domingo, 20 de fevereiro de 2011

INCLUSÃO/EXCLUSÃO - duas faces da mesma moeda deficitária?


imagem publicada - foto colorida, onde um rapaz holandês cabisbaixo, sentado e de mãos entrecruzadas, olha para o nada. Ele é Brandon van Ingen, um jovem com deficiência intelectual, que vive como Prometeu acorrentado a uma parede, sem ver a luz do sol, desde 2007. Por recomendação médica, ele vive atracado, como uma Nau dos Insensatos, à parede de seu quarto em uma clínica psiquiátrica, na cidade de Ermelo, no centro da Holanda. (fotografia de Evangelische Omroep)

"Toda pessoa tem o direito a um recurso efetivo, perante os tribunais nacionais competentes, que o amparem contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição e pela lei." (Artigo 8º da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

Passei, mais uma vez, um dia refletindo sobre o processo de construção dos pré-conceitos que ainda cerceam e mutilam a dignidade da vida de pessoas com deficiência e dos que vivem com transtornos psíquicos cronificados. Joguei para o alto uma moeda, buscando um cara ou coroa jurídico-judicial. Tudo começou com uma mensagem por e-mail de uma amiga, que é professora, uma educadora que trabalha com a Educação Especial, lá no Sul do nosso Brasil. Ela vive defendendo autistas, paralisados cerebrais e outros ditos 'deficientes" por lá. Nessa mensagem urgente e emergente ela pede ajuda para defender a seu irmão.

Para que possamos refletir juntos, caros leitores e leitoras, vou criar uma brevíssima ''estória", tento proteger o personagem principal de mais uma história que recebi hoje. O nome do personagem será trocado pois sua condição de uma pessoa com deficiência intelectual, com diagnóstico de um transtorno mental, merece meu respeito, reverência e imperativo éticos. A sua identidade, neste texto, não é o principal, mas ainda poderá vir a ser revelada, assim espero. Reduzir a vida humana e suas singularidades/multiplicidades ao modelo Twitter me é impossível, mas como sempre devemos começar com o ''era uma vez".

Era uma vez.... uma mulher lá no interior do Paraná, ela iria ''dar a luz", e, "por estar sofrendo de eclampsia", no momento de seu parto ela recebeu uma força extra: "um enfermeiro subiu na sua barriga para que o meu irmão pudesse nascer", me conta a professora.

A mãe e o filho passaram, portanto, por uma situação muito frequente em nosso país: traumas antes, durante ou após o parto, chamados "tocotraumatismos", uma das principais causas de sofrimento fetal e de mortalidade materna. Estes são também causa de Paralisias Cerebrais. Ambos, mãe e filho, devem ter tido problemas de oxigenação, a mâe devido ao aumento de pressão arterial, e o bebê no trabalho de parto, com certeza, no mínimo, uma baixa oxigenação (hipóxia) de seu SNC (Sistema Nervoso Central).

O bebê que chamarei de JANO conseguiu vencer a morte. Segundo sua irmã, a professora Flor: "Dado como morto foi colocado numa mesa fria, minha avó Ana o pegou e levou para casa, ficou na beira do fogão à lenha durante dois dias e ele sobreviveu". Porém este mesmo Jano veio a se tornar um sujeito com deficiência intelectual, aquela que ainda muitos chamam de "mental". É quase certo que isso decorreu de seu sofrimento fetal e das condições precárias em que sua chegada ao mundo foi realizada.

Ele foi com certeza uma criança com dificuldade para andar e falar, o que sua irmã confirma e acrescenta: "O Jano, até um ano de idade, não se virava no berço. Minha mãe sempre o virava de um lado para outro, preocupada para que não ficasse com a cabeça defeituosa". As sequelas neurológicas de seu parto não foram precocemente diagnosticadas, ele vivia em uma pequena cidade, onde, certamente, não havia seguimento neuro pediátrico, com é indispensável para quem passou por tudo que ele sofreu.

A sua trajetória de enfrentamento dos obstáculos para o viver não cessaram no seu nascimento. Ele, Jano, hoje está enfrentando uma possível e tradicional solução final para os que vivem com uma deficiência intelectual. Ele está para ser ''internado em um manicômio", por determinação judicial expedida por um Juiz.

