sábado, 8 de março de 2014

MULHERES PODEM SE TORNAR DEVIR, NÃO SÃO E SERÃO UM DEVER....

Imagem publicada – fotografia que fiz da capa da Revista Caros Amigos, de novembro de 2004, há quase 10 anos atrás, quando Cecília Maria Bouças Coimbra, então presidente do Grupo Tortura Nunca Mais RJ, concedeu uma entrevista que recebeu a manchete: “Abram os arquivos da Ditadura”, na qual ela já pedia o exercício de uma busca da memória e da história do Brasil. Ela afirmava, então: “Nunca se chegou publicamente a dizer: - ‘o Estado foi terrorista’ e o Estado covardemente assassinou, sequestrou, desapareceu com corpos.”. Muitos desses corpos eram de mulheres, como Sônia Stuart Angel, que acreditavam na re-existência feminina à qualquer forma de totalitarismo, mesmo que isso implicasse no risco de suas próprias vidas. Afirmaram o quanto é preciso de coragem e determinação na defesa de direitos humanos, nos quais se incluem, hoje, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Hoje, para além das conquistas legais, muitas ainda terão de lutar pelos seus direitos...

Mulheres, como lembrar, para homenagear, o que significa um ser, um gênero, uma diferença humana, singularidades que nem mesmo Freud ousou decifrar?

 Lembrar, então, de modo mais simples e nada profundo, que já houve, como vida, na existência de qualquer um a presença feminina. Indecifráveis. Elas..., mães, singulares mulheres de todos e todas...

Eu, aqui, recentemente recuperei uma histórica e importante presença delas que me povoa e alicerça. Reencontrei uma velha reportagem da revista Caros Amigos, de 2004. Nela, relembrei, afetuosamente, uma antiga companheira de lutas: Cecília Coimbra.

Ela, na época contava sua história pessoal e de seu ativismo político, revelando a ‘caixa-preta da Ditadura’, mas também a dura experiência de seus porões e seus torturadores, a serviço de um Estado terrorista e de exceção.

Passei um tempo a refletir sobre mulheres que, para além da Ditadura, persistem na direção oposta do retrocesso histórico. Estiveram como Cecílias, caminhando, sem marchar militarescamente, para se tornarem devir e, por isso, continuam questionando os “deveres” impostos à condição feminina.

Reencontrei-me, também, com meu tempo de ‘bendito o fruto’(embora não ‘abençoado’ e único) em um grupo majoritário de mulheres. Fui, na minha memória já falha, de volta ao criativo e pensante grupo de mulheres do Núcleo. Estas “psis”, psicólogas e psicanalistas, que desejavam uma Klínica para além das instituições oficiais.

Sim, um núcleo dissidente destas instituições, nos anos 80 para os 90. O Núcleo Psicanálise e Análise Institucional. Foi lá que pude me aproximar de alguns conceitos que me nutrem até os dias de hoje. Foi, então, com as minhas amigas de debates e de buscas instituintes, que tentei entender o significado do “devir-mulher”.

Esta possibilidade pequena, sensível e diferenciada, a partir da leitura de Deleuze e Nietzsche, e, suavemente, com Suely Rolnik e Felix Guattari, que nos obrigava muitas outras grandes e profundas leituras, muitos outros caminhos à moda de Heráclito. Nada era totalmente conhecido, nossos passos conjuntos criavam e inventavam novos passos, novos caminhos, novas veredas. Novas interrogações sem certezas.

O devir-mulher, assim como outros devires (devir-animal, devir-invisível, devir-molécula,...), é uma resultante de seres que estão em permanente e intenso fluxo. Constroem-se, a partir de alianças onde há uma suavidade e amizade, alianças afetivas que fazem sempre escapar das políticas de identidades.

Fazem também escapar do modelo de dever ser mulher ou homem. O dever de estar de acordo com o desejo de um Outro onipresente, aquilo que foi chamado de falocracia. Um modelo machista, que também pode atingir e contaminar o corpo feminino, quando este fica tão próximo do poder e da violência.

Os pensadores Brucker e Finkielkraut nos interrogam ao afirmar que: “... homens e mulheres, vocês acreditam estar falando, a nova linguagem da liberação, mas ainda há muitos obeliscos em seus fantasmas,..., vocês são objetivamente culpados da Cârencia (falta) que se acreditam subjetivamente isentos...”.

