangeiro. Faz parte de nossa história,
seja social ou cultural, biográfica ou historiográfica.
Fomos, com a Medicina
psiquiátrica, durante mais de um século os responsáveis por determinar a
distância entre a sanidade e a loucura. Como medidores e avaliadores
fisicalistas nos foram dadas ferramentas para incluir ou excluir. Foi-nos dado
o aval, e ainda permanece como paradigma, a nossa capacidade de dizer quem está
“doente da cabeça”. Os lunáticos que não andam sobre os pés. Os que dizemos
estão fora do chão das nossas realidades.
Lá no século XVIII o mundo
da loucura, que ainda recebe esse nome/estigma, segundo Foucault ‘vai tornar-se o mundo da exclusão’.
Modificamos em quase três séculos esse modelo e paradigma excludente?
Nos meados daquele século é
que foram criados os primeiros estabelecimentos para a grande internação. Não
eram como os aprimorados equipamentos e hospitais de hoje dedicados apenas aos
sofrimentos psíquicos graves e persistentes.
Os ‘Hospitais Gerais’
recebiam, como seus sucessores manicômios, toda uma série de sujeitos
diferentes. Segundo Foucault lá, “pelo
menos segundo os nossos critérios de
percepção: encerram-se os inválidos pobres, os velhos na miséria, os mendigos,
os desempregados opiniáticos, os portadores de doenças venéreas, libertinos de
toda espécie, pessoas a quem a família ou o poder real querem evitar um castigo
público, pais de família dissipadores, eclesiásticos em infração, em resumo
todos aqueles que, em relação à ordem da razão, da moral e da sociedade, dão
mostras de ‘alteração’...”.
E a que discrepâncias
sociais, anormalidades, desvios morais, atos infames e ‘alterações genéticas’
estaremos, generosa e piedosamente, nomeando, classificando e destinando para
nossas ‘novas’ instituições dedicadas aos loucos?
Digo que são os ‘novos
malditos’. São os que apesar de não serem tão ‘perigosos’ ocupam agora os
antigos espaços dos hansenianos e dos amaldiçoados pelos soberanos. São as
novas e sempre bem vindas, biopoliticamente, Vidas Nuas. Pergunte-se se não há
na citada lista foucaultiana nenhum dos termos lá que empregamos ainda por cá e
acolá. Naturalizamos suas modernas versões humanas?
A resposta é que ainda temos
de continuar o que se denominou de ‘luta antimanicomial’. As velhas e
carcomidas instituições arquitetônicas dos manicômios, das Barbacenas, perduram
em novas e bem instrumentalizadas formas de encarceramento. Não são só os
portões e grades que nos separam deles, dos loucos.
Separam-nos as novas
terminologias, novos diagnósticos, novas medicações, novos meios de contenção
física, novos/velhos falsos cuidados desses Outros.
Aí, com certeza e direito, Emma que
nunca foi santa, nos cuspirá, no rosto maquiado dos nossos belos avanços, a
verdade de nossa neurótica e desinstituinte repetição: o ontem sempre vem, e,
extenuados, não construímos e nem vemos saídas, não há nenhum amanhã possível?
Pela necessidade de
responder às muitas Emmas, Estamiras e outros Cids que, com seus delírios ou
alucinações, compulsória e involuntariamente são serão internadas, desviantes
que se tornam, é que faço essa afirmação da desinstitucionalização.
Urge caminhar para além das
deshospitalizações, para além das desterritorializações dos sofrimentos dos
Outros, sempre sujeitados e cada dia menos sujeitos, singulares, individual ou
grupalmente.
Para além dos territórios já
conhecidos e demarcados, digo que a Saúde Mental pode, amorosa e
micropoliticamente, vir a ser revolucionária. A quebra de estigmas e
preconceitos com a loucura, assim como com os racismos, as homofobias e outras
discriminações também é tarefa dos atores e inventores/vetores dessas Outras Saúdes.
Como dados de realidade,
para que não digam fanático pela demolição dos manicômios visíveis, posso citar
o levantamento da situação de pessoas em sofrimento mental prolongado aqui em
São Paulo, o Censo Psicossocial sobre Moradores de Hospitais Psiquiátricos, no
ano de 2008. Este censo perguntou a um
morador de um hospital psiquiátrico se ele gostaria de morar fora do hospital.
Ele respondeu: “...quero ir embora... mas não tenho mala”.
