Imagem publicada- uma foto de uma pintura de Rugendas, o
pintor alemão que viajou o Brasil de 1822 a 1825, retratando costumes e hábitos
instituídos pela Escravidão, como na cena com título CASTIGOS DOMÉSTICOS, onde
aparecem diferentes personagens, à direita vemos os senhores e senhoras da
fazenda, com mulheres brancas sentadas, uma que cata piolhos nos seu rebento,
outra traz um bebê ao colo, com um cachorro que pula em sua direção, outra em
pé, ao lado de um capitão do mato branco, tendo ao centro o Senhor branco
sentado em uma cadeira e com uma palmatória na mão, tendo à sua frente três
escravos: um negro que é castigado, uma criança negra nua e uma mulher negra
puxada por outro capitão do mato branco que tem um açoite nas mãos. No canto
esquerdo estão, embaixo de uma árvore, observando e se distanciando da cena
central, cinco outros escravos negros, apoiando-se em uma roda de carro de
bois. A cena não é de um manicômio, mas sim de uma Casa Grande. A cena não demonstra
encarceramentos ou correntes. A cena apenas traz o mesmo instrumento que foi
usado de forma DISCIPLINAR tanto nas escolas como nos hospícios: a PALMATÓRIA.
Estendam as suas mãos!
“Somos todos loucos.
Alguns o sabem, outros o ignoram. A maioria teme a sua própria loucura e
corta-lhe as asas”
(Jacques Lesage de La Haye – in A Morte do Manicômio)
O manicômio, ou melhor, os manicômios morreram ou morrerão?
Eis uma pergunta que deveríamos nos comprometer com ela. Uma implicação que
temos de buscar. Um entregar-se de corpo e alma, principalmente a última, na
resposta sobre nossas necessidades de encarceramento, isolamento e exclusão do
Outro.
Já sabemos como se constroem arquitetonicamente colônias, hospícios
e os hospitais para os alienados. A sua história, historiografia e gênese já
nos foram demonstradas. A lógica e a finalidade de exclusão do que é e era
considerado Loucura têm muitos escritos sobre elas. Ainda cabe um maior
aprofundamento na pesquisa e no investigar sobre a sobrevivência dos manicômios
em nossos imaginários, seja no individual como no coletivo?
Uma ponte explicativa possível, nesses tempos da Idade Mídia,
é seu vínculo com o Poder e as Violências institucionalizadas. Naturalizadas como
instituições se tornam e são demandas e tem suas gêneses em biopolíticas. Como diz Eugene Enriquez, o poder surge nas e
das instituições, esse ‘conjunto formador que se refira a um saber teórico
legitimado e que tenha por função garantir a ordem e um determinado estado de
equilíbrio social’.
O que são essas ditas, benditas ou malditas “instituições”?
Para os que só as veem, quando querem enxergar, além dos olhos e das visões
autorizadas, como os que não se sabem seus reprodutores, podemos dizer que são
as modalidades cristalizadas das relações sociais, ou seja, o sistema de poder.
Estão, por exemplo, nos alicerces das leis, das políticas, da educação e dos
inconscientes.
Há dois dias, por exemplo, midiatizou-se uma das mais
importantes das instituições: a família. Por ter também o seu ‘Dia’, milhares
de postagens a homenageavam e ‘glorificavam’ nas redes sociais. Onde está a
família no quadro de Rugendas? Quais são os que ameaçavam a sua estrutura e
normalidade nessa pintura?
Eis, pois uma das formas sutis de nossas instituições
sagradas e seculares. Não lhes atribuem ‘poder’ ou ‘poderes’ sobre nós? Elas se
perpetuam por nós e para nós. Nosso quadro pintado pós modernamente é outro? Ou
apenas dizemos que vivemos agora uma “nova” multifacetada e plural família?
Nossos ritos e nossas tradições familiares permanecem intocáveis e imutáveis? Ou
mudaram suas funções e papéis? A palmatória pós moderna virou o que? E que
ninguém ouse questionar sua sacralidade.