Os filósofos, mais que os psicanalistas, têm nos advertido da permanência do falocentrismo. A sua invisível presença, já o disse antes, se faz com as macropolíticas enrijecedoras e castradoras ao mesmo tempo. Não bastará termos ‘presidentas’ ou ‘senadoras’. Ainda mais quando se tornam ‘damas de ferro’ ou sósias da solidão do poder.

Revi, estes dias, o filme “Hannah Arendt”, de Margareth Von Trotta,  pude ver na história da filósofa e suas ideias o quanto é possível esse devir-mulher superar quaisquer dos deveres impostos ao feminino. Foi lendo seus textos sobre os riscos de nossos fascínios pelos modelos totalitários, que encontrei esta possibilidade. A sua leitura da violência é fundamental.

Ao lembrar-se da lúcida Cecília e das outras amigas ficou mais claro ainda que não poderemos silenciar a História dos Anos de Chumbo no Brasil. Como nos diz Arendt: “...Não há dúvida de que é possível criar condições sob as quais os homens são desumanizados – tais como os campos de concentração, a tortura, a fome -, mas isso não significa que eles se tornem semelhantes aos animais...”.

Não há raiva e revisionismo em quem foi torturado, como esta amiga, há é uma indignação quando “há razão para supor que as condições poderiam ser mudadas, mas não o são’’. E não serão as marchas retrógradas, com ou sem a Família, que trarão o regime e o pavor militar como solução final para o Brasil.

Lá, nos tempos nuclêicos, como gosto de lembrar estes encontros rizomáticos, aprendíamos que o devir-mulher, como parte de nossa luta libertária para não reproduzir os jogos de poder, nos poderia criar/inventar possíveis novas subjetividades ainda não capturadas pelas formas de existir do hipercapitalismo.

Essas amigas eram implicadas, de corpo e ‘alma’, com outras lutas, nos mais diversos espaços, da Universidade aos consultórios privados. Como Cecília Coimbra, com o Grupo Tortura Nunca Mais. Essas mulheres me mostraram, também, que não há e nem pode haver a dicotomia entre a nossa micropolítica e nossos desejos de trans-formação do mundo.

Fiquei e ficarei, portanto, com as suas marcas indeléveis, suas novas suavidades, suas poéticas lembranças e uma indestrutível amizade e cumplicidade, para além do Tempo.

Hoje, quando reflito ou assisto esse novo mundo dito líquido moderno, vejo e sinto a retomada de um corpo feminino que, do evangélico pastoral ao banal carnavalizado, ainda não rompeu com as correntes que podem aprisionar seus devires.

Por isso fui buscar as antigas companheiras, in memoriam também a que chamou afetuosamente de ‘capitão’ de nossa nau de insensatos corações, Maria Beatriz Sá Leitão, como alento e esperança para as mulheres a quem desejo um novo devir. Um novo mundo Outro, com os úteros como força transformadora de subjetividades capturadas e alienadas.

Somente as linhas de fuga, como diziam Guattari e Deleuze, podem romper os modelos binários e dicotômicos com o devir-mulher. Este devir não flui somente nas mulheres. Aliás, não deveria ser tomado como ‘privilégio’ ou ‘característica’ do feminino. A potência de criar vida está em todos os corpos. Sem a distinção sexista e binária de gênero masculino/feminino.

Em tempos de recrudescimento e de apologia da violência, tanto a social, com os justiciamentos e os racismos, assim como a do Estado, na criação de leis de ‘endurecimento’ contra manifestações populares, apelando para o autoritarismo e novas micro fascistações (os fascismos em nós), é a hora de apontar para novos devires.

Sós ou grupalizados, seres humanos afetados uns pelos outros podem, nas ruas, nas redes sociais, nos blocos ou em outros carnavais buscar como a Cecília, ao historicizar a relação entre a Psicologia e os Direitos Humanos, entender que “ é no nível das práticas cotidianas, micropolíticas, que podem estar alguns caminhos...”.  Segundo ela: “Aprendemos a caminhar neste mundo guiados por modelos. Estes nos dizem o que fazer e como fazer, ocultando sempre o ‘para quê fazer’...”.