Mas, para que entendam a história de Jano é preciso dizer que ele é descrito como uma pessoa que segundo a irmã: -"Meu irmão não oferece risco à sociedade e trabalha das 22h às 5h da manhã, dorme durante o dia, ele passa roupa numa empresa situada num município do interior do Paraná. Ou seja, mantém-se ocupado e trabalha sem parar. É trabalhador! Ele é mais "lento" que os demais e foi contratado porque queria trabalhar até na hora do intervalo, para conseguir chegar perto do número de produção dos demais trabalhadores. Trabalhando neste horário, não tem tempo para beber bebida alcoólica  Não é caso de manicômio, se realmente ficar lá, daí sim sairá "louco"..."

Jano, o nome que lhe dei não é aleatório. Nomeá-lo assim apenas expressa a ambiguidade dos processos de "inclusão" institucional a que muitos são submetidos. Ao tempo que os protegemos (e a nós) também os condenamos a poderosas forma de exclusão. Ele é Janus, o deus mitológico de duas faces, uma que nos mostra o passado e outra que nos aponta o futuro.

 Uma que teríamos de considerar ao fazer um julgamento do crime ou delito que cometeu, que diz ser em nome de uma relação amorosa e sua traição . E outra, um devir, que aponta para a forma como o julgamos, psiquiátrica, psicológica e judicialmente. Nós, nas nossas normalidades e defesa da Sociedade só lhe apontamos, como os Juízes, uma saída ou solução: a internação em um hospital de custódia, o nome eufêmico de um Manicômio Judiciário nos velhos tempos da chamada periculosidade.

O jovem/velho Jano, nos seus 46 anos já vividos conseguiu algumas "inclusões". Ele foi alfabetizado, frequentou com dificuldades até antigo segundo grau, hoje ensino médio, casou, divorciou e tem um filho adolescente, e trabalha em uma lavanderia. Ele conseguiu o que muitas pessoas com deficiência ou com alguma forma de transtorno mental não conseguem. Eles vivem múltiplas barreiras e os infinitos preconceitos que os limitam. 

Ele vivenciou tudo o que pode ter complicado sua vida e seu mundo interno. Passou, devido a motivos históricos, sociais e subjetivos, teve diferentes trabalhos manuais, foi dispensado do serviço militar obrigatório, e, infelizmente, por uso abusivo de bebidas alcoólicas, por internação em Centro de Recuperação.

No campo das hospitalizações a história da Loucura esteve e está entremeada com o modelo e paradigma reabilitador das deficiências. Esta situação, lamentavelmente, é muito habitual, no campo da saúde mental, onde as situações de chamados ''retardamentos mentais" são acrescentados aos diagnósticos de muitas pessoas com transtornos mentais. 


E vice-versa. É aí onde se cruzam, novamente, a inclusão e a exclusão. Os sujeitos deixam de existir como cidadãos e passam a ser números da Classificação Internacional de Doenças e estados relacionados, a CID-10(OMS). É a passagem de Jano para F.70 ou F.78 ou F.79. O hospital psiquiátrico, a internação é o melhor para eles e para a Sociedade (?).

Já escrevi que há milhares de seres humanos, aproximadamente 4500 pessoas, que estão hoje internadas nos infernos dantescos de Manicômios Judiciários. A bioeticista Debora Diniz nos presenteou com um magnífico e premiado documentário: a Casa dos Mortos. Acerca dele escrevi o texto: Os Vivos e os Esquecidos na Casa dos Mortos.

Por isso digo que: caso Jano, por um crime passional, sem a possibilidade de outra forma de justiça, tornar-se mais um a ser encaminhado para um manicômio judiciário, como punição, teremos, então, o + um que faltava para completarmos o esquecimento desses sujeitos aprisionados. A sua institucionalização é única a solução?

Era uma vez + 1. Sim, mais uma vez repetimos a História: para incluirmos estaremos excluindo. Os que representam o ''mal'' e os ''desvios da ordem'', tal qual os que são considerados ''anormais'', ainda nos provocam para serem enclausurados. A história-estória não tem fim.