A sua desmitificação
será, para muitos, tomada como uma demolição ou iconoclastia. Porém, eis uma das formas instituídas que
legitimaram a retirada, de seu meio e seio, aqueles que dela se desviaram ou
divergiram. Muitos ‘loucos’ e outros desviantes ou transgressores de normas foram
e ainda são motivo desse desejo de segrega-los, de encontrar uma instituição /organização
que dê conta de sua desordem ou desequilíbrio. Entretanto, dizemos, no passado, que a família,
instituída como normal, era parte da doença, por isso poderia ser a cura dos
seus loucos e suas anormalidades?
Como uma ‘grande família’, em datas especiais, devia e deve
ser re-unida. A indagação que deve continuar principalmente no Dia Nacional de
Luta Antimanicomial é sobre seus fundamentos e alicerces políticos, sociais e
religiosos, já que se sucede aos outros Dias, se alinha às datas comemorativas
de outras instituições. Bem perto da Abolição da Escravatura.
Hoje, por ser um momento de crise de governamentabilidades da
Vida, recrudescem as politicas do medo.
E, saindo de suas Casas Grandes, muitos senhores e senhoras, aliadas das
novas/velhas instituições, marcham em nome da pátria, da família e da moral. E
de suas propriedades.
Surgem ou são inventadas novas formas de assujeitamento e de
alienação. Agora com os novos aparatos e novos meios/recursos/alianças no campo
da Saúde Mental? A hora é de conter, aplicar a palmatória ou incitar as
manifestações contra os poderes constituídos e representativos na Política?
Diante das agitações ou das desordens, especialmente as
políticas, reinventamos, primeiro, os muros, as portas e as grades visiveis.
Quando institucionalizados e naturalizados se tornam invisíveis e ‘comuns’.
Depois passamos às ‘terapêuticas’’ medidas de tratamento, desde o banho gelado.
Hoje reapresentado como o esfriamento de quaisquer interações pessoais ou coletivas.
É preciso que mantenhamos distância do Outro e da Diferença. Passamos, em
seguida, pelas jaulas giratórias ou correntes. Hoje é natural e incentivado o
aprisionamento eficaz em teias invisíveis e autorizadas dos espaços chamados
redes sociais neo panópticas. Chegamos aos leitos de contenção e as celas
solitárias. Hoje, os nossos Leitos de Procusto, foram aprimorados com os
recursos tecnológicos, novas vigilâncias, novos modos de controle, novas drogas
lícitas. Somos a um só tempo: Espetáculo, ou Ameaça e seu Controle.
Nesse novo cenário ou distopia, assim atemorizados ou
momentaneamente heroicos, caso nenhuma verdadeira força instituinte consiga
romper nossas repetições históricas, como, realmente, demolir tão sutis
manicômios que não assim se denominam? Como então reconhecer nossas próprias
Casas Verdes agora com novas maquiagens, novas fachadas e falsas cores?
Desterritorializamos para reterritorializar? Como nos incluir nos espaços que
dizemos serem ideais apenas para os que devem ser afastados de nosso convívio?
Como desnaturalizar os nossos próprios preconceitos acerca do enlouquecimento e
do que chamamos de ‘doenças’ mentais?
Quem sabe se nos remetermos às nossas próprias profundezas
psíquicas, como em ‘cavernas de Platão’ ou ‘ tocas de Freud’, lá encontraremos
nossos Totens psicanalíticos e nossos Tabus psiquiátricos. Encontraremos os
nossos ‘demônios’ institucionais?
Diante dessas demonizações do Outro, como perigo ou anormalidade
ou diferença, poderíamos repensar o que
estamos inventando para justificar nossas novas fascistações e velhas cruzadas
para a caça às bruxas. Novos modos de produção de subjetividades amedrontadas,
com temor transfundido, surgem a despolitização do viver, a banalização das
violências e esse se distanciar das paixões e dos encontros. Afaste-se de mim
ou cale-se.
Agora é o momento de escolher
o melhor bode expiatório e aceitar quaisquer retrocessos, até mesmo as
diferentes ditaduras ou totalitarismos, sejam elas ou eles desde o que não sou Eu,
me considerando normal e puro, até aqueles Outros que pensam ou desejam
diferentemente, inclusive politica e ideologicamente.
