sábado, 22 de junho de 2013

ABRAM A PORTA DA SALA... A RUA ESTÁ ENTRANDO POR ELA.

Imagem publicada – uma fotografia em preto branco de um homem, de camiseta, segurando potentes binóculos, apoiados sobre um tripé, junto a uma janela, como quem olha alguém ou alguma coisa à distância, porém curiosamente. É um dos trechos do filme Memórias do Subdesenvolvimento, do cineasta cubano Tomás Gutierrez Alea, no período pós-revolucionário, em 1962, em Cuba. Uma Revolução pode mudar um país, entretanto, quando se tornar micropolítica poderá também ser a liberdade de um sujeito ou cidadão(ã), uma pessoa, um indivíduo? Pode se tornar um devir?

SOMOS NÓS OU É O BRASIL QUE MUDOU? OU MUDAMOS JUNTOS? OU MUDAREMOS?

Pode o Cinema nos ajudar a compreender e questionar nossas produções de subjetividade? Podem os filmes ser tão marcantes, a ponto de ser como um bárbaro que invade nossos Impérios narcisistas e destrói todas as nossas defesas? Pode esses convidados e desejados invasores de nossos inconscientes abalarem nossas confortáveis posições de meros espectadores? Espectadores que vão às telas, inclusive às atuais tele telas, apenas em busca do sonho ou da fantasia, os que pensam que querem apenas sonhar?

“HOJE é apenas mais um dos dias seguintes, aparentemente menos ruidosos e “bombásticos”, quando tudo “volta à Normalidade e à Rotina”. Tudo como dantes nos quartéis e nas casas. Um bom dia para irmos ao Cinema, esse calmo e frio dia, depois do quente e incendiado 20 de junho de 2013. Ou será apenas um bom momento para se refletir sobre as ruas e as massas que as ocuparam ontem e antes também, usando o Cinema?

 Tenho me lembrado, no calor do Fogo do Passe Livre, de uma cena cinematográfica.  É aquela lá em cima, apenas um homem na janela, com os binóculos telescópicos, de seu apartamento, distanciado e protegido de uma revolução que ocorria lá na ruas.

É uma das muitas cenas emblemáticas do filme, já transformado em cult, “Memórias de um Subdesenvolvimento”. Uma memória do meu desenvolvimento político, em tempos do amadurecimento forçado após os Anos de Chumbo. Anos que necessitavam e necessitam da palavra implicação e da perda de temores, quiçá de muitos amores políticos e revolucionários.

O filme é uma boa metáfora e alegoria para o que ainda está ocorrendo no país. Estamos tele assistindo a essa magnífica e analisadora ação das jovens massas ocupando as ruas?

 O personagem central da película, Sérgio, aos 38 anos, se vê sozinho e abandonado por sua mulher e família que “fogem” para Miami. A sua cidade, Havana, o seu país, Cuba, estavam em um processo revolucionário. À distância ele podia ver cenários de ruínas como se os prédios fossem feitos de papelão. Fidel e Che Guevara derrubaram, pelas armas, a Ditadura de Batista.

A sua óptica da vida passa, então, a ser o olhar telescópico, que o protege das movimentações de massas e tropas vistas da sua janela burguesa. Uma sólida janela que hoje pode ser chamada de Classe Média Alta. Entretanto, como todos os mortais, Sérgio tem de sair, ou é obrigado a sair, um dia de seu casulo. E aí começam as aventuras, questionamentos e os imprevistos que trarão para ele toda uma inusitada poesia (poésis) e efeitos micropolíticos em seu corpo e mente.

Como ele, nestes tempos da Cultura do Medo, a princípio, ficamos muitas vezes temerosos,  ao sairmos de nossos confortáveis espaços domésticos. Estamos, os tele espectadores globais sendo chamados pelos manifestantes, com o Vem prá Rua, Vem! As nossas tele-visões, mesmo que globalmente maquiadas para serem assustadoras, são mais tranquilas que o risco das balas de borracha hiper certeiras em nossos olhos ou corpos não periféricos? 

A lógica que subjaz em nós ainda é diaspórica, como diz Zymunt Bauman, pois “não admira que muitos habitantes das cidades se sintam apreensivos e ameaçados quando expostos não apenas a estranhos (a vida urbana sempre significou estar cercado de estranhos), mas a estranhos de um novo tipo, nunca visto antes, e assim, presumivelmente ‘não domesticados’ e ‘ sem controle’, ameaças desconhecidas”.

Como o Sérgio e sua intelectualidade podemos estar assustados com esse ‘povo desconhecido’, pois, como em Esparta não são “homoi”, iguais em cidadania e direitos, mas sim os Outros, os “periféricos”, os que foram e são produzidos em massa. Tememos essa nova Horda? Diante dos instrumentalizados e úteis vândalos, tememos ter de repetir uma nova Ordem? Uma nova Revolução? Ou uma neo-ditadura militarizada e espartana?

