sábado, 22 de dezembro de 2012

NOSSO MAIOR DESEJO/DIREITO PARA NÃO DESEJAR O FIM DO MUNDO


Imagem publicada - uma foto em preto e branco de cena do filme O Circo(1928) de Charles Chaplin. Um homem, o próprio Carlitos, está sobre a ''corda bamba'' por onde terá de se equilibrar, mesmo não sendo o equilibrista oficial, para que o espetáculo possa continuar. O show tem de continuar, a platéia precisa aplaudir ou vaiar, e o leão continuar rugindo. Esta cena me remete à nossa condição equilibrista entre as nossas pulsões do viver, do morrer, do prazer e da morte. E, como eterno aprendiz do vagabundo Carlitos ainda espero chegar, apesar de tudo e todos os desequilíbrios humanos, chegar ao fim da corda e do espetáculo.

SOMOS, TODAS E TODOS OS CHAMADOS SERES HUMANOS, DEMASIADA E DIFERENTEMENTE DESUMANIZADOS, APOCALÍPITICOS, MESSIÂNICOS E ATIVAMENTE CONSUMIDORES DE NOSSO PRÓPRIO FUTURO...

EM TEMPOS DE BOAS E EMBRIAGANTES FESTAS DEVERÍAMOS RESERVAR UM PEQUENO, PORÉM INDISPENSÁVEL, TEMPO PARA A AFIRMAÇÃO DA VIDA COMO POSSIBILIDADE E DEVIR, SONHANDO, COM OS PÉS BEM FIRMES SOBRE A TERRA, COM UM AMANHÃ QUE SERÁ POSSÍVEL QUANDO NELE INVESTIMOS.

HÁ UM DESEJO MAIOR EM MIM QUE REPASSO A TODOS OS LEITORES, COMENTARISTAS, SEGUIDORES E, SEMPRE, AMIGOS E AMIGAS DOS MEUS TEXTOS E BLOGS:

QUE POSSAMOS TODOS/TODAS REAFIRMAR O MAIS IMPRESCINDÍVEL DOS DIREITOS, AQUELE DIREITO FUNDAMENTAL SEM O QUAL NENHUM OUTRO DOS OUTROS DIREITOS HUMANOS, NOSSOS E DOS OUTROS, PODERAM SER PLENAMENTE EXERCIDOS OU USUFRUÍDOS.

UM DIREITO QUE ALÉM DE INALIENÁVEL, OU SEJA, NÃO PODERÁ JAMAIS SER DESTITUÍDO DO SUJEITO, É CONDIÇÃO SEM A QUAL NÃO CONSEGUIMOS NEM MESMO RECONHECER NOSSAS DIFERENÇAS, RESPEITAR E CONSTRUIR EM CONJUNTO NOVAS DIREÇÕES OU CARTOGRAFIAS DO VIVER.

UM DIREITO QUE NÃO PODE SER DIVISÍVEL, MAS É O QUE NOS PERMITE ACREDITAR NA SUA UNIVERSALIDADE E APROPRIAÇÃO MULTIPLICADORAS, POR TODOS E TODAS, QUANDO PENSAMOS A VIDA E A MORTE.

UM DIREITO SEM O QUAL NEM MESMO EXERCEMOS O DIREITO DE IR E VIR. UM FUNDAMENTO PARA QUE NOSSOS PASSOS, SOLITÁRIOS OU COLETIVOS, MAIORES OU MINÍSCULOS, DEIXEM SUAS MARCAS, SUPERFICIAIS OU PROFUNDAS, NA CURTA OU LONGA TRAJETÓRIA/ESTRADA FINITA CHAMADA DE VIDA.

UM DIREITO QUE, CADA DIA MAIS, VENHO APRENDENDO, PARA ALÉM DAS DORES E DAS FRAGILIZAÇÕES QUE O TEMPO NOS IMPÕEM, A REATIVAR COM VIGOR E GARRA, PARA QUE NOSSAS PULSÕES NÃO ME/NOS DIRECIONEM APENAS PARA A AUTODESTRUIÇÃO.

É O DIREITO À SAÚDE. NÃO APENAS COMO O DIREITO DE NÃO ADOECER OU SOFRER, CONDIÇÕES HUMANAMENTE INCRUSTRADAS EM NOSSAS LIMITAÇÕES FÍSICAS E PSÍQUICAS, MAS COMO O DIREITO PROFUNDO DE UMA ARTE DA VIDA .

POR ISSO DEVEMOS CONTINUAR PERGUNTANDO POR QUEM OS SINOS DOBRAM: ELES DOBRAM POR TI, POR MIM E TODOS NÓS... À DONA MORTE DEVEMOS ENVIAR SEMPRE NOVAS E EXTENSAS CARTAS, SEMPRE COM NOTÍCIAS DE NOSSO UNIVERSO-CORPO QUE ESTÁ SE IMISCUINDO NA SUA MUNDANIDADE COM TODA FORÇA VITAL POSSÍVEL.

COMO DIZIA O ESCRITOR HENRY MILLER: “AVANÇAR PARA A MORTE NÃO RECUAR PARA O ÚTERO...”. PORÉM COM FIRMEZA, DIGNIDADE E SEM TEMOR DO FIM DOS MUNDOS E DE NOSSA PRÓPRIA FINITUDE.

A TODOS E TODAS, NESSE FIM DE 2012, FAÇO UM BRINDE À SUA GRANDE SAÚDE, AQUELA QUE NINGUÉM PODERÁ E NEM PODE DEIXAR DE RECONHECER COMO SEU PRIMEIRO DIREITO PROFUNDAMENTE HUMANIZADOR... E QUE VENHAM OS NOVOS FINS E COMEÇOS DOS NOSSOS MUNDOS...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

SAÚDE MENTAL? QUANDO INTERNAMOS OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL?



Imagem publicada – imagem de modelo de Enfermaria e leitos do novo hospital, o futuro IAD (Instituto de Álcool e Drogas, a se construído na região da Pompéia, em São Paulo, SP. Segundo a matéria do Jornal da USP, com o endereço (link) citado ao fim desta publicação, “com investimento de R$59 Milhões, o Instituto de Álcool e Drogas (IAD) da USP terá atuação multidisciplinar e oferecerá atendimento à sociedade em geral e à comunidade universitária...”. Um espaço que abrigará uma Unidade de Internação, o Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas (CAPSad), o Ambulatório especializado em dependência química, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), além de programas de capacitação a profissionais que atuem com dependência química no interior do Estado de São Paulo e nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Esta notícia está circulando em minha mente há dias. Li pela primeira vez o texto, ao pesquisar sobre o tema tão falado atualmente chamado de epidemia: o Crack. Minhas situações de afastamento das atividades da Saúde Mental me fazem buscar a manutenção do conhecimento sobre todos seus campos. E, quando, como dizia Nietzsche, nos afastamos da cidadela é que podemos re-conhecer os seus muros...

A construção de um novo hospital, quando existe esse apelo compulsório e biopolítico de internação de todos os “viciados” é sempre uma boa e uma má notícia. E por que existiria e existirá essa ambivalência e ambiguidade?

Primeiro olhamos a notícia do investimento de muitos recursos e de busca de um “enfrentamento” da alardeada e visível situação da drogadição em nosso país. Mas se relemos e repensamos a notícia vamos encontra os seus avanços e seus retrocessos. O que poderiam ser avanços com a estrutura, deste novo edifício de cinco andares, com a ‘’inclusão’’ de um CAPSad ocupando um de seus andares, pode ser a reinserção arquitetônica de um modelo que contraria, por exemplo, a ação dos chamados “consultórios de rua”.