Atualmente a moda e o
mais midiatizado é expor esses microfascismos publicamente, com hiperexposição,
pessoal ou grupal, como se fosse um desejo de “limpar a Sociedade” do Mal, da
Corrupção e dos Governos...
Esquecendo-se da senzala ou dos periféricos, se tornaram naturalizadores
e banalizadores de suas próprias violências, usam de todos os meios ou
estratégias, até as mais vis ou covardes para vencer ou derrotar esses males.
Distorcem suas realidades, vitimizam-se. Reinventam os mesmos muros
eletrificados e cercas de arame farpado.
O Panóptico atual precisa de câmeras, conspirações, falsos
delatores, policias grotescas e políticos mais que conservadores, racistas,
homofóbicos e fundamentalistas. Revivemos os confinamentos ou as
marginalizações. Agora as ‘camisas de força’ são para esses novos infames. Gritam
nos seus nacionalismos de ocasião: - Cadeia neles! E os seus legisladores mancomunados
exultam na criação de ‘leis mais duras’. E, para tantos novos prisioneiros não
há contêineres suficientes. Então, menos medrosos, gritarão: - Viva o
manicômio!
Os manicômios, portanto, como formas ocultas ou manipuladas
de poder instituído, permanecem como recalque de nossas próprias pulsões e
internalizações das Normas. Vivem e sobrevivem de nossas banalizações das mais
cruentas e violentas formas de dominação. Alimentam-se de nossa paranoia e
nossos histéricos modos de enfrentar, individual ou coletivamente, as crises e
as mudanças sociais ou culturais. Um exemplo recente e cheio de instituídos
ocorreu no Paraná. Mesmo com a agressão a direitos e a repressão, primeiro política
e depois policial, de quem tem a tarefa de educar para o questionar e a
cidadania, os nossos professores e professoras, as bombas e as balas de
borracha, no meio dessa rixa, podem ser naturalizadas e autorizadas.
Por esses acontecimentos e essas reflexões é que interroguei
e continuo me perguntando, motivado pelos 13 de Maio, data oficial da Abolição
da Escravatura. Podemos, como exercício da desmitificação da historiografia,
buscar no nosso passado da Princesa Isabel, que muitos institucionalizaram como
Áurea, a história da construção das leis, desde o ‘ventre livre’ à suposta
liberdade dos escravos, as formas de ‘reparação de prejuízos econômicos’ aos
que utilizavam essa mão de obra dos negros?
Então vamos relembrar
que lá no Império, pressionado pela Inglaterra, encontramos os barões, condes e
parlamentares senhores de terras e latifúndios. Estes foram os seus
idealizadores biopolíticos. Estes construíram as ferrovias que abasteceram de
Vidas Nuas, majoritariamente negras, as chamadas ‘colônias agrícolas’. Lá,
também, está a nascente de todos os liberalismos e trabalho escravo que ainda
não erradicamos.
Em texto de 15-05-1888, há uma pérola de discurso do Senador
Dantas: afirmando que a abolição "não
marcará para o BRASIL uma época de miséria, de sofrimentos, uma época de
penúrias" como alguns parlamentares pensavam, porque, em 17 ANOS, 800.000
(OITOCENTOS MIL) ESCRAVOS tinham DESAPARECIDO DO BRASIL e, nesse período se
notou "MAIOR RIQUEZA NO PAÍS, grande aumento de trabalho e com ele maior
produção e, como consequência considerável AUMENTO DA RENDA PÚBLICA".
DEFENDE AINDA REFORMAS LIBERAIS. (AS. V.I, pp 42 - 44) - no volume II,
1823-1888 - A ABOLIÇÃO NO PARLAMENTO - 65 anos de lutas - 2ª edição - pág. 506.
Transhistoricamente, nessa mesma linha dos trens, também
podemos ligar, ou ‘linkar’, a construção de novos manicômios, visíveis e
invisíveis, pois que a maioria dos ‘ocupantes’ dos hospícios era constituída
dos descendentes ou dos próprios negros ex-escravos. Procurem nos arquivos da
Loucura.