Porém se pudermos retirar o pré-conceito de periculosidade que ainda é aplicado, indiscriminadamente, a todos os transtornos mentais crônicos, as medidas de segurança que utilizaremos poderão, talvez um dia, vir a ser mais inclusivas, menos excludentes. Portanto, nessa nova visão, com embasamento em direitos humanos, tentar-se-ia aplicar a quem diagnosticado com ''doença mental" associada a "retardo mental'' uma outra forma de cuidado, ressocialização ou proteção.

Assim confirmou a irmã de Jano: "Quando foi ao manicômio para ser realizada a avaliação com a equipe forense, chorou muito e sentiu pânico ao ver a situação dos pacientes que lá estavam internados...".

Será que ele conseguirá, em um novo julgamento, demonstrar a um magistrado o quanto ainda precisamos modificar as práticas, penas e judicializações de quem tem uma diversidade funcional e cognitiva? Para isso seria ideal que os operadores do direito e da Justiça vivenciassem apenas um (01) dia na Casa dos Mortos.

Afinal temos, conforme recente matéria do Jornal O Globo (16/02/2011) um possível revival psiquiátrico fisicalista com o retorno das lobotomias e do uso da eletroconvulsoterapia. Dizem ser apenas para os casos considerados ''sem esperança'' de cura ou tratamento pelos medicamentos psicofarmacológicos... 

Porém, no espaço destinado aos ''loucos infratores", temos um campo onde a Bioética e os Direitos Humanos não se cansam de apontar para sua vulneração ativa e a transformação destes em ''cobaias humanas" para experimentação biotecnológica.

Quantas faces tem uma moeda? - sempre digo que esquecemos de seu "terceiro" lado, a face que une as duas faces de Jano. Nos milhares de Janos com deficiência intelectual qual é a sua verdadeira face? Vamos procurá-la antes de encontrar a solução mais fácil, institucional, naturalizada, e final: o encarceramento?

copyright jorgemarciopereiradeandrade 2011-2012 (favor citar o autor e as fontes em reproduções livres na Internet ou meios de comunicação de massa)

Leia também no Blog - Deficientes Intelectuais - Encarcerar é a Solução Final?http://infoativodefnet.blogspot.com/2011/01/deficientes-intelectuais-encarcerar-e.html

Indicação para Reflexão:
A Casa dos Mortos - documentário - Débora Diniz
http://www.acasadosmortos.org.br/#

Contribuições para o debate e para a leitura crítica sobre o tema:
A estratégia da periculosidade: psiquiatria e justiça penal em um hospital de custódia e tratamento http://priory.com/psych/perigo.htm

A doença mental no direito penal brasileiro: inimputabilidade, irresponsabilidade, periculosidade e medida de segurança-
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702002000200006&script=sci_arttext

A periculosidade social e a saúde mental -
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44461999000400006&script=sci_arttext

A lobotomia e o eletrochoque ganham novas aplicações no tratamento de doenças -
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/02/16/a-lobotomia-o-eletrochoque-ganham-novas-aplicacoes-no-tratamento-de-doencas-923812915.asp

Indicações bibliográficas:

Bioética
Claudio Cohen & Marco Segre (Orgs.) - Ed. Edusp - São Paulo, SP, 2002.

Direitos Humanos - normativa internacionalOscar Vieira Vilhena (Org.) - Ed. Max Limonad - São Paulo, SP, 2001.

El sufrimiento mental - El poder, la ley y los derechosEmiliano Galende & Alfredo Jorge Kraut - Ed. Lugar Editorial - Buenos Aires, Argentina, 2006.

Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica
Paulo Amarante (Org.) - ver Cidadania versus Periculosidade Social: a desinstitucionalização como desconstrução do saber, Denise Dias Barros, pág. 171.Ed. Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, 2008.

Vulnerabilidade e Vulneração: quando as pessoas com deficiência, passam a ser questão de Direitos Humanos?
Jorge Márcio Pereira de Andrade - in Revista Saúde e Direitos Humanos, Ano 6 Número 6,Ministério da Saúde/FIOCRUZ, Brasília, DF, 2010.