A pergunta sobre a internação dos Centros de Atenção Psicossocial vem desta proposta, com apoio do Governo Federal, da Secretaria Estadual de Saúde e do renomado Instituto de Psiquiatria da USP. Não estaremos ativamente restringindo ao modelo biomédico o cuidado dos cidadãos (ãs) marginalizados, quase sempre sob pontes, à margem de trilhos, ferrovias ou beiras da cidade?

 Estes que vivem drogados e, permanentemente, desterritorializados passam a ser, agora denominados craqueiros, muito embora muitos sejam primariamente alcóolatras e pessoas em situação de rua, alvo de uma reterritorialização e novos cuidados, que podem até ser terapêuticos, mas apenas sob a ótica da internação involuntária ou compulsória?

Estas perguntas são geradas pela minha experiência passada no convívio diário de um CAPS III, os espaços de cuidado e tecnologias de atenção em Saúde Mental. Estes Centros são a proposta da Reforma Psiquiátrica que surgiu, cresce e existe em centros urbanos com mais de 200.000 habitantes, institucionalizados a partir da Lei 10.216/2001, que também abriga, cuida, atende, por equipes multidisciplinares,oferecendo, nas crises, os "leitos noite".

Neste espaço físico e territorial dos CAPS convivem, em intensidades/cuidados diferentes, os usuários que além dos transtornos mentais severos e prolongados, como as esquizofrenias, formam uma heterogênea população que também é usuária das drogas, quiçá uma boa maioria do álcool.

Esta Lei que tramitou por muitos anos nas veredas de uma resistência conservadora e de modelo hospitalocêntrico nos afirma a contradição de um CAPS inserido no “ventre” de um hospital, Basta que leiamos os artigos: “VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental”.

Estes e os artigos antecedentes foram proclamados para garantir os direitos e a proteção de pessoas acometidas de transtorno mental. O que precisamos lembrar é que também, como já foi feito com pessoas com deficiência, foi deixada aberta à interpretação, que digo anti-inclusiva, com o termo “preferencialmente”.

Nessa brecha é que nascem as atuais modelizações de higienização e reinstitucionalização dos “loucos de toda sorte”, ou melhor, os que tornados loucos e perigosos para a sociedade serão tolhidos de quaisquer sortes... E nossos governantes, prefeitos e representantes legislativos, com apoio de “novas” leis, buscam o controle desta epidemia sem vacinas ou tentativas de “cortar o Mal pela raiz”, optando-se pelo método mais antigo: a exclusão dos já excluídos e desfiliados socialmente.

Há, porém formas de tornar mais receptivas e massificadas do que afirmar que um CAPS dentro de uma estrutura hospitalar, como o proposto pela USP, do que dizer que: “está prevista a criação de um ambiente humanizado e INCLUSIVO, adequado ao seguimento da proposta terapêutica interdisciplinar de usuários de diferentes substâncias, portadores ou não de comorbidades psiquiátricas e CLÍNICAS...?”.

A maioria da população, e ousaria dizer até dos que se consideram bem informados e cultos, considerará esta proposta muito apropriada aos tempos que vivemos. Dirão que dentro de um ambiente hospitalar os dependentes serão “melhor” desintoxicados e estabilizados. Mas o projeto terapêutico que está subjacente é o que apontava Foucault em sua desmontagem genealógica dos asilos: é preciso dar uma “direção” aos asilados.

O texto da matéria, muito claro e preciso, nos diz que: “... Pela natureza dos tratamentos a que se destina, o projeto CAPSad estabelece, ainda, a prevenção de violência, suicídio e uso de substâncias nas dependências do IAD.” Ou seja não serão permitidos estes graves desvios do regime de funcionamento hospitalar. E, então, quais serão os dispositivos, tecnologias, regimes e domínios a serem instituídos ou inventados para controlar essas transgressões?

Somos informados que a sua construção se iniciará em 2013. E que a infraestrutura desta edificação será e "foi projetada para abrigar enfermarias destinadas à internação de pacientes adultos e adolescentes". Serão alvo do cuidado de equipes multidisciplinares os usuários de crack e outras drogas. Estes serão abrigados (obrigados) em 62 leitos de internação, sendo 12 para cuidado de CRIANÇAS E ADOLESCENTES usuários de drogas e 10 leitos exclusivos para o tratamento de funcionários e alunos da comunidade da USP.

Por não saber como serão estas práticas intra-hospitalares, conhecendo a necessidade de um outro modo de cuidado em rede, com políticas Inter setoriais e práxis localizadas em espaços territoriais comunitários, é que deixo minha dúvida em aberto. 

Serão estes pavimentos novos que reabilitarão os “usuários de drogas”? ou serão estes “usuários”  que passaram a ocupar os leitos crônicos, que lembram o mito de Procusto, se não se deixarem dirigir, ordenar e submeter, melhor será aumentar o tamanho das camas ou do chão, e, se preciso além de Vidas Nuas também expor, como no passado, ao frio e ao jejum (vale a abstinência forçada)?

 Enfim, digo que a proposta deste novo Hospital me trouxe, com a “internação” de um CapsAd, a lembrança triste e envergonhada dos velhos e rotos pijamas uniformizantes do passado manicomial de nossa psiquiatria brasileira e mundial. Por esta lembrança é que convoco à reflexão crítica da “urgência” de novos espaços fechados para o cuidado de quem já vive em situação de isolamento, sofrimento, desconstrução da autoestima, depressões, violentações, vulnerações e, consequentemente, a negação de seus direitos, principalmente aqueles que inventamos em 1948: os direitos humanos.

Não precisamos apenas demolir os muros visíveis de velhos projetos de hospitalizações. Estes fantasmas afligem os que criam as Casas Verdes (O Alienista -Machado de Assis). Também devemos ter o desejo de demolição de nosso mais antigo temor: a invasão de nossos protegidos, limpos, seguros, moralizados e, aparentemente, civilizados territórios por essa nova horda de bárbaros. É o nosso temor de sermos tocados novamente, sem nenhuma autocrítica sobre nossa participação na sua gênese social.

 E toda nossa suavidade e respeito ao Outro continua em des-aparecimento.