Segundo essa mesma pesquisa
estatística, a população internada em hospitais há mais de um ano era de 6349
internados em 56 hospitais psiquiátricos, em 38 municípios, e em 15 DRs. Dessa
amostra populacional existiam 3930 homens e 2416 mulheres. Ressalte-se que
quase 63% era de não alfabetizados, quando surgem então as crianças e jovens
internados. Entre eles 42,1% possuíam ausência total ou parcial de dentes. Como
sorrir, então, dentro desses cenários institucionalizantes?
Quantos estão agora ainda em
processo de internação prolongada e sem perspectivas, sem mala, sem destino,
sem respostas, sem novos caminhos ou futuros, mesmo que sejam residências
terapêuticas?
O outro e alegado cenário,
que aí surge, é o da ‘transinstitucionalização’, ou seja, os muitos que saíram
de hospitais psiquiátricos fechados. Mudaram de ‘mala e cuia’, como dizem lá em
MG, para novos ou velhos espaços medicalizados. Desse total pesquisado pelo
censo 43% (2741 pessoas, ou melhor, cidadãos e cidadãs) tornaram-se “moradores”
dos novos equipamentos. Ocupam os ‘leitos-noite’ que não tem dia seguinte,
muito menos a desejada ‘alta’?
Nessa perspectiva é que
ainda há que resolver as questões macropolíticas geradas e alimentadas pelo
descaso dos gestores. Faltam os recursos, os trabalhadores, e, principalmente,
a chamada política pública estruturante. Com estes números citados, apenas uma
das pontas visíveis de um grande iceberg de ‘usuários’, é que devemos uma
resposta desinstitucionalizante, uma afirmação de vida para além dos limites já
inventados ou recém-instituídos.
Pelo já escrito, assim como
pelo que me foi ensinado nos meus anos capsciosos, é que digo que a
Psiquiatria, e não menos outras especialidades psi e próximas, se revelam,
diante do dito louco e da loucura, portadoras de um instituído vertical e
enraizado, mais que quaisquer outras instituições.
Nós, os benditos
trabalhadores dessa saúde e pela ação biopolítica de nossos zelosos
equipamentos de cuidado, interrogo se podemos e nos tornamos excelentes e eficientes
administradores ‘daquilo e daqueles que sobram’, dos excedentes ou novos
desfiliados sociais? Contribuímos, por exemplo, para a gentrificação e
higienização das grandes ‘lândias’ das grandes cidades?
Seríamos, ou melhor, nos
tornamos uma instituição residual, que detém ela mesma, em relação ao sistema
instituído como Saúde Mental, um poder tanto insubstituível quanto um
simulacro, ou seja, seríamos capazes de fazer o papel de quaisquer uma das
outras instituições que nos transversalizam, seja a Justiça, o Governo ou mesmo
a Família...
A desinstitucionalização dá
trabalho, é árdua, exigente de uma Análise Institucional, ela própria que se coloca
em implicação com seu próprio fim, finalidade ou demanda. Essa que lhes
proponho tem que ir além das teorias e dos diagnósticos. Como dito lá em cima,
vai além dos Freuds, dos Jungs e dos Winnicotts, e, com certeza, muito além de
mim e do meu corpo/vida/máquina desejante.
Esse caminho árduo para a
desinstitucionalização passaria pelo buscar soluções singulares, heterogêneas,
realmente substituíveis (ou melhor, até descartáveis por sua temporalidade
ligada à existência e vida do sujeito), com uma ‘intervenção prática que
remonte a cadeia das determinações normativas, das definições cientificas, DAS
ESTRUTURAS INSTITUCIONAIS, através das quais a ‘doença mental’(o irremediável problema
chamado de Loucura) assumiu aquelas formas de existência e expressão...
Enfim, preciso e lhes desejo
contaminar com uma necessidade de novos gestos, de novos e criativos contatos
com esses Outros, em nós e nos Outros que denominamos mais loucos que nós
próprios.
A vocês, todos e todas, em tempos
de medos líquidos, deixo a poesia demolidora de desafetos de Max Pagès, que
incluiria Reich entre os meus indicadores analíticos da pintura-interrogação de
mim, o sujeito de um suposto saber psicanalítico ou psiquiátrico distanciador:
“...
Cada gesto é necessário e leva a outros gestos
Desconhecidos,
necessários também,
Que
levam a outros gestos e a outros ainda desconhecidos.
Se
se aceitarem os gestos que são necessários às pessoas
Elas
podem viver, senão, arrebentam.
Amar
é aceitar os gestos dos outros
Amar
é fazer gestos que nos são necessários
Amar
é arriscar ficar só, e é também arriscar destruir
Os
outros e a si próprio”.