Talvez, sim, pois podemos sentir o temor de sermos tocados. Todos nos sentimos mais próximos da xenofobia, o temor ao estrangeiro, ao que é considerado o outro que não fala a nossa língua, não come nosso arroz com feijão cotidiano. E o temor é muitas vezes o primeiro passo para minha intolerância ou radicalismo acerca dessa diferença de mim. E do meu Ego.

Há, contudo, momentos mais “quentes” de nossas Histórias onde se incendeiam as ruas, e começam a agir os “analisadores históricos”. O que aconteceu com o personagem de Alea é exatamente, a meu ver, essa ruptura da calma, da repetição neurótica, do cotidiano garantido e da segurança de não ser tocado, por nada e, principalmente, por ninguém. Mas ele precisa de, em algum momento, do chamado calor humano. A sua couraça afetiva lhe incomoda como as armaduras medievais. Ele “sonha” com seu país livre que agora o “aprisiona”.

Um contraponto interessante sobre como se “blindar”, isolar ou se refugiar diante de analisadores históricos das revoluções é o filme “Os Sonhadores”, de Bertolucci. Nele os possíveis encontros disruptivos e avassaladores, são expostos pelas triangulações afetivas, amorosas e sexuais.

 Nestes tempos pastorais, fundamentalistas e homofóbicos, por exemplo, estas multiplicidades e singularidades podem ser perturbadoras da ordem ou das normas, e, principalmente, dos nossos tabus. Tabus que são trans-históricos e hiper resistentes às mudanças, mesmo as revolucionárias e aos próprios revolucionários.

 No “Sonhadores” não há a solidão explícita e o individualismo sendo confrontados. Só a cena final nos situa no meio do fogo, nas intensidades de Maio de 68, em Paris.  A única coincidência é que ambos os diretores discursam, respeitadas suas linguagens e culturas diferenciadas, sobre revoltas e revoluções dos anos 60.

A transversalidade destes movimentos de massa revolucionária é exibida em flashes, como invasões da privacidade, como uma pedra que quebra um vidro, vindo do mundo em crise lá fora para os Sonhadores. Ou com o cubano sendo interrogado sobre suas condições de habitação, ou seu envolvimento sexual e afetivo com uma mulher do “povo”.

No filme de Gutierrez Alea, temos ainda uma diferença a notar, pois é a história de um homem solitário que aprende, poeticamente, a olhar os outros e as ruas com um novo e afetado olhar. 

Ele metaforicamente é uma parte do povo cubano que permanece na ilha. Insulado e isolado, a seu contragosto  aprende,  que ao se misturar com os Outros da Revolução e do cotidiano, pode se tornar mais humano, mais sensível, com mais humor e, consequente, com novas formas criativas e inusitadas de amor e de amar.

Alea mistura com maestria a realidade da Revolução com a re-evolução de Sérgio. O cinema documentário está presente, como História real, dentro da ficção.  Acho que se filmasse, como um Eduardo Coutinho, esse nosso momento quente e intenso das ruas, também nos denunciaríamos uma outra História que ainda está debaixo do tapete de nossas salas.

Somos então, nessa média idade, mais para bombeiros que incendiários, os “velhos” Sérgios demais à espera, de nosso “choque de realidades”? Ou somos e seremos jovens, a la Bertolucci, que montam uma barraca de lençóis dentro de um apartamento, onde outros choques, outras realidades também podem ser experimentadas?

O desmoronamento do mundo pequeno-burguês de Sérgio, assim o de muitos que se sentem ainda ameaçados pelas atuais massas chamadas de “vândalos”, é subjetivamente tão violento quanto as ruas. Muito embora não tenha, nele, um tiro e nenhuma morte. A grande confusão é a violência dos preconceitos do personagem. Ele tem de se descobrir apenas mais um nessa multidão em mudança histórica.

Outra óptica possível que o filme me evoca é a crítica aos rumos totalitários que a Revolução Cubana tomou. O anacronismo de Sérgio é a melhor crítica do diretor ao modelo socialista da ilha.  Pode ser visto também com uma refinada crítica ao nosso individualismo e narcisismo. Não nos permite acomodação conformista, por sua óptica documental histórica.

Convoca-nos, ou melhor, a mim me convocou, para sair da poltrona, abrir a porta e deixar as lufadas de intensidades vindas da rua. Eu o assisti nos Anos pós-Ditadura e de reconquista dos direitos humanos no Brasil. E as passeatas pediram Diretas Já! Não pintamos o rosto, mas o verde amarelo coloria nossos corações e corpos constituintes e instituintes.

Passar de testemunha ocular para um agente, um participante ou mesmo um agitador das ruas é um convite muito sério. Não podemos nos deixar levar pela simplificação, pelo momento acrítico e a despolitização que estamos assistindo pelos telescópios midiáticos modernos. A onda de jovens sonhadores que desejam “A” revolução não pode deixar de conhecer o antes da outra chamada Revolução em 64.

Não precisamos sair na capa das revistas ou dar entrevistas ou virar motivo de notícia urgente, mas podemos escolher qual a matéria real e verdadeira estará estampada ou difundida nesses meios de comunicação de massa. O foco sobre os atuais cartazes nos revelam ainda textos e contextos já vividos. Os problemas acumulados pela negligência macro política fazem parte dessa explosão de reivindicações.