PS – Neste mês de novembro completam-se os três primeiros anos do Blog INFOATIVO. DEFNET, e, com a conquista de mais de 100.000 (cem mil) acessos, e a proximidade dos 500 (quinhentos) amigos/amigas seguidores, envio meu agradecimento aos que comentaram, mesmo que silenciosa ou por outros meios, os meus textos. Espero continuar, dentro das minhas atuais limitações físicas, usando este espaço cibernético e digital para tentar “contaminá-los” afetiva e afetuosamente com minhas idéias e sonhos, já que até minha saúde mental também passa, pelas agruras a que todos/todas estamos expostos, pelo RISCO que é viver In-Tensamente...
UM DOCEABRAÇO

Copyright/left – jorgemarciopereiradeandrade ad infinitum / todos direitos reservados  (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet ou quaisquer outros meios de comunicação de massa)

Notícias na INTERNET –
HC terá centro para tratar dependência em álcool e drogas

Centro Multidisciplinar sobre crack, álcool e outras drogas   (Jornal da USP 13/21 Outubro de 2012) http://www.usp.br/imprensa/?p=25186


Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

Indicações para Leitura (e crítica) –

O Poder Psiquiátrico – Michel Foucault – Editora Martins Fontes, São Paulo, SP, 2006 (Aula de 9 de Janeiro de 1974 – Poder psiquiátrico e prática de “direção”)

El Sufrimiento Mental – El poder, la ley y los derechos – Emiliano Galende & Alfredo Jorge Kraut – Lugar Editorial, Buenos Aires, Argentina, 2006.(pág. 244 – Acerca de los derechos de  los pacientes mentales)

LEIA TAMBÉM NO BLOG –

SAÚDE MENTAL: QUANDO A BIOÉTICA SE ENCONTRA COM A RESILIÊNCIA https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/10/saude-mental-quando-bioetica-se_11.html

SAÚDE MENTAL E DIREITOS HUMANOS COMO DESAFIO ÉTICO PARA A CIDADANIA https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/06/saude-mental-e-direitos-humanos-como.html

RACISMO, HOMOFOBIA, LOUCURA E NEGAÇÃO DAS DIFERENÇAS: as flores de Maio (TAMBÉM DE NOVEMBRO – Mês da Consciência Negra) https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/racismo-homofobia-loucura-e-negacao-das.html

O MELHOR É A JAULA OU O GALINHEIRO? Deficientes intelectuais e o seu encarceramento 

O MANICÔMIO MORREU? POR QUE O MANTEMOS VIVO EM NÓS? 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SAÚDE MENTAL: quando a Bioética se encontra com a Resiliência.

Imagem publicada – a foto colorida de uma pessoa, negra, de Gana, que está acorrentada a uma árvore. É de autoria da Human Watch Rights (HWR) como denúncia da realidade de maus tratos, cárcere e privações a que são submetidas as pessoas com transtornos mentais em Gana, na África. Segundo a matéria: “A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que cerca de 3 milhões de pessoas vivem com deficiências e distúrbios mentais no país que possui apenas três hospitais públicos psiquiátricos. Em todas as unidades, a HRW encontrou corredores e quartos em péssimas condições com fezes e urinas no chão, sistemas hidráulicos quebrados e superlotação”. Uma dura realidade que não é um privilégio africano, mas que ainda persiste em muitos lugares da Terra. Uma realidade manicomial que ainda temos de ultrapassar e nunca mais retomá-la como modelo de cuidados em Saúde Mental, aqui, lá e em qualquer longitude ou latitude...

Tornou-se uma atividade mundial a lembrança com datas para os assuntos que mobilizam em direção tanto para o consumo como para as questões humanas ou humanitárias. No dia 10 de outubro, assim como recentemente outros “dias” (Alzheimer, Autismo, etc...), comemora-se, ou melhor, somos lembrados do Dia Mundial da Saúde Mental. E este como muitos outros dias já passou, e a realidade sempre volta.

Eu, aqui entre quem já estive em seu “front”, na área psicossocial, hoje me sinto muito mais próximo dos que a vivem como uma ”guerra” cotidiana. Digo isso, pois também tenho minhas comemorações nesses 10 dias de outubro. Aliás, muito menos devo comemorar do que relembrar apenas a data de minha neurocirurgia há 03 anos. E ainda tive também meus dias seguintes, meus “days after”... Ou seja, a minha “queda” dentro de um hospital público da rede do SUS..

Foi após esse Outubro, que não deixava de ser também o Outubro Rosa no combate contra o Câncer de Mama, que pude vivenciar o quanto precisamos, urgentemente, da Bioética. Essa “invenção” transdisciplinar dos anos 70 tem uma presença cada vez mais indispensável nos campos das ciências, biotecnologias e, em especial, no campo da Saúde.

Quando passei pela experiência, corporal e psíquica, da ameaça de vulneração dentro de um hospital é que comecei a repensar a resiliência e seu sentido bioético. Este termo não é muito empregado, por enquanto, nas questões de saúde, em especial na Saúde Mental. Porém posso dizer que o experimentei na própria pele... 

A “resiliência” significa, no seu sentido primordial, a capacidade de plasticidade que um material, mesmo rígido, tenha de recobrar sua forma original depois de ser submetido às pressões que o deformem. O termo e conceito foram inicialmente tomados de empréstimo pela Psicologia, em sua crítica às leituras que se fizeram sobre as crianças que sofrem traumas infantis.

A visão clássica era de que estariam condenadas a reproduzir esses traumas, e, como seres humanos vulneráveis, trariam para sua vida adulta todas as “feridas” da tenra infância. Porém o se que verificou com pesquisas é que não há esse determinismo. Nem todas as crianças, ou seres humanos, são marcados por essas situações de vulneração e trauma igualmente.

O surgimento da capacidade de resiliência, em muitos, pode demolir essa visão tanto quanto a ideia de invulnerabilidade. Nem condenados, nem vítimas e, muito menos, heróis. Somos, nos tornando resilientes, apenas seres humanos em sua infinita capacidade de superação e aprendizado. Não digo que temos resiliência, digo que a experimentamos e a desenvolvemos.

O que acontece quando temos uma doença crônica, um diagnóstico de AIDS ou câncer? O que se passa, principalmente, por nossas mentes? O que essa situação de hiperestresse provoca em nossos corpos?

O que se passa com nosso mundo psíquico, fragilizado e frágil, quando temos de aprender a conviver com outro modo de andar, conviver e se relacionar, vivenciando, por exemplo, uma deficiência pós-traumática? 

Tornamos-nos aquilo ou aqueles antes apontávamos ou identificamos como sendo diferentes de nossa suposta normalidade? Talvez essa vivência inesperada possa vir a ser a diferença. Porém, cada um em sua singularidade e subjetividade, passará por uma experiência vital única e incomparável. É quando podemos desenvolver essa capacidade de projeção menos sombria e mortal que muitos alardeiam ou se vitimizam. Pode nascer em nós a capacidade de ir além dos diagnósticos, incapacidades ou perdas de funcionalidade.

Há aí uma capacidade, que poderíamos ousar dizer universal, de aprendizado, superação e formas diferenciadas de transformação pessoal. Chamaremos essa potencialidade de resiliência ou re-existência? Podemos como muitos fazem, e se utilizam disso, nos colocarmos no papel de vítimas. As nossas novelas que ocupam, a meu ver, muito mais espaço das vidas e das redes sociais, são peritas nessa produção de subjetividade.

Nessa temporalidade da Idade Mídia e da Sociedade do Espetáculo há sempre alguém muito mais interessado no destino de uma “Carminha” do que dos muitos brasileiros e brasileiras que vivem reais condições de produzir, enfrentar ou serem derrotadas pelas adversidades inevitáveis da Vida. 

Somos estimulados uma posição vitimada e vitimizadora. Diante dos processos de perda de papel micropolítico, ou mesmo macro político, é que muitos passam a situação de hiper-vulneráveis pelo Estado. Sugiro, então, a partir de minha própria vivência, que é a busca dos antídotos revitalizadores, para além das urnas, que podem multiplicar nossas resistências e resiliências coletivas.

O campo da Saúde Mental é e sempre será propício para esta práxis e proposta psicossocial. Porém não podemos revitalizar o que for fazer crescer em nós, como cicatrizes mal tratadas, os modelos messiânicos, as buscas apocalípticas, os fundamentalismos e as micro-fascistações que nos são profundamente tentadoras por suas promessas fáceis e mistificadoras. Não há mudanças radicais de uma vida sem o aprendizado com suas perdas, mas também com seus ganhos em novos saberes ou sabedorias.