É no alvorecer do século XX que Juliano Moreira, que era
negro, o nosso Philippe Pinel, consegue a promulgação de uma lei de reforma da
assistência a alienados. Ele remodelou o Hospício Pedro II (1903) com a
retirada das grades, dos coletes e das camisas de força. A passagem do
instituído pela Psiquiatria a um novo modelo também traz o Manicômio Judiciário
do Brasil em 1919. Afinal, tínhamos muitos negros alienados ou alienados
negros?
Essa interrogação me traz à memória manicomial uma visita ao
Franco da Rocha. O complexo manicomial que teve incendiado (2005) os seus
arquivos e perdeu suas memórias. Há alguns anos atrás, com alguns médicos
residentes, para os quais fui preceptor, lá estivemos, lá sentimos. Foi em uma
grande mesa no caminho da ‘rotunda’ dos alienados, onde não pudemos entrar que
pude ver um documento histórico que me comprovou como se pode naturalizar um
manicômio.
Lá se encontra, a salvo, espero, o registro da primeira
internação do hospício: uma mulher negra, pobre, que para lá foi mandada de
trem no Século XIX, na inauguração (em 1898), e lá permanece ‘sem diagnóstico’
até os anos 30 do Século XX. Franco da Rocha, o fundador do manicômio e outro
‘Pinel brasileiro, afirmava que as mulheres negras, em contraponto às mulheres
brancas, eram maioria por lá, devido a que: ‘estas
se expõe não somente aos trabalhos como aos desvios de conduta e às
extravagâncias de toda espécie’...”.
Em mim permanecerá a visão deste documento, assim como há a
permanência ainda de muitos ‘remanescentes’ de sua institucionalização numa das
maiores colônias psiquiátricas do país. Entretanto, a visita às suas grades e
enfermarias, não extirpou todos os grilhões de minha própria formação, mas eu
esperava que removesse ou abalasse os que estavam invisivelmente presos às
mentalidades de meus jovens colegas.
Reflitam, assim os convido, como se instalam em nós os sutis
modos de educação e de doutrinamento sobre a necessidade dos encarceramentos.
Seriam ainda os resquícios da escravidão, das biopolíticas nascidas no Século
XVIII, das higienizações do Século XX, das políticas de guerra e de dominação
desse século XX e seus labirintos?
Não tenho ainda as respostas e nem sei se terei o fôlego
necessário para busca-las. Incito, como o fiz lá no Juquery, aos mais jovens ou
antigos que as busquem. Aos que me seguem e leem tenho tentado, inclusive
nossos espaços enredados e hiper expositores das redes sociais, provocar alguma
reflexão.
Entre estas está o uso da poesia. No dia 14 de maio, o dia
seguinte, que não é o dia 18, Dia Nacional da Luta Antimanicomial assim como do
Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, me propôs
algumas perguntas em poema: - NOS NOSSOS 14 DE MAIO, O DIA SEGUINTE, O QUE NOS
ACONTECE? OU ACONTECERÁ?
Deixarei aos amigos e amigas docemente um novo poema
indagação -
DES/ABO/LIÇÕES (14 DE MAIO DE 2015 ou será 1888)
Quem me concede a liberdade da escrita,
Aquela que faço no mais fluídos instantes,
e nos mais subterrâneos dos meus porões?
Quem me livra ou livrará desse ventre obscuro,
Ao tempo em que me torna branco por decreto,
Mas que ninguém ainda domina nem dominará?
Quem me dará como ressarcimento as novas terras,
Os novos espaços infecundos e as novas fronteiras,
Aquelas que não se delimitam e estão perdidas?
Quem me dirá ou dirão os Outros que pensam mandar
Que o sangue negro e antigo que me transborda
E trago com orgulho em mim e nessas letras,
Não se revoltará contra os mandantes tiranos um dia?
Quem me trará os novos alimentos invisíveis,
Os novos rizomas, as novas fugas e as novas semeaduras,
Que proliferam e não respeitam e nem respeitaram
As mais cruéis ditaduras?
Quem me aboliu ou abolirá dessa extensa,
Negada e ainda sutil escravatura?