Nessa homenagem a estas e todas as mulheres nos meus des-caminhos, como desejo de contaminar outras do desejo de novas cartografias, é que reafirmo Nietzche: - “Diz-se que a mulher é profunda- por quê? Se nela jamais chegamos ao fundo. A mulher não é nem sequer (ou se deseja) plana...”.

(A todas as outras ‘nuclêicas’: Cecília, Ana, Heliana, Tânia, Janne, Denise, Azoilda, Regina(s), Elaine, Leila, Maria Cristina, Isabel, Vera, Zelina, Kátia, Maria Lúcia, Ana Lúcia, Andréa, Cristina, Lília (terna parceira de ideias e textos, na dupla pós-68), e às outras que a Dona Memória não me permitiu recordar, envio, hoje, amanhã e no por vir meu mais doceabraçocomdevirmulhersempre...
E, como docelembrança, ficará para sempre Maria Beatriz Sá Leitão no coração do seu ‘capitão’ da Nau das Insensatas).

Copyright/left –jorgemarciopereiradeandrade 2014/2015 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação coma as massas)

Cecília Maria Bouças Coimbra - Psicóloga, professora adjunta da Uff (Universidade Federal Fluminense), Pós-doutora em Ciência Política pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Ex-Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, Ex-presidente da Comissão de Direitos humanos do Conselho Federal de Psicologia.

ALGUMAS LEITURAS CRÍTICAS INDICADAS –

Micropolítica. Cartografia do desejo: Felix Guattari & Suely Rolnik, Petrópolis, Ed. Vozes, 1989.

Clio-Psyché/Paradigmas: Historiografia, Psicologia, Subjetividades – Ana Maria Jacó-Vilela, Antônio Carlos Cerezzo, Heliana de Barros Conde Rodrigues, Rio de Janeiro, Ed. Relume Dumará, Faferj, 2003.

A Nova Desordem Amorosa – Pascal Bruckner e Alain Finkenkraut, São Paulo, SP, Ed. Braziliense, 1981.

Revista Caros Amigos, Ano VIII nº 92, Novembro de 2004 – “Abram os arquivos da Ditadura” – Entrevista explosiva: Cecília Coimbra, do Grupo Tortura Nunca Mais.
Sobre a Violência – Hannah Arendt, 3ª edição, Rio de Janeiro, RJ, Ed. Civilização Brasileira, 2011.

Crepúsculo dos Ídolos ou a Filosofia a Golpes de Martelo, F. Nietzsche, São Paulo, SP, Ed. Hemus, 1976.

PARA VER, ASSISTIR E REVER –

Hannah Arendt – Margarethe Von Trotta (atriz Barbara Sukova), Ano 2012: 

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10 comentários:

  1. Acho lindo que ainda existam mulheres lutando pela liberdade, seja ela de que ordem for.Mais ainda quando o dia de lembrarmos o respeito que é devido à quem gera, alimenta e orienta a raça humana de forma singular, cai logo depois da festa de Carnaval.Honestamente cansei de tanta bunda e peito de silicone.Uma coisa é liberdade de sair às ruas como bem entender e outra bem diferente é ser transformada em objeto de atração sexual. Eu, sinceramente, gostaria que as mulheres estivessem se transformando em algo mais artístico ou filosófico.Mas, enfim, há muito ainda a ser feito e que mulheres genuinamente devires continuem nos apontando um caminho.Que possamos nos mirar em seus exemplos!

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    1. Querida e sempre leitora afetuosa
      Como pedra preciosa você sabe que a singularidade de cada turmalina, esmeralda ou outras tem, a partir da lapidação do viver, diferentes belezas, ângulos, encantamentos ou para muitas apenas o que se chama de 'jaça', ou seja só aparecem os defeitos... No texto já lembrei que ainda temos e estamos nos tempos das IDADES MÍDIAS FALOCÊNTRICAS, inclusive nos campos de poder e ciência, sem falar dos modelos religiosos fundamentalistas, onde as 'burkas' ou as 'bundas' representam os modos de exploração ou submissão do corpo feminino.... Não desista de ver as outras mulheres que ainda desafiarão os moldes e os modelos da moda ou das prescrições moralistas ou sexistas... Elas, apesar de serem amaldiçoadas ou chamadas ainda de bruxas ou feiticeiras, conseguem romper tabus e preconceitos quando têm a possibilidade de conhecimento e re-conhecimento de seus devires e potências... Um doceabraçonopluralqueéseráofemininosempre...