Eu, aprendi a sonhar, mas não creio nesses profetas que hoje saem das igrejas-partidos em direção às Câmaras ou outros espaços da política e dos poderes constituídos. Principalmente pela ausência real de propostas de políticas sociais realmente estruturantes. Ainda mais no campo da Saúde Mental ou a Coletiva e Pública.

Basta que pensemos nas promessas de candidatos a prefeitos, recém-propagandeadas, de resolução “total” de nossos problemas sociais, econômicos, habitacionais, educacionais e, mais localizadamente, de nossas muitas saúdes. São as falácias e os espetáculos macro políticos que se perpetuam abusando das camadas populacionais vulneráveis.

Essas chamadas de “comunidades” estão e estarão precisando de uma intervenção micropolítica que as ajude a despertar na e com a resiliência. Assim como em nós, individualmente. Porém como nos ajudar nesse processo de recuperação da dignidade e do direito à justiça social? Há sim como recuperarmos nossas diferentes saúdes, principalmente se a reconhecermos como um fundamento para todos os outros direitos humanos que temos. 

Não há com quebrar os mecanismos do que chamo de vulneração, por exemplo, das pessoas com deficiência, sem um processo ativo de seu emponderamento. Um processo histórico que quebra os velhos paradigmas reabilitadores ou biomédicos e lhes dá um lugar social e políticas públicas para além da visão sedimentada de que são apenas objeto e não sujeitos de direitos.

Essa mesma mudança de paradigmas, que conquistamos com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, apesar da conceituação e o abraço conceitual de deficiências psicossociais para quem vive transtornos mentais graves ou persistentes, ainda não ocorre, a meu ver, no campo da Saúde Mental.

Ainda temos uma visão e práxis que não reconhece a força das pressões sociais e econômicas na produção de muitos quadros psicopatológicos. Quando lemos que as pessoas estão vivenciando mais quadros depressivos e as taxas de suicídio aumentam é que deveríamos pesar, para além de refletir, o quantum da pressão social que as crises econômicas vêm produzindo, desde 1929, a Grande Depressão nos EUA.

E, então para socorrer e tratar dessas populações em crescimento “assustador” e “epidêmico” surgem apenas as constatações e as epidemiologias. São criadas as recentes bio políticas. Os orçamentos e os seus valores em milhões, a princípio, são grandiosos. Há, porém, a persistência da serialização e multiplicação dos diagnósticos e das suas curas. Serão apenas 350 milhões ou 5% da população mundial (OMS) que vivencia as diferentes depressões? E amanhã, quantos seremos?

Um psiquiatra português diante do chamado “desânimo” diante da crise econômica que castiga seu país e a Europa nos informa que: 
“...os doentes mentais crônicos também são vulneráveis a esta situação de crise". Roma Torres salienta que "o sistema de saúde é onde as pessoas acorrem muitas vezes em situações de dificuldade que nem sempre é da saúde e isso nota-se particularmente na área da psiquiatria"

Essa mesma psiquiatria que tenta a remoção dos estigmas e dos mitos tentando ensinar novos modos de ver, cuidar, institucionalizar e revisar perguntando às crianças: “o que é um maluco?”.  O que é a Loucura?

Outras notícias e outras visões nos informam que, nesse Dia Mundial da Saúde Mental, devemos sim é fortalecer as chamadas redes psicossociais de cuidados e tecnologias sociais. São os sujeitos em interação, com os mais diferentes suportes em suas territorialidades ou espaços de convívio que, emponderados, passam de vítimas vulneráveis a ativistas de seus direitos. Podem, então, participar e até fiscalizar as políticas públicas, não assistencialistas, que possam ir para além dos paradigmas biomédicos ou reabilitadores.

O exemplo do surgimento dessa resistência que fomentará a resiliência que pode vir, por exemplo, das pessoas que são consideradas objetos de intervenção social. Nessas medidas, desde os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) até os Centros de Reabilitação, os governos investem em busca do atendimento de uma demanda crescente chamada de “doentes mentais”, a maioria, como no resto do mundo ocidental, submetida ainda um modelo fisicalista, farmacológico e orgânico de seu adoecimento e sua cronificação. 

As depressões prefiro-as no plural e na pluralidade, só estão cada dia mais “diferentes”. Nessa constatação o colega ultramarino também identifica e prescreve a solução final dos nossos modelos tão difundidos de re-internação, re-hospitalização, inclusive com a judicialização da saúde mental e os processos de justificação das internações compulsórias, em especial dos drogadictos, reedição dos modelos higienistas e manicomiais. 

Há alguma perspectiva que nos dirija para as desinstuticionalizações para além das Reformas? Há, realmente, em ação uma mudança de paradigmas que nos abra um caminho para resiliência comunitária, ou melhor para uma resistência diante de tanta desumanização do cuidado em Saúde? Nossos novos minicômios em ação são mais pulverizadores e invisibilizadores do que os Juqueris, os velhos manicômios e seus muros visíveis? As correntes que se usam aqui são mais “finas e sutis” que as usadas em Gana?

Minha utopia, aliás, minhas utopias e sonhos não serão demolidos por essas duras tecnologias que se repetem e reproduzem nas palavras “compulsória e involuntária”. Há um desejo nascente do meu estudo da Bioética que aponta possibilidades, pontes para o futuro, que transformam os chamados “portadores” de deficiências ou doenças, mesmo as raras, em novos sujeitos resilientes. 

Em minha própria pele, esse que é o maior órgão do corpo humano, e também nosso egoico protetor, às vezes excessivamente narcísico, venho tentando a experimentação do árduo aprendizado de me tornar resiliente. Por isso escrevo tantas Cartas de Vida(s) à Dona Morte. Por isso amplio minha própria vulnerabilidade, questiono meus pré-conceitos, busco essa nova e renovada visão da saúde, para além de quaisquer doenças ou incapacidades. 

Com mais este texto, em nosso contexto político das privatarias, dos mensalões, das corrupções visíveis e invisíveis, faço mais um convite para o re-conhecimento do quanto a Bioética pode trazer de estímulo para a proteção e salvaguarda dos que estão em uma ponte, só que pensando, silenciados e silenciosamente, no suicídio e falsa redenção pela morte.

Entre a ponte para um futuro com mais justiça, menos exclusões, sem estímulo às desfiliações sociais e aos horrores econômicos de um hiper capitalismo parasitário, essa ponte de ondem saltam a cada 40 SEGUNDOS globais os seres em desesperança e desilusão vital, qual é a ponte que pretendemos atravessar, juntos, em direção de nossos devires?


Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

Indicações de Leitura: 
Bioética, Vulnerabilidade e Saúde – Christian de Paul de Barchinfontaine & Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli (orgs.) – Editora Ideias&Letras/ Centro Universitário São Camilo – São Paulo, SP, 2007.

Desnutrição, Pobreza e Sofrimento Psíquico – Ana Lidia Sawaya et Allii (orgs) – Editora da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, 2011. El Sufrimiento Mental – El poder, la ley y los derechos – Emiliano Gallende & Alfredo Jorge Kraut, Lugar Editorial, Buenos Aires, Argentina, 2006.