Sim, todos queriam ARROZ, FEIJÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO. Porém, o grito e o slogan, agora, são da Ordem Econômica que nos Governa. São as passagens e o transporte e seu preço que ocuparam o centro das questões nesse modo hipercapitalista do viver urbano. O quanto gastamos em Copas e Diversão, deixando de construir salas de aula ou novos hospitais. O quanto há de corrupção e impunidade em altos escalões deixando para a punição imediata outra parcela da população.

Misturam-se às recusas às velhas bandeiras partidárias. As bandeiras que Sérgio vê de sua janela, ou as que os personagens de Bertolucci agitam em frente às universidades de Paris. Porém nem estes, como eu, já envelhecidos pela lembrança de 68, nem os sonhadores de 2013 podemos negar que já não somos mais os mesmos do mês passado.

Podemos, portanto, além de abrir a porta, pois as ruas por elas estão entrando, abrirmos, urgentemente, uma pequena fresta nas janelas de nossos olhares, miradas e mentes para o que está realmente se passando no Brasil. Uma janela sem binóculos ou telescópios, pois não há mais distâncias ou velamentos que nos protejam do Futuro que nós mesmos semeamos.

ABRAM AS SUAS JANELAS, COMO UMA TELA DE CINEMA, E NÃO DE TELEVISÃO. HÁ UM HORIZONTE PARA ENTRAR POR ELAS...

MEMÓRIAS PARA NOSSO DESENVOLVIMENTO. PODEREMOS SONHÁ-LAS JUNTOS OU TORNÁ-LAS INESQUECÍVEIS INDIVIDUALMENTE?

Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de MASSA)

INDICAÇÕES PARA LEITURA CRÍTICA –

O CINEMA PENSA – uma introdução à Filosofia através do Cinema – Julio Cabrera, Editora Rocco, Rio de Janeiro, RJ, 2006.

SOBRE EDUCAÇÃO E JUVENTUDE – Zygmunt Bauman, Editora Zahar, Rio de Janeiro, RJ, 2013.

Memórias do Subdesenvolvimento, arte e revoluções http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=2821

INFORMAÇÕES sobre o filme que transverzaliza  e ao texto, espero que ao contexto–

"Memórias do Subdesenvolvimento" chega em DVD no Brasil (‘somente em 2006’) http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u60700.shtml

Trecho do filme - http://www.youtube.com/watch?v=MSnyuh_xY54  (com Sérgio e intromissão dos afetos em sua vida distanciada deles... o amor/paixão também podem ser revolucionários? Ou somente  o Povo?)

Filme citado no texto – Os Sonhadores – Bernardo Bertolucci (2003) http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Sonhadores

LEIAM TAMBÉM NO BLOG –
DEMOLINDO PRECONCEITOS, RE-CONHECENDO A INTOLERÂNCIA E A DESINFORMAÇÃO http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/06/demolindo-preconceitos-re-conhecendo.html

MOVIMENTOS, MASSAS, MANIFESTOS E HISTÓRIA: POR UMA MICROPOLÍTICA AMOROSA, URGENTE. http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/06/movimentos-massas-manifestos-e-historia.html

A PRAÇA É DO POVO? AS RUAS SÃO DOS AUTOMÓVEIS E DOS ÔNIBUS? E OS DIREITOS HUMANOS SÃO DE QUEM? - http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/06/a-praca-e-do-povo-as-ruas-sao-dos.html

A ILHA DO FELIZ SEM ANO E O SEU INTRUSO, E, NÓS TAMBÉM (apenas um re-conto) http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/05/a-ilha-de-feliz-sem-ano-e-seu-intruso-e.html

A CORÉIA DO FANATISMO POLITICO E O FANATISMO RELIGIOSO DO PASTOR: estamos no Século XXI? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/04/a-coreia-do-fanatismo-politico-e-o.html

21 comentários:

  1. Excelente texto, como sempre. Tentei comentar antes, mas o comentário se perdeu porque eu não estava logada. Eu não vivi os anos da ditadura como manifestante. Tenho 43 anos e só nos anos 80 comecei a participar de passeatas pelas Diretas Já. Outro dia relembrava com amigos (via Facebook) as passeatas por meia passagem ("A gente quer estudar e o Sarney não quer deixar! Meia passagem!). O que conhecíamos sobre ditadura e repressão era o que ouvíamos de nossos pais e o que aprendemos na escola( nisso tive sorte: uma excelente professora que nos fazia ver as coisas de outro ângulo e não como os livros didáticos mostravam). Hoje vejo meus filhos com 19 e 23 anos, no auge dos sonhos e achando que já sabem tudo participarem das manifestações no Rio de Janeiro. Confesso que há uma mistura de orgulho e preocupação. Aprendi que ao mesmo tempo que nos tornamos mais corajosos quando temos filhos e somos capazes de qualquer coisa por eles, também nos tornamos medrosos com receio de que se machuquem ou que algo de ruim aconteça. No último dia 20 fiquei imaginando o que nossos pais sentiam qdo saíamos para protestar e ainda não havia celular. As manifestações eram pacíficas, mas certamente a memória dos anos de repressão ainda eram muito recentes para eles. Na última quinta-feira não conseguia chegar em casa pois um batalhão de choque entrou pela rua transversal à rua onde moro e nos empurrou de volta para o metrô. Por celular ia monitorando a volta da minha filha e do namorado (não conseguia falar com meu filho, mas ele havia mandado uma mensagem dizendo que estava bem). "Não venham pela rua tal, o choque está lá". Eles conseguiram chegar onde eu estava e vinham morrendo de rir depois de desviarem das bombas de efeito moral, dizendo que eu parecia uma informante de filme de espionagem. Ri tbm me achando meio ridícula, mas afinal estava prestando um serviço a mim (óbvio, pois eram meus filhos) e à pátria (zelando pela vida de dois jovens que querem mudar o país). Enfim, é isso: temos que abrir portas e janelas e deixar que entrem os novos ares. Por essas portas e janelas passarão os filhos e netos da revolução. mas não irão sozinhos, pois nós continuamos na luta.

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  2. CARÍSSIMA E LÚCIDA ANDREA
    O seu comentário e relato são um exemplo do que devemos manter vivo na memória de todos nós... Somos os sonhadores de outrora desejando que os sonhadores de hoje possam aprimorar o sonho de nossos netos e bisnetos... digo sempre para minha filha, de treze anos, que foi apresentada à multidão aqui em Campinas na última manifestação... ela me ajudava, por minha dificuldade de mobilidade e para levantar uma placa que diz: 64 NUNCA MAIS! DIREITOS HUMANOS SEMPRE!, e tive orgulho e alegria de vê-la podendo ver o lado pacífico da nossa manifestação. Também soube, pela experiência e pelas dificuldades de marcha, saber a hora de identificar os que são chamados de vândalos, que são claramente instrumentalizados e aparelhados para os atos de provocação militar, a hora certa de tirá-la da multidão e só poder ouvir e ver toda a REPRESSÃO MILITAR se repetindo quando o "POVO" tentou se aproximar da Prefeitura... Tenha certeza de que estamos fazendo o melhor por nossos filhos e pelo futuro... mais que pelo país... pelos que semearão nossos afetos e nossas reinvenções da VIDA. UMDOCEABRAÇOMICROPOLÍTICO *(Extensivo aos seus e aos que ama)

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  3. Alexa Albuquerque Marcicano
    "Nossa responsabilidade ainda é maior, pois somos espelho p/ os nossos filhos, q estão vendo "através da janela" pela primeira vez...pela primeira vez carregam cartazes. Hoje somos cidadãos, pais e profissionais... não podemos esmorecer e nem tão pouco deixar de lutar pelos nossos direitos. Hoje vejo q a minha clientela acordou, fazem comentários, criticas e defesas. Sinto q já não estão totalmente a margem... nossa é emocionante vê-los interagindo. Não podemos e nem devemos voltar atrás. Belo texto amigo Jorge Marcio Andrade.

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  4. De ABRAM CHEVENTER
    Plutão, o planeta que comanda as transformações e a destruição do que está velho e ultrapassado, transitará, ainda, durante muitos anos no signo de Capricórnio, o signo de Poder Social e da Sociedade, causando a queda de políticos e outros aproveitadores e exploradores do povo. Abram Cheventer.

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  5. Excelente e oportuno seu texto. Parabéns!

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  6. De dentro de minha casa, edificando meu lar, cuidando de meu filho com PC de apenas 7 anos que ainda não consegue se virar sozinho; sem participar das manifestações diretamente; sentir arrepios toda vez que pelo face tomava ciência do que acontecia, uma inquietação me tomou, impossível ficar de fora, a mesma força que levou manifestantes para as ruas literalmente invadiu os lares. Ainda tonta, digo para mim então era tão fácil assim? É só querer e poder? Tive a honra de seguir vc e francamente me sinto participando de uma verdadeira aula de cidadania, a rede me conectou a vc parece que voltei para a faculdade, Parabéns por esse trabalho, fico emocionada por vc dividir com a gente teu conhecimento.
    Vanderlene Paixão.

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  7. Parabéns pelo texto. Da mesma forma acompanhei meu filho que já vai ser pai e que pela primeira vez se envolve em caminhadas como esta. Acredito que estamos crescendo juntos, estamos mudando a história juntos.Iniciamos uma caminhada só de ida, não tem jeito. Outros tempos, ainda bem. Obrigada por partilhar com a gente seu conhecimento e suas experiência, Abraço amigo

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  8. Adriana Schneider Alcure