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  2. Olá Jorge, bem interessante o texto, contudo permita uma rápida reflexão.... Veja como o inconsciente coletivo nos remete a reprodução de ideias que atendam as relações de produção e reprodução... Estamos vivenciando a desconstrução de muitos paradigmas, entre eles a questão de gênero - que sempre acompanha a perspectiva de acumulação - controle social, o sagrado, matricialidade e por aí vai ... A mulher hoje, em termos demográficos é maioria na população brasileira... O papel social do homem e da mulher passam por mudanças ... Ainda persistem a questão de gênero e orientação sexual... Novos arranjos familiares... etc etc A mulher aos poucos está se empoderando e assim, a forma como deve usar o seu corpo (nudez, aborto, etc...), portanto não cabe mais o pseudo-moralismo, puritanismo vitoriano... etc etc Atualmente lutamos pelo direito sobre nossos corpos, aliás um direito q deve ser entendidos para mulheres e homens.... Para chegarmos aqui - muitas mulheres protagonizaram grandes mudanças, em seu tempo e contexto histórico (incluir análise não linear). E já temos bases para fundamentar que mulher - não é um sujeito indecifrável.... E por fim, não posso deixar de comentar - que militância Não tem nada a ver com militarismo, essa reprodução de senso comum, infelizmente herança da era militar na América Latina, incluindo Brasil. Ser ativista significa lutar somente numa determinada causa e por tempo determinado, conforme objetivos são atingidos.... Por conta do senso comum veiculado principalmente na grande mídia, as pessoas temem se referir à militância - e mudaram para ativista que está sendo mais utilizado pela pseudo elite, ou zelite ou sei lá o que.... rs

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    1. Querida Regiane
      sempre acrescentando ideias e somando novos caminhos aos que já temos trilhado, e, realmente, há que não discriminar militantes de ativistas, muito embora, como diz o próprio nome do blog, preferi sempre o ATIVO, sem referência à ideia oposta: o passivo. O corpo feminino em libertação já vem sendo mostrado em outros espaços que não onde ele é apenas espetáculo, muitas mulheres já trilham outras veredas, caminham em outros feminismos, se orientam em outras esferas das sexualidades múltiplas, e, principalmente, como já disse, compreenderam que o '' todo útero é um mundo...''. E tornam-se ativas militantes do gozo pleno de seus corpos, suas mentes e suas sexualidades. O que não muda é a tentativa, como diz a Cecília, de esquecermos da pergunta fundamental: o para quê::?, o que os nossos Gregos, tão criticados pelo Nietsche, já diziam ser o fundamento da Technné, a arte do interrogar qual é a finalidade. Por isso, diante da re-militarização, inclusive do corpo feminino, é que não podemos voltar para Esparta, precisamos avançar e romper outros elos das correntes, visíveis e invisíveis, que enredam os corpos humanos, bloqueiam seus fluxos e negam seus devires... Obrigado e volte sempre com mais questões, para que muitas outras pessoas possam se sentir à vontade e livres para exercitar o que Hannah Arendt dizia ser o melhor ato do filosofar: Pensar e poder repensar o poder...inclusive o de questionar. Um outro doceabraçoparaalémdetodosostermosoupalavrassemprecompoesisealegria

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  3. Querido Dr. Jorge
    Nada pode neutralizar a nossa insatisfação quando nosso foco representa quaisquer possibilidades de assumir o papel cidadão/cidadã de implementar novos caminhos, fecundo e ávidos às mudanças!!! Uma grande violência feita contra à humanidade é essa coisas de nos coisificar, onde deixamos de assumir nosso "Eu' e nos transformamos em marionetes, ou coisificados pelo sistema, que nos massacra enquanto seres humanos, com nossos desejos de liberdade, quer as políticas, sociais e psicológicas. Não podemos nos sentar sobre os medos e as imposições e nos calarmos, as vezes apenas falar não muda o quadro social, então vamos às ruas e caminhamos de forma colegiada em prol de melhorias para o todo, o contingente clama, ainda que de forma tímida... Mas, só fazemos conquistas com lutas!!!! Belo texto e belas lembranças, grata pelas mulheres que relembrou em nosso devir-mulher!!!!