Ensaios: Bioética – Sérgio Costa & Debora Diniz, Editora Letras Livres/Brasiliense, Brasília/São Paulo, 2006.

Rizomas da Reforma Psiquiátrica – A difícil reconciliação – Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2007.

Sobre a imagem utilizada – Matéria
 Notícias da Internet – Dia Mundial da Saúde Mental

Psiquiatra apela a "resposta profissional" para combater desânimo social 

Mulheres têm o dobro de chances de desenvolver depressão -

OMS pede mais ações públicas voltadas à prevenção do suicídio 

Sobre a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto 6949/2009)Disponível novo mapa de assinaturas e ratificações de Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência 

LEIA TAMBÉM NO BLOG –

SAÚDE MENTAL E DIREITOS HUMANOS COMO DESAFIO ÉTICO PARA A CIDADANIA  


OS NOSSOS CÃES desCOLORIDOS - Nossas "depressões" e o Dia Mundial da Saúde Menta

ALÉM DOS MANICÔMIOS - 18 de maio/ Dia Nacional de Luta Antimanicomial

RACISMO, HOMOFOBIA, LOUCURA E NEGAÇÃO DAS DIFERENÇAS: as flores de Maio
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/racismo-homofobia-loucura-e-negacao-das.html

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A DONA MORTE É GLOBAL, MAS NOSSO TESTAMENTO PODE SER VITAL.


Imagem publicada – Uma foto colorida de um Globo da Morte, uma das principais atrações dentro das lonas de circos no Brasil, com uma lona de cores vivas ao fundo (vermelho, azul e amarelo). Nessa esfera metálica que copia a forma de nosso planeta Terra os artistas circenses, em motocicletas, executavam e podem exercitar o espetáculo do risco de viver dentro da acrobática e imprevisível Vida. Nela andam em alta velocidade, cruzam os limites, rompem as redes de proteção dos trapezistas, correm, como diria Nietzsche, na tênue corda bamba entre o homem e o além-do-humano. Sem temor da Dona Morte. A todos estes artistas, em especial a um que conheci muito de perto, envio minha reverência. O seu desafio é uma metáfora do que ainda estamos aprendendo sobre nossas artes de viver e nossas pulsões. Inclusive aquelas que nos levam a morrer. (foto com direitos de Dalton Soares de Araujo - http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/22263-globo-da-morte.htm)

In memoriam do VOVÔ LEÃO (pois era também domador de leões) Barry Charles Silva.


Atravessado e tranversalizado por um “globo da morte” tenho reminiscências do meu avô. O mesmo que me ensinou a gostar do Cinema também me apresentou a interrogação do porque os motociclistas não caem quando chegam ao seu ponto extremo, o seu polo Norte. Interrogação para qual demorei em ter resposta. Fora das lonas dos circos.

Ela me veio quando este velho guerreiro, Seu Filomeno, se tornou minha primeira vivência sobre o morrer em paz. Ele sempre me parecia estar em luta com a Vida. E, na sua pluralidade e singularidade de ser, amava o desafio aos limites. Ele queria morrer em sua própria casa, sobre seu próprio leito. A sua memória é de um guerreiro vital. 

No tempo de Péricles, em sua Oração Fúnebre, feita no inverno de 431-430 AC, os guerreiros gregos desejavam morrer com dignidade. Desejavam com intensidade sua morte em combate. Era o conceito de Bela Morte, ou seja, khalós Thanatós. Nada era melhor do que ser um combatente livre, seja de Esparta ou dos “bárbaros”. Deles se diferiam por escolher onde, quando, como e com quem morrer.

Hoje, na Grécia que teleassistimos, o que será que restou dessas escolhas do morrer? A guerra lá é agora dos euros e das dracmas? Ou seja, apenas as moedas é que determinam a forma de viver e morrer? A vida, com o horror econômico imperando, não têm se tornado tão mortal quanto na Síria, tão próximas? A possível diferença será o tempo da tortura e das bombas na criação de pilhas de Vidas Nuas?

Andei, refleti e tive de conviver mais uma vez, recentemente, com a Dona Morte. Em um Belo Horizonte, quente, seco e quase árido, tive de levar para seus braços mais um membro da grande família dos meus. Para lá levei meu sogro que foi atropelado pela Vida, mesmo que tenha sobrevivido, na sua juventude, a um grave acidente dentro de um “globo da morte” em seu passado circense. 

Voltava ao meu solo, minha terra, minha gaia geradora. Porém vivia mais essa perda, essa ausência presente. E, lamentavelmente, nossos mortos são diferentes do que almejavam os gregos para seus cemitérios com a sombra de pinheiros. Hoje os chamados campos de repouso dos guerreiros têm de ser até vigiados por guardas armados. Os cemitérios não são mais campos Elíseos da paz... Nem mesmo do silêncio.

Tenho, portanto, novamente motivos e emotividade para lhe escrever Dona Morte. A digníssima e vetusta senhora que nos acompanha em nossos milímetros de passadas, mesmo que claudicantes. Eis que não nos poupa de suas surpresas e não nos dá um tempo prévio para nossos lutos. 

Ela vem como um trator, um caminhão, um tanque, um ônibus (como aquele que me abalroou dentro de outro) e, como dizia Adoniran, nos “pincha no chão”. N os atropela, ataca de surpresa, invade nossas couraças, derruba todas as nossas defesas inconscientes e inconsistentes.

Esta semana foi decretada pelo Conselho Federal de Medicina a retomada de nosso direito de escolha da maneira que queremos morrer. E sua resolução gerou de imediato a reação de alguns conservadores fundamentalistas e outros religiosos.

Porém o que o CFM, com a Resolução 1995, afirmou foi à saída do modelo distanásico, ou seja, a Distanásia, que promove, como já escrevi, apenas um exercício esgrimista e duelista da Medicina e da Biotecnologia com os braços mais fortes, imprevisíveis e invencíveis que a Senhora Dona Morte sempre possuiu e possuirá.

Não foi uma decisão sobre a Eutanásia, que Jack Kervokian aplicava e por ela foi punido nos EUA, mas sim uma afirmação de autonomia, beneficência e respeito à vontade dos “pacientes terminais”, os que são colocados em situação de ausência total de possibilidades do que chamamos de cura. São os que são mantidos vivos através de meios artificiais, como os de longa permanência em coma e com vários tubos, aparelhos e biotecnologias em Utis.

O que se afirmou, a meu ver, foi a concretização de uma afirmação da morte com dignidade. Aquela que desejam os jovens guerreiros gregos e seus mais velhos filósofos. A questão, portanto, não é da modernidade, é um ponto mais profundo em cada um de nós e na humanidade. É nossa “crença” na imortalidade.

Colocamo-nos ainda muito mais próximos do Olimpo, do Éden e do Paraíso, mesmo que não estejamos pendendo inteiramente para o lado dos anjos. Desejamos sempre que a Mocinha que chamamos Vida possa lubridiar, enganar e vencer o seu jogo amoroso e freudiano com a Dona Morte, essa sim já plena de sua própria imortalidade.

Somos mortais. Vi novamente o quanto precisamos aprender sobre Thanatos. Era esse o nome do local de despedida do corpo presente de meu sogro. Lá tive muito mais tempo para refletir sobre a minha, a sua e a nossa mortalidade. A presença de uma dor visível nos prantos e palavras, que serão sempre importantes, não diminuía a sensação de outra dor: a psíquica. Fomos, como ele, pela ação global derrubados, de nossa motocicleta, pelo o que nós é mais mortal: a VIDA.