19 comentários:

  1. A história de Jano me chocou profundamente que nem consigo comentar, apenas partilhar esta história com meus contactos, e na partilha espero originar uma reflexão. Eu que tenho uma filha com Sindrome de Down e luto todos os dias para que o preconceito seja desmontado e uma oportunidade de igualdade seja dada. De repente fiquei ... sem conseguir comentar, mas vou partilhar até com entidades oficiais. Força, Fé e Amor para a sua luta que é a final a de todos nós pais de filhos com necessidades especiais. Bem Haja! Sandra Morato - POrtugal

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  2. Cara Sandra Morato
    um estímulo vindo de ultramar é um grande incentivo para todos os que são ativistas de Direitos Humanos de pessoas com deficiência. Sei de seu esforço e sua dedicação como mãe, mas sei também que é sensibilizando e conscientizando que podemos sonhar, mesmo que nos chamem de utópicos, com um Mundo sem Manicômios e sem Injustiças, um outro mundo possível a realizar, coletiva e individualmente. um doceabraço para Sara e sua Luz e você também jorge marcio campinas brasil

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  3. Olá Jorge Márcio,

    Bom seria se a história de "Jano" fosse rara.Sou presidente e fundadora da Associação Síndrome do Amor, sediada em Ribeirão Preto. Somos um grupo que informa, forma, capacita, acolhe famílias de crianças com síndromes genéticas severas. Doenças graves, algumas raras até sem tratamento ainda.
    Acabei de assistir à uma matéria sobre apreensão de animais silvestres, o trabalho de readequação deles para, quem sabe um dia, serem recebidos novamente pela vida livre. Tudo começou por uma denúncia de maus-tratos a uma égua. Isso me lembrou uma observação de uma das mães que acompanhamos que nos disse que hoje no mundo, os animais têm mais regalias enquanto seres vivos do que as crianças especiais.
    Nada contra. Tenho pavor a qualquer tipo de violência, abuso. Aprendi que devemos respeitar tudo o que é vivo, no entanto, tenho que admitir que ela tem razão. A postura da família é fundamental para que as autoridades deixem de ver nossos filhos especiais como pessoas perigosas, projetos que deram errado ou crianças simplesmente devem ser levadas para casa para morrer.
    O GreenPeace fez um grande trabalho em prol do meio ambiente que em essência foi conscientizar a população sobre um tesouro desconhecido como tal. Acho que devemos nos unir e fazer o mesmo em prol da unimamidade burra que acredita que igualdade é tratar diferentes como iguais e isso
    inclui todos nós.
    A questão da inclusão é muito delicada, devemos dar opções aos Pais que enxergam seus filhos também de maneiras muito diferentes. Vamos conversar mais! Parabéns pelo blog!

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  4. CARA MARÍLIA
    Primeiramente lhe parabenizo por seu trabalho com as crianças com síndromes genéticas raras. Eu já mantenho a anos uma atenção com o tema através da NORD - National Orgazation for Rare Disorders. Creio que há muito o que fazer para trazer a tona esta situação de pessoas com síndromes genéticas. Devemos continuar difundindo e visibilizando suas vidas, condições humanas e o devido respeito às suas diferenças. Quanto ao respeito à vida humana e animal lhe oriento para ler e pensar com a Declaraçao Universal de Bioética e Direitos Humanos, pois toda a vida sobre o planeta Terra está em profunda conexão, e necessita urgentemente de proteção. Continuemos lutando por uma inclusão não excludente e que respeite a diversidade humana... um abraço carinhoso e obrigado jorge marcio

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  5. Inclusão ' padrão' ? Formatar a inclusão seria como formatar o modeo de educar. cada um faz de uma forma, uns melhor, outros pior. Tentamos sempre. Por vezes erramos, mesmo tentando.

    Ontem vi uma cena de uma senhora cadeirante sendo levada escada acima até a porta do elevador. Inclinada como quem olha ao teto por causa dacedeira, ela levava as mãos em formato de oração e quem a auxiliava não tinha a menor sensibilidade...