    Amigos, compartilho algumas análises que venho fazendo deste momento histórico.
    Tentativas de análises parciais da conjuntura.
    - Participei ativamente da última greve de professores, em 2012, quando cerca de 50 universidades públicas ficaram paralisadas por 3 meses. Fui às ruas, mas me impressionava que tamanha questão não conseguia reunir mais do que 3000 manifestantes nas passeatas.
    - Em fevereiro de 2013, o ato do Movimento Reage Artista, realizado em frente à Prefeitura, no Rio de Janeiro, conseguiu um grande feito, o de reunir cerca de 500 artistas e agentes de cultura para se manifestar sobre o sucateamento dos equipamentos culturais. Desde então, o movimento segue atuando na tentativa de obter diálogos obtusos com o poder público, exercendo ações sistemáticas de realização de debates, reconhecimento dos agentes e movimentos de cultura e construção de políticas para a democratização das artes no Rio de Janeiro. Os fóruns que acontecem todas as segundas-feiras, que reuniam cerca de 150 pessoas, passaram a reunir 20 pessoas que seguem trabalhando em análises e proposições.
    - Durante os últimos meses, assistimos falantes no FB à truculência das remoções em diversas partes da cidade; aos episódios na Aldeia Maracanã; ao aumento absurdo do custo de vida impulsionado pelo “ vigor” dos grandes eventos na cidade; à imagem positiva do “gigante” das Américas mundo a fora, contradizendo o nosso cotidiano (além das questões que não saem de cena, a violência nas comunidades populares urbanas, os paradoxos das UPPs, as tensões no campo, a crise na política indigenista, etc). Enquanto tudo isso, os governos comemoravam a vitória de implantação de modelos de cidade olímpica pautados por uma lógica desenvolvimentista em decadência no dito “mundo civilizado” .

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  9. - Desde sempre me perguntava sobre o abismo entre a força das reclamações e do ativismo nas redes sociais e o esvaziamento das ruas. A crise dizia respeito à falta de conexão entre a insatisfação geral expressa nas redes sociais e a sensação de impotência real em se fazer ser ouvido, em efetivar mecanismos dialógicos democráticos de direito. Nós que atuamos nos movimentos sociais com estratégias de diálogo, no meu caso que participei ativamente da greve de professores em 2012 e que venho participando ativamente do movimento de artistas no Rio de Janeiro em 2013, não sabemos mais o que fazer com o diálogo maquiado que o poder público finge estabelecer com todos nós para a implementação de políticas unilaterais.
    - De repente, surge a crise dos 20 centavos, a pauta dos transportes, que, inteligentemente, articula questões de macro-política , com infinitas questões de micro-política que nos afetam a TODOS em nossos cotidianos. A pauta necessária, pois agencia múltiplos atravessamentos que determinam os modelos de cidade excludentes, o caos urbano quase sem solução (¿) em que estamos imersos; as relações entre o Estado e as grandes corporações; os acordos eleitorais; as políticas desiguais para os múltiplos territórios da cidade; a práxis e o pensamento de uma elite mal-educada, “miamizada”, ignorante, individualista; e MAIS UMA VEZ acionando a discussão central: a desigualdade social. Para aqueles que perguntam qual a pauta do “movimento” (pq são vários movimentos), e se a unidade é necessária, A PAUTA É O TRANSPORTE.
    - Na primeira manifestação aqui no Rio de Janeiro, os estudantes estavam sozinhos suscitaram algumas análises de pessoas que considero sérias, mas de quem discordo, que criticavam o primeiro movimento como sendo mais uma vez de “classe média”, fora as análises reacionárias sintetizadas por boçais como Arnaldo Jabor, mas estas não precisam ser comentadas. Os estudantes são sempre a vanguarda dos movimentos políticos, de levantes populares, fato histórico, e é dentro da pluralidade do que significam os movimentos estudantis que a força de potência para ir às ruas emerge, pq são capazes de reunir os movimentos sociais atuantes, as contradições e conflitos das disputas partidárias, o pessoal do movimento Passe Livre, ou seja, o dissenso mais interessante para a intensa diversidade cheia de contradições perigosas deste contexto.

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  10. - Mas as últimas manifestações se multiplicaram em progressão geométrica, pautando TODOS OS MOVIMENTOS SOCIAIS JÁ ATUANTES, e muitos indivíduos desvinculados, até então, de qualquer discussão entre pares. Nas ruas, finalmente, passeatas para além da classe média, para além do asseptismo da disputa político-ideológica. Diversidade, caos, contradição, as cidades reais, os cidadãos reais. Mas é óbvio, também as pautas de extrema-direita, as ações de direita que são também aqueles que se dizem apartidários e que estão atacando os militantes de “foice e martelo” (aqui também se misturam, precipitadamente, aqueles que participam de movimentos sociais e reclamam do aparelhamento partidário em todas as instâncias de militância, o que, neste momento, é uma postura um tanto leviana e perigosa, esta crítica deve ser posta de lado) e todos os reacionarismos morais, que se refletem no Legislativo brasileiro estão presentes nessa complexidade. Porém, avaliar que: todo cartaz em punho, toda pessoa cara-pintada, toda a onda de estar na rua pela primeira vez, toda a suposta fragilidade de pautas, são a “massa desgovernada, acéfala, de manobra”, é reduzir a complexidade do momento, é cair também em armadilhas que subestimam a potência de quem historicamente está reduzido à invisibilidade. E é por isso que estamos em DISPUTA! Os movimentos estão em DISPUTA! Estamos vivendo a DISPUTA real dos territórios concretos e ideológicos da sociedade brasileira. É assombroso e inevitável. Mas estamos vivendo um momento de educação política sem precedentes e com consequências fundamentais para a sociedade brasileira. Está acionado o momento de liminaridade nacional. Os cotidianos estão suspensos e estamos todos discutindo o agora.