Cara, e custosa Senhora Dona Morte, lá tive muito tempo novamente para refletir sobre o meu, o seu e o nosso Testamento Vital. Já havia acompanhado e lido muito sobre o tema. Já havia escrito sobre o marinheiro espanhol, tetraplégico, Ramón Sanpedro, tornado um exemplo do desejo do “suicídio assistido” e imortalizado pelo filme Mar Adentro.

Ele em suas Cartas do Inferno lutou, após se tornar tetraplégico, e escrever com uma “pena” presa a sua boca, contra o Estado, a Igreja e muitos outros na Espanha. Durante os 29 anos após seu mergulho que o tornou uma pessoa com deficiência pensou e conviveu com a Dona Morte em seu leito e imobilidade. O que sempre desejou foi concretizado a partir de uma assistência que, em 1998, lhe foi prestada “anonimamente” pelos que o cercavam, ao ingerir por um canudo uma solução de cianeto. O seu livro e o filme talvez possam ser considerados um testamento.

O que então faz com que nós, mortais, imanentemente terminais, relutemos, ética e bioéticamente diante dessa questão do morrer com dignidade? A autonomia é um risco para nossa condição de seres sociais e coletivos? A autodeterminação é um desejo absoluto que deverá ser respeitado pelos que nos pranteiam? Os que nos pranteiam também são e serão mortais?

Interrogações que somente o poeta Fernando Pessoa me ajudou a responder com seu poema Lisbon Revisited, na heteronímia de Álvaro de Campos, ao nos interrogar: “Se te queres matar, porque não te queres matar?”, pois para ele quem sabe nos matando nos venhamos a nos conhecer “verdadeiramente”.

Assistam todos os filmes, todas as peças de teatro, pesquisem todos os livros, busquem todos os documentos, ainda assim teremos de buscar na Poesia do viver a única e possível solução parcial para nosso morrer. Uma possível centelha no Caos. Uma afirmação de nossos direitos humanos diante do mundo líquido que produzimos.

Por estas impossíveis respostas à singularidade de como cada um morre, assim como vive, é que deveríamos apoiar essa, embora tardia, afirmação do sujeito e da pessoa. O chamado Testamento Vital já foi motivo de debate e legalização há muitos anos em outros países. 

O que é então essa nova posição do CFM? Segundo matéria publicada: “Os procedimentos a serem dispensados deverão ser discriminados no testamento vital, como por exemplo o uso de respirador artificial (ventilação mecânica), tratamentos com remédios, cirurgias dolorosas e extenuantes ou mesmo a reanimação em casos de parada cardiorrespiratória. Esta decisão deve ser manifestada em conversa com o médico, que registrará no prontuário do seu paciente. Não é necessário haver testemunhas e o testamento só poderá ser alterado por quem o fez. O interessado pode ainda procurar um cartório e eleger representante legal para garantir o cumprimento do seu desejo.”

O primeiro a solicitar esse “direito” da escolha sobre seu morrer foi um advogado de Chicago, Luis Kutner, nos EUA em 1967. Ele redigiu um documento que expressava o desejo de um cidadão recusar tratamento, caso tivesse uma doença terminal. Portanto, já era tempo de podermos decidir sobre nosso próprio corpo e sua condição mortal e frágil diante das diferentes Medicinas, principalmente as desumanizadas do hipercapitalismo.

Entre o viver intensamente, e o viver-morrer tensamente, qual será a nossa escolha vital? Qual será o Testamento que ando e continuamos escrevendo? O que nossas mãos e mentes têm feito com as árvores não plantadas, os desertos que cultivamos, as tristezas que podemos semear, as injustiças que não combatemos, as fomes que ignoramos, as doenças e sofrimentos que negligenciamos, os estragos desamorosos que naturalizamos, e, principalmente, a banalização, antiecosófica, do matar pela guerra e pela proliferação da miséria? A quem estamos matando, em princípio, quando nos permitimos à autodestruição de nossa Terra?

Para minhas filhas, para nossos filhos/filhas da Gaia, é que, conscientemente e livre, desejo deixar, lavrado e registrado, quando não mais suportar ou resistir aos teus abraços sufocantes, Dona Morte, também meu Testamento Vital.

Dona Morte espero ter a chance, se não for também atropelado pela Vida Mocinha no Globo da Vida, de ainda registrar um Testamento. E nele, não me condenem apressadamente, estarei como diz Pessoa, perdendo meu “amor gorduroso”, meu falso apego, minha VONTADE, POTÊNCIA ZUMBI, de re-existir ao que chamamos de fim. OU SERÁ APENAS A FINALIDADE? OU NÃO TEMOS TODOS E TODAS, PRAZO DE VALIDADE?

Como Aquiles, no cerco a Tróia, não podemos ter ao menos uma chance de proteger nossos calcanhares? A ele, os troianos, não permitiram a Bela Morte. O seu corpo foi destroçado, arrastado e mutilado. Portanto, mesmo os semideuses ou os invulneráveis podem ser feridos.

NÃO HÁ CONSOLO NA LUTA, MUITO EMBORA TENHAMOS SEMPRE QUE APRENDER, REAPRENDER COM NOSSOS LUTOS. E COM AS NOSSAS PEQUENAS E INTOCÁVEIS MORTES COTIDIANAS.

SOMOS APENAS HUMANOS, CARA E INEVITÁVEL SENHORA, DEMASIADAMENTE HUMANOS.
E a minha filha, Isadora, também teve seu primeiro encontro, demasiadamente forte e triste, com a morte inesperada do avô que andava, como homem circense, ao cruzar outros limites nesse nosso globo, chamado de terrestre.


Copyright/left – jorgemarciopereiradeandrade (favor citar o Autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

Notícias e fontes na Internet –

Pacientes poderão registrar em prontuário a quais procedimentos querem ser submetidos no fim da vida http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=23197:pacientes-poderao-registrar-em-prontuario-a-quais-procedimentos-querem-ser-submetidos-no-fim-da-vida&catid=3

Testamento vital pode ser feito mesmo por pessoas saudáveis http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6123975-EI306,00-Testamento+vital+pode+ser+feito+mesmo+por+pessoas+saudaveis.html

Maioria das religiões apoia a ortotanásia
http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000530383

Você quer ser pessoa ou paciente?
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/09/voce-quer-ser-pessoa-ou-paciente.html

Porque a motocicleta não cai quando está no alto do globo da morte http://www.deducoeslogicas.com/forca_centrifuga/globo_morte.html

INDICAÇÕES PARA LEITURA -
CARTAS DO INFERNO
– Ramón Sampedro , Editora Planeta Brasil, 2005. http://www.editoraplaneta.com.br/descripcion_libro/1690


POESIA – FERNANDO PESSOA (ÀLVARO DE CAMPOS) – Lisbon Revisited (1926) http://pt.scribd.com/doc/64737980/93/Se-te-Queres

FILME CITADO – MAR ADENTRO – Direção Alejamdro Amenábar, Espanha, 2005. http://portaldecinema.com.br/Filmes/mar_adentro.htm

LEIA TAMBÉM NO BLOG

CARTAS deVIDAs à DONA MORTE
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/08/imagem-publicada-foto-do-ator-al-pacino.html

POR UMA MEDICINA QUE ENVELHEÇA COM DIGNIDADE
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/07/por-uma-medicina-que-envelheca-com.html

EU, VOCÊ, NÓS E O CÂNCER.
 http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/07/eu-voce-nos-e-o-cancer.html

O SUICÍDIO, ADENTRANDO AO MAR E AO NÃO HÁ MAR... - http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2014/08/o-suicidio-adentrando-ao-mar-e-ao-nao.html 

NOSSAS IN-DEPENDÊNCIAS da DONA MORTE em 11/09/11 http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/09/nossas-in-dependencias-da-dona-morte-em.html

NENHUMA DOR A MENOS OU A MAIS
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/nenhuma-dor-menos-ou-mais.html

A ARTE DE RE-VIVER - Quando morrem o Teatro, o Carnaval e a Música? Nunca... ( E O CIRCO TAMBÉM) http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/12/arte-de-re-viver-quando-morrem-o-teatro.html

domingo, 19 de agosto de 2012

AOS MEUS “COLEGAS”, INTOCÁVEIS E INDEPENDENTES – O Cinema reverencia as Deficiências.