E uma Eco desnorteada sussurra no ouvido do meu Narciso:
- ‘NINGUÉM, NENHUMA FORÇA INSTITUÍDA,
NENHUM ESTADO, NENHUMA DAS CRENÇAS OU IDEOLOGIAS,
NENHUMA FALSA LIBERTAÇÃO,
POIS AINDA TRAZEM APRISIONADAS,
ATRÁS DE SEU ESPELHO E MIRAGEM,
OUTRAS INFINITAS DES/ABO/LIÇÕES...
OUTRAS MOLECULARES REVOLUÇÕES’.
Por fim afirmo que há muitas loucuras em nós, pelo menos em
mim. Entretanto, como disse o autor,
muitas ainda são ignoradas ou negadas, mas não deveríamos continuar as
reprimindo e punindo com os muitos e imperceptíveis ardis, armadilhas e
prisões, inclusive as de cunho subjetivo.
E que a desconstrução dos meus mini manicômios mentais ou
inconscientes possam continuar sua jornada... E que todos e todas possamos nos
aproximar/respeitar, sem medo do que são as psicoses, as neuroses, as
esquizofrenias, as bipolaridades ou as depressões em nós..., aquelas que
compunham a ‘Grande Saúde’ de Nietzsche e outros ‘loucos’ e ‘anormais’ da
História.
E me respondam: - Os Manicômios ainda sobre-vivem em nós?
Para que?
Copyright/left jorgemárciopereiradeandrade 2015-2016 (favor
citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios
de difusão para e com as massas)
Matérias da
Internet ligadas ao texto que postei no Facebook (algumas) –
SAÚDE MENTAL - EM PORTO ''VELHO'' - Aprovado o Projeto
que autoriza a internação voluntária, involuntária e compulsória (e a palavra
CAPS nem existe no texto e provavelmente na ''lei'' municipal) http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/aprovado-o-projeto-que-autoriza-a-internacao-voluntaria-involuntaria-e-compulsoria-,92445.shtml
SAÚDE MENTAL - Deputado (Pastor) critica fechamento de
clínicas psiquiátricas em Alagoas http://www.tribunahoje.com/noticia/141435/politica/2015/05/13/deputado-critica-fechamento-de-clinicas-psiquiatricas-em-alagoas.html
DIREITOS HUMANOS - Número de presos no RJ aumentou 32% em
três anos, diz relatório
Em 2014, mais de 38 mil pessoas estavam presas, contra 29
mil em 2011.
Documento da Alerj indica ainda aumento de encarceramento
de jovens. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/05/numero-de-presos-no-rj-aumentou-32-em-tres-anos-diz-relatorio.html
Fontes históricas
–
JOHANN MORITZ
RUGENDAS –
HOSPITAL
PSIQUIÁTRICO DO JUQUERI - http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_Psiqui%C3%A1trico_do_Juqueri
INDICAÇÕES DE
LEITURA CRÍTICA –
ARQUIVOS DA
LOUCURA – Juliano Moreira e a descontinuidade da história da psiquiatria –
Vania Portocarrero, Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, 2002.
O ESPELHO DO
MUNDO. Juquery a História de um Asilo – Maria Clementina Pereira Cunha,
Editora Paz e Terra, São Paulo, SP, 1986.
A MORTE DO
MANICÔMIO – História da Antipsiquiatria – Jacques Lesage de La Hage,
Editora da UFAM – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, 2007.
A ABOLIÇÃO NO
PARLAMENTO 1823-1888 - 65 anos de
lutas - Editora do Senado Federal,
Brasília, Secretaria Especial de Editoração, 2ª edição, 2012.
LEIAM TAMBÉM NO
BLOG –
RACISMO,
HOMOFOBIA, LOUCURA E NEGAÇÃO DAS DIFERENÇAS: as flores de Maio. https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/racismo-homofobia-loucura-e-negacao-das.html
ALÉM DOS
MANICÔMIOS - 18 de maio/ Dia Nacional de Luta Antimanicomial https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/05/alem-dos-manicomios-18-de-maio-dia.html
OS MORTOS-VIVOS DO
HOSPICIO QUE ENSINAVAM AOS VIVOS SOBRE A VIDA NUA... BARBACENAS NUNCA MAIS!
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/10/os-mortos-vivos-do-hospicio-que.html
LOUCURA SEMPRE!
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NÃO É INTERNAÇÃO, MUITO MENOS COMPULSÓRIA .