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  4. Querido Dr. Jorge
    Nada pode neutralizar a nossa insatisfação quando nosso foco representa quaisquer possibilidades de assumir o papel cidadão/cidadã de implementar novos caminhos, fecundo e ávidos às mudanças!!! Uma grande violência feita contra à humanidade é essa coisas de nos coisificar, onde deixamos de assumir nosso "Eu' e nos transformamos em marionetes, ou coisificados pelo sistema, que nos massacra enquanto seres humanos, com nossos desejos de liberdade, quer as políticas, sociais e psicológicas. Não podemos nos sentar sobre os medos e as imposições e nos calarmos, as vezes apenas falar não muda o quadro social, então vamos às ruas e caminhamos de forma colegiada em prol de melhorias para o todo, o contingente clama, ainda que de forma tímida... Mas, só fazemos conquistas com lutas!!!! Belo texto e belas lembranças, grata pelas mulheres que relembrou em nosso devir-mulher!!!!




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  5. Querida Albea
    A modernidade exige que hajam mulheres como você, que buscam como disse os 'novos caminhos', ainda que a fecundidade citada esta no feminino, em sua contínua busca ativa e plural de fazer e ser a diferença, a diferença que se interpõe na desconstrução da produções de subjetividades, com intensidade e afecto, com a paixão libertária, por exemplo de uma Emma Goldman ou uma poetisa como a Florbela, mesmo que seus meios e ferramentas no desejo de mudar o mundo pareçam também diferentes....obrigado mais uma vez pela sua rica contribuição e afetuosa participação nos meus textos... E que continuemos buscando o devir nietscheano que está na sua Vontade de Poder, ao nos dizer que: ...'Devir (a ser) entendido como algo que não tem estado final, não projeta uma identidade,,,', ou seja em tempos de banalizações e naturalizações torna-se para nós um formidável Grande Saúde, um antídoto para nossas re-existências, nossos outros devires,,,e nossa necessidade, por exemplo, de tomar novamente as ruas, não como massas mas sim como multidões...umdoceabraçointensomúltiploembuscadasre-existências

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  6. ESCAMBO...
    por Albea Regina.
    Aonde escambam os ideais?
    O que aconteceu?
    Por que aconteceu?
    Como aconteceu?
    Se parar para pensar o que mais marcou a gente?
    A ideologia ou a fantasia de que faríamos diferença?
    A possibilidade de mudar ou a noção de que seríamos atores completos?
    Eu, enquanto elemento poderoso, sendo gestor?
    Ou o respeito aos limites tão vivos na máquina pública?
    Fui sal ou minha ação não teve sabor algum?
    Morte anunciada...
    Vidas desarrumadas...
    Religiões desqualificadas...
    Visões alteradas...
    Enfrentamos os desafios dos tempos ou covardes ameaçamos?
    Como, de fato, fazer acontecer as mudanças?
    É preciso saldar as dívidas!
    Ser saliente e não salífero!
    Produzir o sal gostoso a todos os temperos...
    Com gosto de quero mais...
    Ser valioso enquanto fundamento, mas não esquecer a que veio!
    Assumir o saldo entre credores e devedores...
    Numa cidadania onde o crédito seja a esperança!
    E o débito não seja pago com pessoas, fé e agonia!
    Escambos são impropriedades à plena cidadania!

    Mesquita, 12 de março de 2012.
    Como citou uma poetisa espetacular como suposta paixão libertária, eu, acredito que a forma de ir de encontro às opressões pope ser sob várias maneiras,uma delas a poesia... Doceabraçoembuscadedenúnciaelibertações!!! Que poderíamos chamar de re-existências (sociais, psíquicas, políticas, pessoais, de gêneros...)

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  7. Isabel Guedes
    Lindo texto...

    Só somos o que somos hoje porque já teve muita luta e muita gente lutou por nós
    precisamos fazer a nossa parte...
    Bela

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