Imagem publicada – cena do filme Les Intouchables (Grande Prémio Sakura do Festival de Cinema de Tóquio) onde um homem negro, Driss (o ator Omar Sy, o primeiro ator negro a receber o prêmio César, o Oscar do Cinema Francês, de Melhor Ator), empurra outro homem em uma cadeira de rodas motorizada, que está em “alta velocidade”. Esse homem é Philippe (o ator François Cluzet) um refinado multimilionário tetraplégico francês, que precisa de um auxiliar de enfermagem para parte dos cuidados que seu corpo exige. O contratado é Driss, um senegalês que vive nos subúrbios, com diversos dramas familiares, mas também possui um refinado humor, que poderíamos incorretamente chamar de “humor de um negro”, mas que muda radicalmente a vida paralisada, sem compaixão ou pena, do incorretamente chamado de “paralítico homem branco”. É de suas transversalidades afetivas que nascem algumas propostas que podemos tentar refletir sobre nossas próprias “deficiências” no viver e no amar À VIDA E AO(S) OUTRO(S).

Hoje à noite consegui, com intensidade e desejo, ir, novamente, ao cinema. Fui ver os Intocáveis (Les Intouchables), dentro do Festival de Cinema Francês Varilux 2012. E, mais uma vez, pude constatar que o melhor remédio para as minhas dores é a emoção e o humor.

O filme baseia-se na história real de Philippe Pozzo di Borgo, um milionário que ficou tetraplégico após um acidente com um parapente (paraquedas dirigível). Além da imobilidade física ele vivenciou, na vida real, a convivência com suas dores e seus fantasmas afetivo-amorosos. O que para mim é no mínimo tocante, profundamente.

Ao retornar para a minha casa, após e para além de minhas lágrimas diante de um homem tetraplégico e seu amigo negro, tive a confirmação de minha certeza: o filme Colegas é o melhor filme no 40º Festival de Cinema de Gramado. Exultei, precisava escrever uma nova “carta”.

Já pensava nessa premiação como um passo adiante para que o cinema nacional se tornasse, mais uma vez, um promissor e ativo demolidor de preconceitos. O filme que vi hoje sobre a possibilidade de ressignificarmos a Vida diante de uma deficiência também se manifesta no enredo de Colegas.

O sonho compartilhado é a única forma de exercício vivo da liberdade. Quando o personagem Driss,revela seus medos diante do voo de avião ou de um parapente, que para o seu milionário “patrão” Philippe (François Clouzet) fica claro que no mais íntimo de que em todos/todas nós há um grande temor: podemos até morrer, ou ficarmos paralisados, quando damos asas à nossas imaginações.

Assistam com a mesma intensidade afetiva o nosso premiado “Colegas”. Este filme de Marcelo Galvão faz por merecer seus prêmios: Melhor Filme, Melhor Direção de Arte e Prêmio especial do Júri, este último dado ao trio de atores com síndrome de Down Ariel Goldenberg, Breno Viola e Rita Pokk. E que novembro esteja mais perto do que longe...

Dos três só conheço pessoalmente o Breno. E posso lhes assegurar é um grande ator. Um jovem de bem com a vida, principalmente por sua garra. O que já demonstrou, como judoca, no tatame. Sua veemência deve ser a mesma de quando o vi defendendo, como um auto defensor, a necessidade de outro olhar e reconhecimento de pessoas com síndrome de Down.

Naquela ocasião estávamos na cidade de São Paulo, e Breno participava, ativamente, da discussão sobre os mecanismos de monitoramento e implementação nacional da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Lá estava ele ocupando um papel que cada dia mais deverá se encontrar/afirmar: as próprias pessoas com deficiência afirmando sua independência e autonomia.

Difundi hoje uma notícia sobre outro jovem parecido com ele, nessa afirmação. Chama-se Luiz e mora em Fortaleza. Ele também traz essa capacidade de luta e determinação. Como praticante de jui-jutsi e muay-thai, sonha em ser um campeão. E tenho certeza de que ainda terá seu momento de sucesso como os seus outros três “colegas”.

Há muito que dizer sobre as duas emoções intensas que vivi hoje através e com o cinema. A primeira é a minha identificação com os personagens dos INTOCÁVEIS. Senti-me muito próximo da condição de quem sonha com o texto e a música, assim como a relação “epistolar” de Philippe.

Para um ser humano basta essa urgência/necessidade de comunicação, mesmo que através de outras línguas, pessoas ou meios, que vai das letras à música, à imagem e, principalmente, aos afetos e os bons encontros.

O ato de escreve para alguém, de forma dedicada e amorosa é um meio de buscar esses interlocutores, para além de quaisquer de nossas dores ou limitações. A presença das cartas de um tetraplégico para uma mulher como busca do amor é como diz o personagem: começamos no intelectual para chegarmos depois ao físico.

Hoje então estou escrevendo, como já fiz para um jovem com Síndrome de Down na universidade, uma missiva, uma nova carta: uma mensagem aos meus Colegas por sua contribuição à sétima arte. Diz-nos a matéria que Breno Viola pediu para que a plateia de Gramado os aplaudisse de pé. No foram atendidos e veementemente aplaudidos.

O cinema nacional está para mim hoje de parabéns. Devemos aplaudir de pé essa escolha do longa-metragem Colegas. E, confirmando o que já escrevi, espero que este seja apenas um dos passos que os atores premiados realizem em direção a outros e importantes festivais. Lá também, tenho certeza, seu talento, sua sensibilidade artística e suas bem humoradas improvisações ou provocações irão tocar muitas mentes, muitos corações.

O que desejo é que estes jovens possam ser vistos, ouvidos, e, principalmente, compreendidos para além de sua condição de pessoas com Síndrome de Down. Há ainda um forte e ativo preconceito, fundado nas garras do modelo biomédico, de sua imagem e conceituação como “doença”.

Recentemente um “cientista”, Savulescu, académico de Oxford defende a alteração das leis, argumentando que criar crianças eticamente melhores deveria ser encarado como uma "obrigação moral" de pais responsáveis.

Ele, na contramão de uma posição bioética questionadora da Eugenia, afirma que “... que o controle genético de embriões já é permitido para evitar determinadas doenças, nomeadamente o síndrome de Down ou mesmo em relação a genes potencialmente cancerígena, argumentando o que já não está muito longe de criar da engenharia genética...”. Uma engenharia de perfeição aspirada e idealizada, bio e éticamente questionável que já inspirou diferentes épocas e diferentes paradigmas fascistantes da Medicina.