Por esse desejo, como um
rizoma, de uma molecular revolução que nos desinstitucionalize, desmassifique e
nos torne singularidades mutantes e amantes do viver, com toda intensidade que
isso exige, é que digo e lhes docementeabraço: - estendam a mão, ofereçam o
ombro, aceitem o olhar, mudem a escuta distanciada, fria, diagnosticadora,
sensibilizem-se pelo corpo e pela diferença que sempre é o Outro e o próximo,
para além do temor que nossas ou suas loucuras recônditas nos provoquem.
E,
finalmente, que se manifestem como somos também: uma ou muitas multidões...
com um
doceabraçoantimanicomialeresiliente...
Copyright/left
jorgemarciopereiradeandrade 2014/2015 (favor citar o autor e as fontes em
republicações livres pela Internet e em outros meios de comunicação com e para
as massas)
Leituras
inquietantes para inquietos pensantes:
O
Teatro – Emma Santos, Editor Assírio e Alvim, Lisboa, Portugal,
1981.
Doença
Mental e Psicologia – Michel Foucault, Editora Tempo Brasileiro,
Rio de Janeiro, RJ, 1975.
O
Trabalho Amoroso: Elogio da Incerteza – Max Pagès, Editora Veja Universidade,
Lisboa, Portugal, 1986.
Filme
que deveríamos sempre reapresentar e rever:
Estamira, um
filme de Marcos Prado https://www.youtube.com/watch?v=KFyYE9Cssuo
Fonte
de pesquisa –
Desafios
para a Desinstitucionalização - Censo Psicossocial dos Moradores de Hospitais
Psiquiátricos no Estado de São Paulo, Sonia Bichaff & Regina Bichaff
(orgs.), 2008 –
LEIAM
TAMBÉM NO BLOG –
O MANICÔMIO MORREU? PARA QUE O MANTEMOS VIVO EM NÓS?
OS
NOVOS MALDITOS E AS NOVAS SEGREGAÇÕES: da Lepra ao Crack http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/02/os-novos-malditos-e-as-novas.html
SAÚDE
MENTAL: quando a Bioética se encontra com a Resiliência. http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/10/saude-mental-quando-bioetica-se_11.html
SAÚDE
MENTAL E DIREITOS HUMANOS COMO DESAFIO ÉTICO PARA A CIDADANIA https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/06/saude-mental-e-direitos-humanos-como.htm
OS NOSSOS CÃES desCOLORIDOS - Nossas
"depressões" e o Dia Mundial da Saúde Mental https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/os-nossos-caes-descoloridos-nossas.html
ALÉM
DOS MANICÔMIOS - 18 de maio/ Dia Nacional de Luta Antimanicomial https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/05/alem-dos-manicomios-18-de-maio-dia.html
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Saúde
Mental? Quando internamos os Centros de Atenção Psicossocial? https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/11/saude-mental-quando-internamos-os.html
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NUNCA MAIS! https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/10/os-mortos-vivos-do-hospicio-que.html
RETORNAR
À CASA VERDE, RETROCEDER E INSTITUCIONALIZAR A LOUCURA? OU SOMOS “TODOS”
LOUCOS? https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/05/retornar-casa-verde-retroceder-e.html
Artigo lúcido e sensível. Parabéns e obrigada por trazer a tona a reflexão.
ResponderExcluirQuerida Jenny
ResponderExcluiras nossas implicações comuns com a luta antimanicomial já vêm inscritas em nossos corações há muito tempo... e devemos continuar acreditando nas mudanças, apesar de incertas, que garantem e afirmarão os direitos humanos em Saúde Mental... E que a reflexão possa nos trazer mais força ainda para essa caminhada e luta, ou como disse ao escrever para um jogo que não terminou ainda... e que muitas vezes já perdemos. Um doceabraçoantimanicomial jorge márcio
Obrigada Jorge pelo lindo e reflexivo texto!
ResponderExcluirO que mais me instiga neste texto é a a frase do morador de um hospital psiquiátrico quando indagado se ele gostaria de morar fora do hospital [..] Ele respondeu: “...quero ir embora... mas não tenho mala”.[..].
Penso que a nossa cultura manicomial, como você lembrou, não é de agora mas sim de tempos, e pontualmente muito bem colocada como " modelo e paradigma excludente". E estes modelos já está enraizados em nossa cultura, pois aqueles que não estão de acordo com os padrões da "nossa sociedade", devem ser "excluídos" de alguma forma, e a melhor forma é o encarceramento. E esta exclusão já encontra aliados fortes na própria família.