    Por vezes erramos, mesmo tentando...

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  6. Cara Letícia
    obrigado por suas observações, em especial a presença da inacessibilidade que ainda cerca e cria barreiras para a real inclusão social de pessoas com deficiência... Realmente ainda temos muito a caminhar e como já escrevi "a inclusão escolar(por exemplo) ainda usa fraldas"...e como dizia Heráclito "o Caminho se faz ao caminhar", mas com obstáculos fica muito mais difícil. um abraço

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  7. Aproveitando a citação do Heráclito sobre a construção do caminho, proponho falar de caminhadas e aprender a caminhar.
    Para começar Jorge, acho que nem usando fraldas estamos. Na verdade estamos deixando o recém nascido sem fraldas em matéria de inclusão. Conheço, e você também, alguém que vive pelo Brasil a fora falando da Inclusão como uma excelência.
    Que sejamos a favor da inclusão é um fato incontestável.
    Mas temos que ser politicamente contra a prática feita durante a caminhada. Pois já é sabido que quem não está acostumado vai fazer feridas nos pés. Não vai chegar muito longe. Vai não gostar e não vai querer continuar, entre outros resultados. Caminhar sem prática, sem conhecimento, sem diretrizes, não é caminhar. O verbo é outro: é tropeçar!
    Quando se aprende a caminhar, temos alguém do nosso lado que ampara os tombos, limpa o caminho, reforça a iniciativa.
    Mais uma vez seu questionamento sobre o crivo, o juízo, o direito é muito esclarecedor. Tendo em vista a conhecida mente não ilibada de um juiz.
    Como terapeuta ocupacional, nós todos sabemos o benefício da prática da atividade. Retirar o Jano, do seu trabalho/terapia será um duplo engano.
    Seu post faz pensar o que poderá acontecer, se algum dia um de nós sofrer uma lesão cerebral e calhar de sermos atendidos pelos habituais e conhecidos sistemas? No final seremos que classificação?
    Com os meus botões penso que os “piores” loucos são os mais quietos e eles estão fora das grades e correntes. Estão convivendo conosco.

    Grande abraço Jorge,

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  8. Querida e velha amiga da Expansão e das Tecnologias Assistivas e muito mais ...
    OBRIGADO por sua delicada afirmação do quanto ainda temos de longa estrada e longa jornada, no mundo globalizado, para uma real luta contra as exclusões, as desfiliações, os grandes internamentos, as "classificações", e toda e qualquer forma de segregação ou preconceitos. A nossa luta ou combate precisa realmente de uma concepção da AMIZADE e da SOLIDARIEDADE ativas. Os discursos sobre a Inclusão não solucionam todas as questões que sua práxis exige... incluir dá muito trabalho e exige muitos investimentos, e,em especial, recursos humanos capacitados e reorientados para novos paradigmas. Eu que creio nas micropolíticas ainda estou esperançoso, embora possa ser chamado de sonhador, mas continuo semeando outros caminhos e outras veredas mais realistas... Continue com suas ajudas técnicas que também podem ser a mudança que muitos necessitam para serem incluídos em suas individualidades, especificidades e singularidades... meu abraço doce e saudoso

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  9. Gosto mto das suas Publicações.Sou deficiente visual,baixa visão,faço parte de um Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência,em meu município.E como Conselheira vejo depoimentos de mães que com o "Processo de Inclu...são",ou seja,a transferência dos seus filhos pra escolas regulares,estão sofrendo por conta das agressões sofridas pelos seus filhos cometidas por crianças ditas"normais"..esse termo é usado por elas!!!..Ao mesmo tempo em que a luta é por" Direitos Iguais" ,é questionado o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade!!!Muito Complicado!
    Abraço
    Ass:Katiúscia Borba

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  10. Carissima Katiuscia
    Ainda temos um longo trabalho de mudanças radicais de paradigmas no campo da Inclusão Escolar, que não passam somente pelo proceso de incluir crianças com deficiência no ensino regular, como disse apenas para não serem agredidas por crianças consideradas normais... Também precisamos incluir os pais dessas crianças e toda a Sociedade em um processo de desmonte de todos os pre-conceitos já arraigados em nossas mentes e corações sobre Normalidade/Anormalidade. Espero que os meus textos possam ser lidos por conselheiros de direitos mas também pelos pais desses alunos a que se refere... ajude a difundir estes questionamentos que tento provocar. um doceabraço