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  11. - Poucos analistas darão conta desses contextos que estamos imersos. As velhas ideologias, as antigas práticas não vão dar conta de pautas que transcenderam a macro-política, conectando-a às micro-questões que nos afetam no dia-a-dia em perspectiva mundial. Este tipo de movimento encontra analogia nos recentes movimentos em diversas localidades do mundo. Um dos nossos papéis como pensantes que escrevem (não estou nem falando de "intelectuais", pq estamos na era da produção descentralizada de discursos! e é por isso que estamos conseguindo tomar essas dimensões nas ruas!) será o de exercitar o entendimento deste agora, que nenhum de nós saberá onde vai parar.
    - Sobre o vandalismo. Consigo identificar quatro grupos que fazem uso da violência. 1) os “anarco-punks”, as estratégias de manifestação “black bloc”, que sempre estão presentes tensionando os territórios ideológicos, lembrando e desafiando as utopias estruturais mais complexas, respondendo com fúria a um mundo de fúria. Tenho respeito pela ideologia anarquista e compreendo o papel de desestabilização destas ações como também necessária numa perspectiva que quer docilizar o que não é dócil e que tenta reduzir tudo à “festa popular” e ao que pode ou não ser manifestado e ao modo como se manifesta. Os demais grupos, são 2) milicianos, com ligações a deputados na ALERJ e com vereadores, que tentam desestabilizar as forças políticas atuais na cidade e no estado; 3) os “cabo Anselmo”, seguindo a cartilha “contra-revolucionária” para justificar o terrorismo de Estado”;4) os grupos que saqueiam, que promovem arrastões, a marginália (sem ideologia¿) da violência cotidiana. O jornalismo das grandes corporações não pode complexificar o que denuncia como violência, pois seu papel é alimentar o imaginário das “massas de elite”, de modo a classificar e justificar a ação violenta da polícia. É preciso politizar a violência e não reduzi-la.

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  12. - Sobre o terrorismo de Estado. Na manifestação de quinta-feira, dia 20, estava em marcha com a multidão de mais de quase dois milhões de pessoas, bem próxima da Prefeitura, quando helicópteros começaram a lançar gás de pimenta na multidão, também pressionada pelas tropas posicionadas no chão que lançavam bombas de efeito moral. Começamos a arder e o pânico ameaçava tomar conta, a qualquer momento as pessoas podiam começar a correr e haveria um pisoteamento em massa. Pessoas subindo nas grades encurraladas, se ferindo nas grades para tentar pular. As saídas da Presidente Vargas para a Lapa, para a Gamboa, estavam fechadas com bombas sendo lançadas a todo o instante, impedindo que as pessoas saíssem dali, a polícia acuando a multidão. A dispersão da multidão, em cerca de 40 minutos, foi um ato criminoso que poderia ter causado uma tragédia se aquelas milhares de pessoas não tivessem mantido a calma. Esta ação é de outra ordem, a polícia pressionando manifestantes pacíficos, causando pânico é uma afronta à democracia e deve ser denunciada. Para além dos casos contra manifestantes isolados que se manifestavam pacificamente e que sofreram a ação da polícia, e para além da discussão que joga na cara da classe média, que assim é o cotidiano das comunidades populares brasileiras, esta ação em massa revela o modo de operação das forças policiais no Rio de Janeiro, não há despreparo, é de fato uma forma de política de Estado. A Lapa estava sitiada, as pessoas foram impedidas de voltar às suas casas. Pessoas refugiadas no IFCS, bombas arremessadas no Hospital Souza Aguiar. A ação da polícia militar nas manifestações é criminosa, justifica-la pelas ações de vandalismo é a desculpa que devemos criticamente rechaçar.
    - Sobre o pronunciamento da Dilma. Refletiu a própria complexidade do PT, abarcando diversas frentes e perspectivas do próprio partido, funcionando como um discurso potente em termos de mediação de conflito. Entre outras questões, me chama atenção o fato de ter-se repetido enfaticamente, duas vezes durante o pronunciamento, que 100% dos royalties do petróleo serão destinados à educação. Um recado direto aos estudantes, o único grupo com capacidade de ampla mobilização nas ruas, um recado direto, mas, infelizmente, contraditório com as ações e negociações feitas pelo governo durante a greve de professores, conjuntura legítima de efetivação do diálogo e enfrentamento das condições estruturais do setor e de trabalho dos professores e técnicos. No mais, o pronunciamento retoma discursos de campanha, mas não toca em pontos fundamentais, como os da relação do Estado com o empresariado e as grandes corporações. Infeliz também a constatação de que o pronunciamento teve como intenção garantir a realização da Copa. Também a redução da violência meramente aos atos de vandalismo, demonstra a precariedade das análises, seria preciso uma auto-crítica da atuação policial nas ruas.