SINDROME DE DOWN NÃO É UMA DOENÇA TRANSMISSÍVEL E SIM UMA CONDIÇÃO GENÉTICA LIGADA A TRISSOMIA DO CROMOSSOMO 21!

Enquanto Philippe Pozzo di Borgo, o real que só aparece no fim do filme, há um Outro que se constrói em nosso imaginário pela brilhante atuação dos atores. E, pelo seu refinado humor, somos levados a rir para não chorar do que se expressa, não como doença, mas como limitação ao nosso corpo. Seja pela cor da pele ou pela fratura de vértebras cervicais.

Assim, mudando de paradigmas, com a reflexão sobre estes filmes, não devemos achar que todos os tetraplégicos são iguais. E nem todas as pessoas com Síndrome de Down. Para cada ser humano, na relação direta com sua condição social e econômica, sua cultura e sua equiparação de oportunidades, as diferenças podem ou não ser graves impedimentos para a vida independente.

Bastaria, hoje que os diretores e roteiristas tivessem invertido os papéis de Driss e de Philippe. As possibilidades de superação ou não de milhares de pessoas com deficiência ainda se encontram na realidade da vida do acompanhante negro. A maioria ainda é, além de marginalizada, muito pobre, sejam ou não pessoas com deficiência.

E o que o Cinema tem a contribuir para as pessoas com deficiência? Para além do sonho que todos os espectadores e espectadoras buscam no seu escurinho há o que se clareia em algumas mentes sobre as subjetividades e as novas alianças necessárias para suportar nossas infindas fragilidades e “defeitos” humanos. É o seu papel instigador e crítico.

Os dois filmes que abordo são exemplos dessa função em nossas telas oníricas quase reais. O que nos aproxima, humanamente, desses Outros que são nossos colegas de vida e viagem, são as nossas próprias solidões. Nossa “salvação” não vem do além, vem do partilhar, do compartilhar e do respeitar, amistosa e amorosamente, esses des-conhecidos.

Só uma boa e intensa viagem pelas estradas. Uma inusitada e inesperada busca comum de alegria, com a inversão do temor de sermos tocados, como o que ocorre com Driss ao ter de cuidar, intensamente, de um corpo sem movimentos. O que é preciso então para que nossas dores comuns sejam, por alguns momentos fugazes de riso e alegria, diminuídas e aplacadas?

Em minha opinião que possamos, primeiramente, retomar as antigas salas de projeção de cinema das mais recônditas cidadezinhas deste país. Cada sala que perde suas poltronas e telas para movimentos religiosos é para mim o reforço de nosso aprisionamento no vazio dos BBB globais e outros recordes televisivos.

E, reconquistando esses Cinemas Paradiso, que suas telas sejam cada dia mais “cinemascopicamente” coloridas com esses tocantes retratos da solidariedade e da amizade conquistada. E se multipliquem novamente para além dos shoppings e dos templos...

Aos meus “Colegas”, já que eu ocupava, como eles, a exceção/diferença dentro da sala de cinema, como único “corpo deficiente visível e notável”, dedico meu texto e minha total reverência. A mesma reverência a estes intocáveis que devem se tornar, por direito e por desejo, o máximo possível, INDEPENDENTES.

E, como Philippe ainda não consegui deixar minha “alma” descansar, preciso de ar e de alguém como alteridade, mesmo seja apenas um leitor ou leitora desse blog...

Não consigo muito menos descansar meu corpo dolorido e quebrantável. Ainda quero reencontrar Brenos, Ritas, Arieis, Luizes e muitos outros e outras, todos e todas já são e serão meus colegas nessa estrada aberta chamada de transitoriedade dos bons encontros.


Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade 2012/2013 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela INTERNET ou outros meios de comunicação de massa)


FILMES CITADOS:

OS INTOCÁVEIS (Les Intouchables
) – Direção de Éric Toledano e Oliver Nakache, 2011, França.

COLEGAS – Direção de Marcelo Galvão, 2011, BRASIL – Vencedor do 40º Festival de Cinema de Gramado, RS - 2012
http://blogcolegasofilme.com /

Matérias e fontes sobre o texto na Internet:

"Colegas" vence como melhor filme do 40º Festival de Gramado http://cinema.uol.com.br/ultnot/2012/08/18/colegas-vence-como-melhor-filme-do-40-festival-de-gramado-veja-premiados.jhtm

Turma do Luiz (jovem com Síndrome de Down em Fortaleza) http://www.opovo.com.br/app/opovo/esportes/2012/08/18/noticiaesportesjornal,2902009/turma-do-luiz.shtml

Em Gramado, 'Colegas' desdramatiza a Síndrome de Down (e rompe Paradigmas/Estigmas consolidados!) http://www.dgabc.com.br/News/5975068/em-gramado-colegas-desdramatiza-a-sindrome-de-down.aspx

Síndrome de Down ganha visão cômica e livre de tabus em 'Colegas' (Festival de Gramado - SUCESSO merecido) http://cinema.terra.com.br/festival-gramado/noticias/0,,OI6078325-EI20667,00-Sindrome+de+Down+ganha+visao+comica+e+livre+de+tabus+em+Colegas.html

Filme estrelado por atores com síndrome de Down é aclamado em Gramado http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2012-08-14/publico-aclama-colegas-em-gramado.html

Mostra de cinema francês traz diversidade da produção do país http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,mostra-de-cinema-frances-traz-diversidade-da-producao-do-pais,916507,0.htm

“Os Intocáveis” toca os expectadores em estréia do Festival Variluxhttp://br.artinfo.com/news/story/819442/os-intoc%C3%A1veis-abre-hoje-em-s%C3%A3o-paulo-o-festival-varilux-de-cinema-franc%C3%AAs-que-estar%C3%A1-em-cartaz-em-33-cidades-do-brasil

Engenharia genética de bebés é uma "obrigação moral": http://expresso.sapo.pt/engenharia-genetica-de-bebes-e-uma-obrigacao-moral=f747290#ixzz23yCVDcDW

LEITURA INDICADA:

O Segundo Suspiro - Philippe Pozzo Di Borgo. Editora: Intrínseca, Ano: 2012.

Sexualidade, Cinema e Deficiência – Francisco Assumpção Jr. & Thiago de Almeida (Orgs.) – Livraria Médica Paulista, São Paulo, SP, 2008.

LEIA(M) TAMBÉM NO BLOG:


O VIGÉSSIMO PRIMEIRO DIA - CINEMA E SÍNDROME DE DOWN https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/03/o-vigessimo-primeiro-dia-cinema-e.html

CARTA A UM JOVEM COM SÍNDROME DE DOWN NA UNIVERSIDADE https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/02/carta-um-jovem-com-sindrome-de-down-na.html

NÃO SOMOS ANORMAIS, SOMOS APENAS CIDA-DOWNS.... https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/03/nao-somos-anormais-somos-apenas-cida.html

SINDROME DE DOWN E REJEIÇÃO: UM CORPO ESTRANHO ENTRE NÓS? https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/sindrome-de-down-e-rejeicao-um-corpo.html

A PAGAR-SE UMA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN https://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/09/pagar-se-uma-pessoa-com-sindrome-de.html