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  11. Na minha humilde compreensão penso que, a ideia de inclusão que ora devemos defender, não visa atender somente aos estudantes rotulados de deficientes, mas representa um avanço nas relações até hoje estabelecidas na escola regular. Significa avanço na medida em que todos os princípios que até então nortearam esta escola terão que ser revistos e superados, pois uma das grandes barreiras existente contra a inclusão, entendida aqui como possibilidade ampla e universal dos estudantes terem acesso, permanência e sucesso na escola é, principalmente, a pesada e ultrapassada estrutura organizacional escolar.

    Podemos dizer que os alunos com deficiência superam muitos obstáculos dentro das escolas, desde barreiras arquitetônicas à falta de paciência e/ou preparação de alguns profissionais do ensino. Neste momento, não sei dizer exatamente se a palavra correta é superação, mas, é incontestável que eles enfrentam os percalços que lhes são impostos diariamente — entre eles o preconceito e a discriminação — com os parcos recursos que possuem. E embora alguns demonstrem muita coragem e persistência e nos deem belas lições, é visível que em muitos lugares faltam-lhes o mínimo para se viver com dignidade e o básico é considerado “artigo de luxo”.

    Fico pensando: “como seria bom se cada um fizesse a sua parte...” A superação da pessoa deveria ser com relação apenas à deficiência e não ao transpor das dificuldades que lhes são impostas pela usurpação dos seus direitos como cidadão. Muitas vezes nos remetemos à força de vontade do sujeito para vencer...

    Vamos lutar contra essa realidade? Está em nossas mãos e se houver um pouco mais de interesse e esforço por parte de cada um — maiormente daqueles que detém o poder de mudança e dos envolvidos diretamente com a Educação —, nós não só podemos como devemos e com certeza haveremos de construir uma comunidade com crenças firmes; com direitos realmente iguais para todos, independentes de possuírem ou não deficiências visíveis — já que algumas deficiências não podem ser detectadas pelos olhos, mas de uma forma ou de outra e em maior ou menor grau, todos nós as possuímos. A Educação é a engrenagem principal que move uma sociedade desenvolvida e cabe aos Educadores mantê-la lubrificada, pois é nela que deve começar a ser cultivada a noção básica para a formação de cidadãos com senso de justiça. Devemos, então, fazer nossa parte e participarmos mais ativamente da caminhada dos nossos alunos, para que esses cresçam como pessoas de bem, desprovidas de preconceitos e livres de discriminações; para que se formem cidadãos cumpridores dos seus deveres, tendo como parâmetro os direitos para além da letra da Constituição. Vamos mudar essa realidade e darmos os primeiros passos para a construção de uma sociedade da qual poderemos nos orgulhar dos deveres cumpridos e nos regozijarmos com os belos resultados obtidos - direitos.

    Quanto à história de Jano, no momento, posso apenas dizer uma coisa: Quando a criança tem transtorno mental e não tem seu direito garantido com relação à sua saúde, podemos afirmar que a mesma é vítima da sociedade. Quando essa criança fica adulta e o transtorno mental se manifesta de forma "incontrolável" por terem lhe tirado o direito na fase infantil, daí a sociedade diz que é vítima dos "loucos"... É óbvio que é muito mais fácil encaminhar os rotulados de "loucos" para a "Casa dos Mortos". Assim se garante o sono tranquilo da sociedade -"SONO DOS JUSTOS" - Isso é HIPOCRISIA! ...

    Ana Floripes

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  12. Dr. Jorge Márcio, sou sua fã! Seus textos são de uma qualidade inquestionável. Em cada linha que lemos a sabedoria predomina. Continue firme! Um super abraço de agradecimento por ser quem és.