Quantos dons desperdiçados...quantas vidas. A nossa obrigação é dar-lhes muito amor e atenção para que seus dias sejam, pelos menos, mais agradáveis.
Todo mundo tem direito de existir e de ocupar um espaço neste mundo!!!
Jorge, parabéns pelo belo e reflexivo texto!
ResponderExcluirO que mais me instiga é quando um morador de um hospital psiquiátrico foi indagado se ele gostaria de morar fora do hospital. [..] Ele respondeu: “...quero ir embora... mas não tenho mala”.[..]
Esta cultura "manicomial" nos está enraizada há tempos, isto não é nada recente. E como você bem colocou modificamos ou fizemos algo para mudar estes "modelos e paradigmas excludentes"? Este estigma ainda encontra fortes aliados nas próprias famílias dos "excluidos". Por que? Por que não vão de encontro às expectativas de uma sociedade que postula o que é "normalidade"? E daí, a melhor forma até agora encontrada é a "exclusão" na forma de "encarceramento"?
Quantos dons desperdiçados.....quantas vidas! Estes seres "iluminados" precisam muito mais de atenção e amor, do que aquela centena de soníferos, ansiolíticos, antipsicóticos e antidepressivos, para que possam alcançar a tão necessária “paz mental”.
Todos têm o direito de existir e ocupar um lugar no mundo!
Habeas Corpus Insanus ad eternum!!!
Certamente esse desenho diz muito do que sua cliente entendia e queria representar, tinha fundamentalmente o especialista e as palavras que estão pressupostas nas análises, nos diagnósticos e nos resultados... Muito bom seu texto e principalmente à comparação com a bola que rola e enrola os que são bons da cabeça, mas podem ser doentes do pé, que ainda não sabem aonde tocar e os motivos pelo quais tocam ... Então que a resiliência seja suficiente para uma reflexão aprofundada!!! Tive duas experiências com "manicônios", uma quando fazia as disciplinas de Licenciatura, pois no Fundão (UFRJ) eram apenas as do bacharelado e as outras ao lado do PINEL ( Paria Vermelha) e os supostos "doentes" transitavam pelas ruas da Universidade e muitos colegas , tinham "medo"... Estava claro à realidade e o que a proximidade dos mesmos fazia naquele inventário psíquico, de intelectuais temerosos !!!! A outra foi na Adolescência, visitando o pai de um namorado na Casa dr. Eiras, em Paracambi,local que depois de muitos anos, por ter sido denunciado, em suas práticas de choques e outras aberrações , enviou seus pacientes opara casa de forma compulsória!!! Então, que nossa realidade seja menos dolorosa e mais amena!!! Grata Jorge Marcio Andrade!!! Doceabraçoantimaniconial
ResponderExcluirCertamente esse desenho diz muito do que sua cliente entendia e queria representar, tinha fundamentalmente o especialista e as palavras que estão pressupostas nas análises, nos diagnósticos e nos resultados... Muito bom seu texto e principalmente à comparação com a bola que rola e enrola os que são bons da cabeça, mas podem ser doentes do pé, que ainda não sabem aonde tocar e os motivos pelo quais tocam ... Então que a resiliência seja suficiente para uma reflexão aprofundada!!! Tive duas experiências com "manicônios", uma quando fazia as disciplinas de Licenciatura, pois no Fundão (UFRJ) eram apenas as do bacharelado e as outras ao lado do PINEL ( Paria Vermelha) e os supostos "doentes" transitavam pelas ruas da Universidade e muitos colegas , tinham "medo"... Estava claro à realidade e o que a proximidade dos mesmos fazia naquele inventário psíquico, de intelectuais temerosos !!!! A outra foi na Adolescência, visitando o pai de um namorado na Casa dr. Eiras, em Paracambi,local que depois de muitos anos, por ter sido denunciado, em suas práticas de choques e outras aberrações , enviou seus pacientes opara casa de forma compulsória!!! Então, que nossa realidade seja menos dolorosa e mais amena!!! Grata Jorge Marcio Andrade!!! Doceabraçoantimaniconial
ResponderExcluirComo sempre os textos de Jorge Marcio são importantes pelo conteúdo e forma como escreve. Analise de modo compreensível a questão das instituições e pessoas tidas como "ruim da cabeça" Mas há gente doente do pé! Assim o médico psiquiatra Jorge aborda temas e esclarece realidades para muitos desconhecidas!
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