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  13. - A conjuntura desestabilizou os governos com a impossibilidade da realização de análises previsíveis. No Rio de Janeiro, desestabilizou as ações unilaterais e surdas do governador e do prefeito, que, com todo poder midiático e da atual distribuição de forças no legislativo, não precisavam de fato dialogar conosco para a efetivação da “reforma urbana” em andamento. A vitória do modelo de implantação de uma cidade olímpica foi desmascarada internacionalmente. E isso é muita coisa. Não acredito num ensaio a um golpe de estado, como avaliam alguns analistas. A presidenta Dilma segue com o apoio popular e da maior parte dos intelectuais consistentes e seguirá assim, deve seguir assim. Os boatos sobre golpe, ou sobre um possível impeachment, não terão forças para implacar, mas devem ser combatidos, assim como os direitismos, os moralismos e todas as formas de fascismo hoje na arena. Devem ser combatidos na disputa nas ruas e na continuação dos debates, na produção de análises, na nossa reflexão crítica, no nosso esforço em entender o que está acontecendo, e de que não somos mais os mesmos. Parte da complexidade interessante (na minha opinião) que se vê nas ruas está conectada às políticas de democratização implementadas nos governos Lula e Dilma. O fortalecimento da “classe C”, para além da necessidade de sobrevivência e do incremento do acesso ao consumo, desencadeou novos mecanismos de consciência e de desejo. É este desejo que se vê nas ruas. Os estudantes também não são mais os mesmos. As cotas fazem a diferença na consistência dos movimentos estudantis. Assim como a “periferia” não é mais a velha “massa de manobra” historicamente calada e invisível. Há pensamentos-ações em andamento, e esta é a primeira vez que vemos tudo isso nas ruas. Não era isso que desejávamos¿ O momento é de liminaridade e devemos aproveitá-lo ao máximo, nas ruas e nas conversas, nas discussões, nos encontros. O momento é de DISPUTA. Cada um de nós deve voltar aos seus movimentos de base para estabelecer pautas e agendas que comprometam o diálogo que necessariamente se abrirá após esse momento, para a efetivação das mudanças necessárias nos múltiplos setores. A potência conquistada nas ruas deve poder colher os frutos das transformações necessárias. Mas antes disso, é preciso disputar, compreendendo e desafiando a complexidade das contradições. Só assim conseguiremos impedir os fascismos.

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  14. - A tecnologia do carnaval nas ruas. Vejo isso na forma de organização das passeatas dentro da passeata; na irreverência dos cartazes; nas manifestações dispersas pelos bairros; na forma como a marcha começa, como ela se dispersa (para além da ação da polícia); na ausência de vozes únicas; na falta de lideranças; na ausência de comícios; no tempo de liminaridade instaurado, onde o contrário da ordem estabelecida está “autorizado” a desafiar; na relação indivíduo-coletivo onde cada um é protagonista de si mesmo no palco das ruas; multidões de bola preta entoando palavras de ordem; etc. A potência do carnaval sempre foi subestimada como alienação e subaproveitada pelos foliões. A potência das organizações dos blocos de carnaval finalmente pode ser muito mais do que já é. Arrisco dizer que o próximo carnaval será alguma coisa que jamais brincamos.
    Rio de Janeiro, 23 de junho de 2013

    Adriana Scheider Alcure - compartilhado por Andrea Chiesorin

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  15. Excelente texto e bastante oportuno!!

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  16. JANAILDA GUIMARÃES DE LIMA
    Jorge lindo texto!!! E te digo, em resposta ao seu chamado: não abrirei apenas uma fresta de minha janela ou mesmo, em euforia hiperbólica, a porta de minha casa(na perspectiva psicanalítica) , mas ja esta aberto o qud tenho de mais precioso meu coração, que há tantos anos sonhava e ansiava por tal encontro, mas que não acreditava que ele aconteceria antes da minha morte.... Venha o Outro, diverso, sofrido, sedente, desejoso, pois o meu coração também arde na mesma sintonia. Obrigada pelo texto!!

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  17. Olha só que achado para reflexão:
    “Negligenciar e, pior, desprezar os movimentos ditos ‘espontâneos’, ou seja, renunciar a dar-lhes uma direção consciente, a elevá-los a um patamar superior, inserindo-os na política, pode ter frequentemente consequências muito sérias e graves. Ocorre quase sempre que um movimento ‘espontâneo’ das classes subalternas seja acompanhado por um movimento reacionário da ala direita da classe dominante, por motivos concomitantes: por exemplo, uma crise econômica determina, por um lado, descontentamento nas classes subalternas e movimentos espontâneos de massa, e, por outro, determina complôs de grupos reacionários que exploram o enfraquecimento objetivo do Governo para tentar golpes de Estado. Entre as causas eficientes destes golpes de Estado deve-se pôr a renúncia dos grupos responsáveis a dar uma direção consciente aos movimentos espontâneos e, portanto, a torná-los um fator político positivo” (Cadernos do Cárcere, volume 3, RJ: Civilização Brasileira, 2000, p. 197).
    Belo artigo amigo. abraços solidários Jenny Pompe

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  18. ABRAM A PORTA DA SALA... A RUA ESTÁ ENTRANDO POR ELA

    Aprecie uma maneira de descrever uma Imagem publicada, um jeito de praticar Acessibilidade em Comunicação, aproveite e desfrute a reflexão sobre “Memórias de um Subdesenvolvimento”.