    Respeitosamente,

    Ana Floripes

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  13. Carissima Ana Flor ipes
    Obrigado pelo incentivo, e mais ainda pelo texto-comentário que reforça o papel da educação para a inclusão e alicerça meu desejo de uma busca por uma Sociedade que reconheça e elogie as diferenças... Desculpe se não respondi ao comentário antes, mas as minhas "aulas" com meu próprio corpo e meu aprendizado da dor ainda estão em curso, e, alguns dias, diminuo a intensidade de minhas implicações com a defesa intransigente dos Direitos Humanos...para cuidar de ficar VIVO e Intenso, como me desejou em sua mensagem. um abraço carinhoso e sempre doce

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  14. Estimado Dr. Jorge!

    "Nenhuma história humana é escrita sem a presença de mãos amigas que se estendam na mesma direção". (Desconheço autoria).

    Muito obrigada por ser exemplo de PESSOA HUMANIZADA, assim podemos visualizar exemplos, aos quais devemos seguir.

    Desejo-lhe muita saúde, e que a dor que sente transforme-se em aprendizado, com liçãoes parecidas com a do Amor, das Rosas e dos Espinhos.

    Abraço fraternal,

    Ana Floripes

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  15. QUERIDO SÓ NÃO ENTENDI UMA COISA,JANO COMETEU ALGUM CRIME PORQUE NA LEI QUANDO UM INIMPUTÁVEL COMETE UM CRIME ,PARA PROTERGÊ-LO DA SOCIEDADE PORQUE NA VERDADE NÓS É QUE PODEMOS FAZER MAL Á ELE,ASSIM ENTENDE A JUSTIÇA,PARA PROTEGER O RAPAZ E TBM NOS PROTEGER,ELE É PUNIDO COM UMA MEDIDA DE SEGURANÇA,SERÁ SUBMETIDO A EXAMES CLÍNICOS PQ PODERÁ SAIR DA M.S. QUANDO ESTIVER MELHOR...LEMBRANDO QUE UM INIMPUTÁVEL NUNCA PODE SER PRESO,MAS PRESTE ATENÇÃO PQ SE O JUIZ O CONSIDERAR PERIGOSO INFELIZMENTE SERÁ DETIDO,MUITO BONITO ISSO DE PRENDÊ-LO PARA O PROTEGER DA SOCIEDADE?MAS UMA COISA TE DIGO SEM MEDO DE ERRAR ESSES LUGARES DEIXAM AS PESSOAS MAIS DOENTES,DEUS PROTEJA O JANO...BJKAS

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  16. Cara Fernanda
    Obrigado por suas considerações, lembrando a existência de medidas de segurança, que supostamente são para a proteção do sujeito infrator. Lógico que Jano infringiu a lei, por isso a existência de um processo judicial. Porém o que estou indagando é a solução final, ou seja devemos sempre optar pelo Manicômio Judiciário? OU há outras formas de ressocialização e de aplicação da lei para as pessoas com deficiência intelectual que necessitam realmente de serem protegidas em seus Direitos Humanos? Continue seguindo o blog e terá novas informações e novos textos em defesa de pessoas com deficiência... um abraço doce e sem encarceramentos.

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  17. Olá! Prazer em conhecer. Meu nome é Jr. Benkenstein e tenho uma rede social com a temática rock.( www.confrariarock.com.br)
    Temos a preocupação de passar anexada ao rock mensagens positivas ao convívio social e saúde dos jovens.
    Você esta interessado em nos ajudar?
    Se sim passe o seu melhor meio de contato por favor para confrock@gmail.com

    Muito obrigado

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  18. CARO Jr Benkenstein
    obrigado por se tornar com sua Confraria do Rock mais um amigo difusor do InfoAtivo.DefNet. Precisamos de uma multiplicação de mensagens afirmativas sobre as pessoas com e sem deficiência no campo dos DIREITOS HUMANOS, que tal fazer uma leitura musical da Declaração Universal dos DH? ou da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que é hoje o modelo legal para se tratar com dignidade e respeito pessoas com deficiência, no Brasil e no Mundo? volte sempre e receba um doceemusicalabraço

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  19. Por favor estou precisando do artigo: Cidadania versus periculosidade social Denise Dias Barros. Quem poder me ajudar fico grato

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