SAÚDE MENTAL:
quando a Bioética se encontra com a Resiliência https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/10/saude-mental-quando-bioetica-se_11.html
LU MACHADO - Dois desafios espreitam a Reforma Psiquiátrica Brasileira, de um lado, a necessidade de sustentar a superação real, efetiva, dos hospitais e leitos psiquiátricos ainda existentes. De outro, a clareza ética em recusar instituições e propostas segregativas e excludentes como modos de tratamento para usuários em uso abusivo de álcool e outras drogas; enfrentamentos são necessários nesta proposta contemporânea de uma nova industria da loucura, manicômios do seculo XXI, como muitas comunidades terapêuticas. Lu Machado
ResponderExcluirCaríssima Lu
ResponderExcluirobrigado por lembrar dois desafios, agradeço e também incluirei a desmontagem dos manicômios mentais que ainda sobrevivem nos trabalhadores da saúde mental, e mais ainda nos espaços e associações dos psiquiatras e médicos. A deshospitalização não se faz acompanhar do que será o movimento que pode trazer o fim, já que morte como escrevi é quase impossivel no atual cenário político, histórico e social do país, dos manicômios, que é a Desinstitucionalização...para além de Basaglia, Rotelli e outros, quiçá com novas cartografias e moleculares revoluções que inviabilizem até as chamadas comunidades terapêuticas e seus ninhos pastorais...doceabraçoantimanicomail jorgemárcio
ANDRÉA ROMANHOLI
ResponderExcluirMuito apropriado Jorge! Muito sensível e necessário para seguirmos nas nossas necessárias 'iINFINITAS DES/ABO/LIÇÕES...' e
'MOLECULARES REVOLUÇÕES', enquanto também seguimos na luta contra os manicômios concretos que seguem segregando os loucos e "drogados"! Como postei ao compartilhar no Facebook. Andréa Romanholi
Caríssima Andréa
ResponderExcluiragradeço e reproduzo o que disse lá no Faice: ,,,e os concretos realmente são de concreto... só demolição ou será melhor a implosão, quando os trabalhadores começarem a quebrar os seus manicômios mentais lá dentro... com ações e novas mentalidades obrigando uma força instituinte quebrar as novas correntes e as novas hipermedicalizações ... um doceabraçoantimanicomialinstituinte
MINHA COLABORAÇÃO AO DIA 18 DE MAIO - DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL
ResponderExcluirFui designada a comparecer a uma estação de rádio em Santos, para falar sobre o Dia 18 de Maio. Como a entrevista não aconteceu, posto aqui o que havia escrito para dizer:
Olá amigos, meu nome é Dulce e, graças à minha longa experiência de
convivência com um filho que sofre de transtornos mentais graves e que é
cuidado por mim, há mais de 30 anos, fui indicada pelo movimento do qual
participo, para falar brevemente sobre a minha experiência. Essa indicação partiu do movimento da Frente de Luta Antimanicomial da Baixada Santista, subordinado ao movimento estadual do mesmo nome, que agrega professores e estudantes da área de humanas, bem como, trabalhadores e usuários da saúde mental e suas famílias, além de qualquer pessoa que se sinta comovida pela causa e que seja simpática a um tratamento muito mais humanizado.
Temos por objetivo principal, a extinção dos manicômios, como o nome já diz. Manicômios ou hospitais psiquiátricos, não passam de instituições
ultrapassadas, falidas, que, absolutamente, não tratam, apenas restringem, subtraindo a dignidade do ser, prendendo-o como a um criminoso e enjaulando-o como fera. Assemelham-se muito aos campos de concentração.
Sinto-me autorizada a falar aqui porque, fui das que mais custaram a acreditar que fosse possível, meu filho pudesse ser tratado em outro tipo de instituição, que não fosse nos lugares que eu julgava serem os mais apropriados, já que se chamavam "hospitais psiquiátricos". Durante mais de 20 anos internei meu filho nos mais variados tipos de hospitais e clínicas, inclusive particulares, acreditando com isso, estar agindo da melhor maneira. Porém, jamais obtive a mínima resposta. Há cerca de 10 anos ele vem sendo cuidado em um serviço aberto, dos chamados: NAPS-Núcleo de Atenção Psicossocial ou CAPS-Centro de Atenção Psicossocial, onde todos os trabalhadores sem exceção, desde os médicos, psicólogos, enfermeiros, auxiliares, até o mais simples pessoal de apoio, como faxineiros ou serventes, todos os que lá se inserem, possuem uma visão diferenciada e um olhar de compreensão, carinho e acolhimento; onde os pacientes se misturam e são confundidos com os trabalhadores e, onde suas vozes e a de suas famílias, podem ser ouvidas e respeitadas.