    Imagem publicada: "Uma fotografia em preto branco de um homem, de camiseta, segurando potentes binóculos, apoiados sobre um tripé, junto a uma janela, como quem olha alguém ou alguma coisa à distância, porém curiosamente. É um dos trechos do filme Memórias do Subdesenvolvimento, do cineasta cubano Tomás Gutierrez Alea, no período pós-revolucionário, em 1962, em Cuba. Uma Revolução pode mudar um país, entretanto, quando se tornar micropolítica poderá também ser a liberdade de um sujeito ou cidadão(ã), uma pessoa, um indivíduo? Pode se tornar um devir?"

    É uma das muitas cenas emblemáticas do filme, já transformado em cult, “Memórias de um Subdesenvolvimento”. O personagem central da película, Sérgio, aos 38 anos, se vê sozinho e abandonado por sua mulher e família que “fogem” para Miami. A sua cidade, Havana, o seu país, Cuba, estavam em um processo revolucionário. À distância ele podia ver cenários de ruínas como se os prédios fossem feitos de papelão. Fidel e Che Guevara derrubaram, pelas armas, a Ditadura de Batista.

    “HOJE é apenas mais um dos dias seguintes, aparentemente menos ruidosos e “bombásticos”, quando tudo “volta à Normalidade e à Rotina”. Tudo como dantes nos quartéis e nas casas. Um bom dia para irmos ao Cinema, esse calmo e frio dia, depois do quente e incendiado 20 de junho de 2013. Ou será apenas um bom momento para se refletir sobre as ruas e as massas que as ocuparam ontem e antes também, usando o Cinema?

    Como o Sérgio e sua intelectualidade podemos estar assustados com esse ‘povo desconhecido’, pois, como em Esparta não são “homoi”, iguais em cidadania e direitos, mas sim os Outros, os “periféricos”, os que foram e são produzidos em massa. Tememos essa nova Horda? Diante dos instrumentalizados e úteis vândalos, tememos ter de repetir uma nova Ordem? Uma nova Revolução? Ou uma neo-ditadura militarizada e espartana?"

    http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/06/abram-porta-da-sala-rua-esta-entrando.html#comment-form
    Sábado, 22 de junho de 2013.
    InfoDefNet


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  19. "Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
    Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
    É que Narciso acha feio o que não é espelho"

    "E foste um difícil começo
    Afasta o que não conheço
    E quem vem de outro sonho feliz de cidade
    Aprende depressa a chamar-te de realidade"

    Achei excelente a reflexão e traduz exatamente o que tenho passado nas últimas semanas.

    A transição entre o "estar" em casa, para o "estar" nas ruas e todo o contato com a realidade lá de fora.
    Realidade essa que começa a se parecer muito com a realidade de cada um de nós.
    Ao sair as ruas, às vezes acabamos chegando a nós mesmos.

    Belo texto.

    Grande Abraço.

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  20. Ei Jorge, muito bom o seu texto. Retorno para o lema "Nada sobre nós sem nós" das pessoas com deficiência que serve para tudo. Se você nunca passou fome, se sempre teve panela, como pode entender os pobres? Não é queimando um índio na esquina que vai extermina-lo, pois, as tribos ainda resistem. Não é desempregando ou desapropriando da sua casa que o cidadão vai abandonar o seu espaço. Não é matando jovens pobres e negros que você vai exterminar esta geração porque nascem outros. Se você alimenta e tem panela, não tem o direito de ditar sobre benefício gerado ao menos favorecidos. Não se trata de assistencialismo e sim de direito e dignidade em viver num país rico em todos os sentidos onde a maioria da população é constrangida pelos abusos de toda ordem! Não é a pobreza de dinheiro que demonstra a real probreza do homem. Não é chamando uma mulher de VACA que vai mudar a situação, a natureza resiste. E neste caso, como presidenta, muito menos, ela defende o cidadão "pobre" e ganha simpatia da maioria, ainda oprimido e calado pelos abusos culturais mas com pensamento crítico, sabe quem está ao seu lado. A arrogância e o preconceito e o se "setindo humilhado" pela ascenção intelectual e o destaque aos talentos dos "pobres" não servem para construção dessa nova sociedade. Dica: aprender a ser "pobre" (convive) e a ser rico em respeito alhio. Aprende a lavar panelas. Se tem horror a decadência dos que vivem em zona de risco ou na baixa escala financeira. Guardem as panelas. Recuem. Porque guerreiros precisam de exercíto. :)

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