Sei, e todos sabemos, que estamos bem distantes da perfeição, mas posso afirmar que, mesmo os piores NAPS/CAPS serão sempre superiores em eficiência ao melhor dos hospitais psiquiátricos! O que nos falta em recursos, sobra-nos em humanidade e, por essa razão, é preciso
intensificar esse movimento de luta, conquistando mais e mais lutadores.
Assim, quero conclamar que, cada um de nós, venha se unir nesse nosso
trabalho, exigindo um atendimento que respeite o intenso sofrimento e as
deficiências de nossos filhos ou, de nossos irmãos, pais, maridos, enfim,
nossos entes mais próximos e os mais queridos.
Quero agradecer a todos os que me ouviram!
Que bom,Dulce! Indo atrás de José Marcio te encontro aqui com toda essa experiência! Amei encontrar os dois com suas reflexões tão pertinentes nesse maio antimanicomial!
ExcluirROSANA SANTOS
ResponderExcluirMuito bem colocado, Jorge.... Manicômio, uma instituição que muitos consideram liquidada, no entanto, liquidados estão os que acreditam nisso. Tive uma tia que passou um tempo no Juqueri, eu era pequena e nunca fui lá, mas soube das barbaridades que ela passou. Um *louco* passa a ser realmente louco quando em um lugar como aquele.... As mazelas do mundo que muitos fingem não ver. Rosana Santos
Diante do texto e dos comentários acima, não consigo achar palavras que expresse o tamanho da minha dor, que já dura cerca de nove anos e dez meses. Tudo que eu venha comentar, seria tão somente, concordar e em especial, a comovente história da Dulce,semelhante com a minha.embora não tive a mesma sorte de continuar cuidando da minha filha. Quisera eu, estar agora cuidando dela. Tenho a mesma opinião de Dulce, com relação aos CAPS e NAPS. Nercinda Heiderich
ResponderExcluirInfelizmente, cresci em uma época em que se acreditava que "família" era a única opção, que nada havia de mais importante, e que, portanto, deveria ser defendida e mantida a qualquer custo. Casei-me. ou melhor, casaram-me, aos 21 anos e, aos 38, depois de sacrificar tudo, minha juventude, meus estudos, meu futuro, enfim, tudo... para finalmente compreender, dezessete anos depois, que tudo o que sacrifiquei, foi em vão. Nada daquilo pesou absolutamente, nem mereceu consideração alguma. Apesar de ser terrível haver chegado à minha completitude e ao meu próprio reconhecimento através das dificuldades encontradas com meu filho e com as atitudes que me vi obrigada a tomar, sozinha, sem apoio, enfrentando tudo sob a minha responsabilidade, encarando-a como sendo unicamente minha, acreditando que, somente eu deveria arcar com suas consequências, foi que cresci! Crescer é doloroso! Atinge-nos na parte mais sensível! No caso, meu filho, o primeiro deles e, o único filho homem, mas que, jamais se transformou em um...
ResponderExcluirOs modos de "educação" "doutrinamento" estigmatizando pessoas como "louca" "bruxa", devia ir para um manicômio! Simplesmente, porque não é "santa" "boazinha", não se comporta dentro do modelo, do quadrado imposto! Assim pessoas vão sendo excluídas, rejeitadas, in - desejadas, só-Fridas que são caladas! Os manicômios, ainda que disfarçados em clínicas, continuam existindo! E quantos vivem aprisionados ao seu "próprio manicômio" Seu alerta, seu blog,seu grito Jorge Marcio clama para que nos juntemos a re -pensar, re- fazer atitudes e ações até porque os "manicômios" ainda vivem em nós!
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